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-Obrigação? –Jonny engasga. –Que filho da mãe!

Já estava tarde, e eu havia contado à Jonny o incidente do almoço, em nossa ligação. Jonny era o único amigo que eu tinha. Era ele quem me ouvia, ouvia todo o desabafo e frustração que eu sentia em morar com esses três. E ele ficava mais furioso ainda.

-Jonny! –O censuro.

-Sem essa de Jonny. Eu deveria estar censurando você! Elliot, você respondeu? -Ele pergunta.

Me mantenho calado por um longo tempo. Ele sabia a resposta. Jamais consegui responder ou dizer algo para Otto, ou Otávio, ou Otanael. Jamais me impus.

-Não. –Respondo baixinho, esperando que ele grite a qualquer momento. Afasto o celular para que ele não estoure meus tímpanos.

-ELLIOT, SEU IDIOTA! VOCÊ DEVIA TER LARGADO A MÃO NA CARA DELE! NÃO É SUA OBRIGAÇÃO, NEM AQUI NEM NA CHINA! VOCÊ NÃO É EMPREGADO DELES! NÃO TEM QUE ACEITAR ORDENS DESSES TRÊS PATETAS! VOCÊ DEVERIA DAR ORDENS! A CASA ERA DOS SEUS PAIS! -Jonny continua por mais uns segundos, esbravejando como louco.

Ele estava certo. Meus pais construíram aquela casa. Era a casa dos Cider! Minha casa! Mas já não era também.

-Chega, Jonny. Já passou de qualquer forma. Não vou brigar por isso. –Digo, tentando soar o indiferentemente possível.

-Você é um otário! –Ele diz, e sei que deve estar balançando a cabeça em negação. –Mas, enfim, eu estava pesquisando e vi que a Encantos Modernos já postou sobre o tal concurso. E... vai ter uma festa!

-Jura? Manda o link. Vou ver daqui a pouco. -Digo. Pelo menos algo para me animar.

-Já mandei. –Jonny fala rapidamente. –Olha, Elliot, por ser seu amigo, e seu irmão, eu peço que considere. Na verdade, eu ordeno que se inscreva. -Ele faz uma pequena pausa. -Quanto antes melhor. Antes que esses chimpanzés descubram e te façam perder essa oportunidade.

-Tá. –Digo.

-Elliot, estou falando sério! –Jonny resmunga.

-Eu também. –Respondo. Entendo a preocupação de Jonny. Meu amigo sempre acompanhou minha vida com os meninos, e sabe bem como era; todas as chances que eu deixei passar, os concursos que deixei de me inscrever para dar a oportunidade para eles... –Já está tarde. Preciso dormir.

-Tá legal. Boa noite! –Jonny murmura.

-Boa noite.

Desligo e me deito. Preciso me inscrever, não é? Não posso deixar essa oportunidade passar! É minha chance!

Assim que abro o Link e leio tudo que estava lá, meu coração deu piruetas e um sorriso, simples se formou nos meus lábios.

A chance que eu estava esperando. O sonho da minha vida: Cantar!

 O sonho da minha vida: Cantar!

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-Rápido. -Otto me apressa enquanto passo o café. –Tenho que ir, Elliot. Rápido com o café!

Me apresso em coar o café e levo para a mesa. Otávio e Otanael ainda estão na cama. 

A manhã não era melhor do que os outros horários do dia, pelo menos não nessa casa. Eu sempre acordava mais cedo, para fazer as coisas, como torradas, ovos mexidos e o café de Otto- que não vivia sem. 

Só que essa manhã eu havia acordado um pouco mais tarde que o de costume. Fiquei acordado até um pouco depois do horário, lendo e relendo tudo que o post do blog Encantos Modernos tinha a dizer. Aparentemente a N -a escritora do blog -era muito amiga da Érica, e de todos os famosos e afortunados de Dream Village. Ela sempre tinha as informações primeiro que todos! E as informações sempre verídicas!

-Não esqueça de acordar os meninos antes de sair. –Otto murmura, já bebendo o café.

Assinto. Ah, ainda tinha mais essa: eu era babá dos dois monstrinhos repugnantes. Precisava, não só fazer seu café, como acordá-los.

Subo as escadas e vou até o quarto de Otávio. Abro a porta e entro, abrindo as janelas.

-Acorda! –Digo.

-Vai á merda! –Ele se vira.

-Vai você! Já chamei. Não vou voltar! –Aviso.

Ele me olha com as olheiras que, daqui a pouco, ele colocaria corretivo. Realmente precisava. Apenas me manda sair e volta a se enrolar no edredom.

Saio e fecho a porta. Sigo até o quarto de Otanael. Entro e abro as cortinas:

-Acorda! –Digo.

-Que horas são? –Ele está com a cara coberta pelo travesseiro, que impede que veja a luz do sol.

-Seis e quarenta. –Respondo. –Não vou voltar!

-Eu sei! Agora sai!

Não espero segunda ordem, e saio. Vou até o quarto, pego minha mochila, a carteirinha para o transporte público e desço. Como eu suspeitava: Otto terminou o café e deixou a mesa como estava, com sua xícara suja, farelos e um pouco do café derramado. Suspiro.

Retiro sua xícara e a coloco na pia. Penso antes de ir e pego uma cadernetinha para deixar um recado:

 Penso antes de ir e pego uma cadernetinha para deixar um recado:

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Agora sim! 

Saio apressado rumo à parada de ônibus e por pouco ele não para pra mim. Subo e me sento. A cidade ainda está acordando, mas já se pode ver alguns alunos indo para suas respectivas escolas.

Retiro o celular da mochila e aproveito para poder ver o post do blog Encantos Modernos novamente. Eu já havia lindo tantas vezes na noite passada que facilmente poderia dizer palavra por do que estava escrito ali.

 Eu já havia lindo tantas vezes na noite passada que facilmente poderia dizer palavra por do que estava escrito ali

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Cinder Elliot (Cinderela EM1)Onde histórias criam vida. Descubra agora