-Cara! -Jonny chega, muito agitado. -Deu ruim! Babou!
A principio fico confuso, o encarando atônito, mas parece que a ideia me atinge de imediato. Deu ruim!
-QUÊ? -Retruco, alto e alarmado.
-Afonso mandou uma mensagem. Estou te procurando há um tempão! Cadê seu celular? -Ele indica.
-O que houve? -Pergunto, antes de pegar o aparelho, já desbloqueando-o.
-Otto. Ele está saindo da empresa. -Jonny diz, com as palavras atropeladas pela agitação.
-Mas... -Olho o relógio. -É quase meia-noite.
-Exatamente. -Ele me empurra. -Cinderela só pode ficar até meia-noite.
Ele não perdia uma! Sempre iria fazer piadinhas, mas era verdade: só podia ficar até meia-noite. Otto estaria em casa em alguns minutos, e eu não.
-Mas... -Tento opinar, mas Jonny está decidido a me levar, puxando-me pelos pulsos, me guiando por entre os alunos que estavam dançando agitados no meio do salão.
Olho pro palco, onde os holofotes começam a focar em um ponto no centro. Alexia toma o centro do palmo, e está com o microfone na mão, pedindo silêncio e ganhando a atenção dos alunos.
-Espera. -Peço, à Jonny, puxando-o para que diminuísse um pouco. -Vão anunciar o nome dos dez.
-Sim, e se você for vão entrar em contato comigo. Vamos! -Jonny estava irredutível. Sim, ele sabia o que aconteceria comigo que não estivesse em casa quando Otto chegasse.
Mesmo assim, eu queria ficar. Só mais um pouco.
-Espera. -Travo. -Por favor, precisamos ver. -E já não era um pedido. Era quase uma súplica. Encaro Jonny por trás da máscara, e posso ver em seus olhos que ele estava em dúvida, que sabia o quanto aquilo era importante para mim.
Jonny, a princípio reluta, e eu sabia que ele tinha razão em relutar e me arrancar dali à força. Ele revira os olhos e bufa, à contragosto concordando.
-Tá. Mas só os nomes, e depois sair correndo. -Ele avisa, indicando um dedo.
-Como você quiser! -Digo, faço o sinal do x com os dedos e os beijando por detrás da máscara.
Nos viramos e prestamos atenção, porque agora Alexia parecia ter toda a atenção necessária para o anúncio.
-Oi, galeraaa! Estão se divertindo? -Alexia pergunta, animada.
-SIIIIM! -Os alunos respondem em uníssono.
-OK. OK. Mas para deixar a festa mais empolgante, é chegada a hora de anunciar os dez nomes que irão concorrer a um dueto com Érica Charming. -Aplausos, gritos e assovios explodem ao mesmo tempo e eu me encolho um pouco. -Bem, ninguém melhor que a própria para anunciar os dez nomes. Por favor, recebam Érica!
Mais gritos e então meu coração para.
Era ela. A Cleoxena. Agora só Xena, porque havia se livrado da máscara de Cleópatra, que - descobri- era de Alexia. A pessoa que conversou comigo. Como não pude notar? Eu conhecia aqueles olhos castanhos tão bem. Aqueles olhos brilhantes... Foi com Érica que falei!
-Oi Galeraaaa! -Ela ergue a mão, e mais gritos e aplausos irrompem. -Não vamos prolongar isso. Sei que estão todos ansiosos, então tragam o baú!
Dois alunos, vestidos de piratas, trazem o baú. Estava lotado de fichas preenchidas de alunos. Eles depositam o baú ao lado que Érica, que agradece e se aproxima.
-Preparados? -Ela pergunta com um sorriso nos lábios.
-SIIIM! -Eles respondem.
-Lá vai... -Ela mete a mão no baú, fazendo algumas fichas caírem, mas quando sua mão sai, traz uma ficha. -E o primeiro nome é... Guilherme Silva, do segundo ano dois...
Aplausos continuam. Meu coração parece querer se esmagar dentro do peito. A apreensão toma conta de mim, e talvez Jonny estivesse certo: eu deveria ter saído antes. Aquele nervosismo e ansiedade estavam me matando!
Érica continua a dizer os nomes e, os alunos presentes, que foram sorteados, sobem ao palco. Fico nervoso, e Jonny mais ainda!
-... E o sexto nome é... Otávio Bitencourt, do segundo ano quatro. -Quase caio para trás. A boca de Jonny basicamente despenca.
Jonny fica mais nervoso depois disso, olhando atento e nem sei se ele ainda estava respirando!
Vejo seu pomo de Adão subindo e descendo, em nervosismo.
-Se não sair meu nome pelo menos tentamos. -Toco seu ombro.
-É, mas precisa sair! -Ele diz, mais pra si do que para mim.
-... O nono felizardo é... Pietro Gonçalves, do terceiro ano quatro e... por último... tcham-tcham-tcham-tchaaaaam...
Prendo a respiração. Não podia ser meu nome ali. Não mesmo. Mas ainda assim, a expectativa me atinge e a ansiedade me domina. Meu sangue congela nas minhas veias. Meus olhos ficam energizados e focam apenas naquela mão que afunda no baú atrás da última ficha.
-... Que estranho... -Ela arqueia uma sobrancelha, em dúvida. Analisa o papel e então as duas mais ela encara de novo, em surpresa. -Cinderell. -Ela diz baixinho, procurando na multidão, seus olhares ávidos atrás de alguém. -Cinderell! Por favor, galera, se alguém viu ou conhece...
-Isso é palhaçada? -Otávio pergunta ao lado dela, um pouco mais rude do que planejava.
-Não. -Ela retruca, bastante ofendida e penso em dar um soco na cara dele.
Fecho os punhos com força, já preparando.
-Porra! -Jonny exclama, me pegando de surpresa. -Você saiu! Saiu!
A ficha cai na hora. Meu nome saiu. Por milagre ou ironia do destino, saiu. E eu fui escolhido. Com um nome que não era meu, mas que mesmo assim era eu! Eu!
-Fala baixo. -Digo, olhando as pessoas ao redor notando a animação cômica e energizada de Jonny, que pulava com tremenda alegria, como se fosse o próprio escolhido. -Precisamos ir. -Pego a mão de Jonny, afastando-nos de olhares curiosos e seguindo para a saída.
-Bom, já que foi dados os nomes, vamos ter que continuar o evento. Entraremos em contato com o... Cinderell. -Alexia pega o microfone e expulsa os garotos, dando um aceno para a amiga se recompor.
Érica ainda procurava com os olhos no meio da multidão, já com a guitarra em mãos que alguém lhe entregou e creio que ela nem percebeu.
-Ahn... -Ela começa, pegando o microfone, ainda desajeitada. -Olha, eu realmente preciso ver esse garoto. -Meu sem jeito ela chama: -CindereloV.
Estava saindo, quando a ouvi e, por infelicidade, virei para olha-la. E nossos olhares se cruzaram na multidão.
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Cinder Elliot (Cinderela EM1)
FantasyElliot Cider, vamos dizer, não era lá a pessoa mais sortuda do mundo. Perdeu o pai novo, o que fez com que sua mãe se casasse, escolhendo um homem rude e pai de dois garotos esnobes. Quando a mãe de Elliot morreu, seu padrasto mostrou ser um homem...