Jonny havia escondido o sapato, e só me entregava agora, na porta da Casa da Nota. Ele desliga o carro e encara o local.
-O amor da sua vida está lá dentro. -Ele fala.
-Para com isso. Ela não é...
-O amor da sua vida? -Ele pergunta e gargalha. -Sou seu melhor amigo. Mentir pra mim não vai adiantar. Agora vamos. Estamos atrasados. E esconde esse tênis.
Escondo o tênis no casaco e começamos a caminhar até a Casa da Nota. O lugar era cheio de luzes coloridas, notas musicais em neon e notas musicais espelhadas. Era bem musical. Havia um palco alto no final do espaço, onde o DJ já mandava um som preenchendo todo o ambiente, pondo mais encanto no lugar. Dois telões foram colocados de cada lado do palco, onde mostrava dentro do camarim da Érica e ela dispensando todos os garotos que passavam.
Ela parecia esperançosa, sempre que um novo entrava, mas a decepção era clara quando ela olhava os sapatos que eles carregavam.
A fila continuava a crescer. Todos os garotos tinham um sapato na mão. Eram dos mais variados aspectos.
-Importei. Da China. -Um cara se gabou.
-O meu foi de Milão. -Outro diz.
-O meu é ex-clu-si-vo. Veio de Dubai. Tem ouro, seus babacas. -Mais um chega à disputa.
Antes de que eles começassem a brigar e chamassem a atenção, causando tumulto, outra pessoa chama a atenção. Pessoas, no caso.
Otanael, Otávio e Otto passam por todos, carregando um sapato que eu jamais havia visto na vida. Era lilás com bolinhas brancas.
-Que raio de sapato era aquele? -Pergunto, me virando pra Jonny.
-Papai havia perdido um lado. Eu usava pro meu cachorro morder, mas dar pra ele pareceu mais divertido. -Meu amigo dá de ombros e se volta para os três que pareciam confiantes com um ar superior ao carregar o sapato.
-Droga, eles vieram. -Digo. -Precisamos ir.
-Mas é quase nossa vez. -Jonny cruza os braços.
-Não. Ele vai nos matar. -Volto a dizer, alarmado.
-Elliot, não. -Jonny bate o pé.
-Por favor. -Peço. Suplico. Imploro. Quase choro. -Vamos embora.
Jonny ergue uma sobrancelha querendo retrucar mais uma vez, mas ele vê claramente o assombro nos meus olhos.
-Tá, mas antes, vamos ver o que vai acontecer... -Ele então se vira para os telões. -Não saio daqui até dar umas boas gargalhadas.
Sem ter o que opinar, me viro para também encarar os telões. Parece que foi custoso, mas os três entram no camarim, ainda com os seguranças reclamando. Fiquei atento ao telão, quase vidrado. Otávio e Otanael logo apareceram nas duas telas, Otto foi a frente dos dois.
-Érica, querida, venho trazer aqui uma super-notícia. -Meu padrasto a cumprimenta, como se fossem íntimos.
-Jura? Qual? -Ela parece surpresa, tentando olhar para os gêmeos assombração que os seguiam de perto, sempre atrás.
-Encontrei, o sapato que tanto queria. -Meu padrasto fala e parece que estava realmente contando o resultado de uma Copa do Mundo
Érica basicamente salta de alegria, uma garota que estava com um caderno em mãos e câmera e máscara encara toda a situação desconfiada. Noto que era a própria N, escritora do Blog. Ela era tão misteriosa, certamente não mostraria seu rosto assim.
-Ah, meu Deus. Que maravilha. Onde está? -É Érica que fala, procurando atrás dele, atrás dos meninos, em qualquer lugar.
-Ali. -Ele aponta para Otanael. -Venha, traga o sapato para ela, meu filho. De brinde ainda trouxe seu garoto misterioso.
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Cinder Elliot (Cinderela EM1)
FantasyElliot Cider, vamos dizer, não era lá a pessoa mais sortuda do mundo. Perdeu o pai novo, o que fez com que sua mãe se casasse, escolhendo um homem rude e pai de dois garotos esnobes. Quando a mãe de Elliot morreu, seu padrasto mostrou ser um homem...