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Ainda não havíamos conseguido dormir

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Ainda não havíamos conseguido dormir. Jonny pediu pizza, assim que chegamos, deveria ser três da madrugada. Afonso, foi o único a se deitar, mas duvido que ele tenha pregado os olhos. Otanael curtia conosco a pizza, e fazia esforço para não parecer abalado, mas ele também subiu para seu quarto.

Apenas eu e Jonny, na sala da minha casa, comendo e nos desligando do mundo. Quando olhei o relógio e vi que já passava das três, soltei o controle do videogame.

-Ok. –Digo. –Deu por hoje. acho que vou dormir...

-Dormir? –Ele retruca. –Acha que vai conseguir?

-Não. Mas vou tentar. –Dou de ombros.

-Antes, precisamos conversar. Sério. –Ele franze as sobrancelhas.

-Tudo bem. –Concordo. –Sobre o quê exatamente.

-O concurso. –Ele diz, sem rodeios. –Você não está nem um pouco curioso para saber o que aconteceu nessa semana? Se você ainda está na competição?

-Na verdade eu sei que o Cinderell está. –Revelo, graças às mensagens automáticas que recebia do blog Encantos Modernos. –Agora só queria saber quem foi o cara que roubou meu lugar e se passou por mim.

-Eu! –Ele responde.

Arregalo os olhos, surpreso e chocado demais.

-Você... Como? Por quê? –Pergunto. Será que está compreensível o suficiente?

-Tem lido a Encantos Modernos, ultimamente?-Ele pergunta.

-Quebraram meu celular, então, não, eu não sei muito. Só sei que ainda estava na competição. Bom, que o Cinderell estava. –Explico.

-Então use o meu e se atualize. -Ele pega o celular do bolso e me entrega.

Pego o celular que já estava aberto na página online da Encantos Modernos. A N parecia ter feito cobertura completa do concurso, acompanhando Érica de perto. Leio todas as postagens recentes, incluindo a que ela postou bem cedo, que era sobre mim -Elliot Cider. Várias matérias sobre o Cinderell também.

-Ela está falando de você. –Devolvo o celular. –Do Cinderell.

-Não. Ela está falando de você. Do Cinder Elliot. -Ele diz em resposta.

-Elliot Cider! -Fecho a cara ao responder.

-Que seja. -Jonny dá de ombros. -Eu não me passei por você, aquele realmente era você. Não reconheceu sua música? Sua voz?

-Eu nem ouvi. –Digo.

-Eu te gravei. -Ele começa. -Ok, soou estranho, mas você não lembra? Não mesmo? Que estávamos planejando criar seu canal de Cover no YouTube? Eu tinha começado a gravar, mas nunca editei ou postei. Você ainda postou uns vídeos bem caseiros e eu disse que faria um melhor pra você, só que eu acabei guardando aquelas filmagens. Na primeira fase, se não fizesse iriam te eliminar. Então eu precisei gravar em um CD e dar pra Alexia, que mostrou tudo pra Érica. Obviamente eu precisei editar para colocar algo que tapasse seu rosto, o que não deixou a Érica muito contente. Ela ficou chateada com você, achou que estava brincando com ela, mas Alexia tentou convence-la do contrário. Não sei se deu certo, mas, né, tentamos! –Ele sorri. –E depois eu continuei a mandar suas músicas, seus vídeos para poder continuar competido, e, não precisa agradecer, mas eu criei sua imagem perfeita. Você, meu amigo, já é um astro!

A medida que a informação vai chegando ao meu processador neural, consigo encaixar tudo. É claro. Só podia ser ele. Ele me ajudou, como sempre! Então...

-Isso significa que eu... –Tento juntar as palavras para formar a frase.

-Você ainda está no concurso. –Ele completa e falta dar piruetas. –Só que, bom, vão anunciar hoje à noite, lá no Benaia Araújo, o vencedor. E, com o Otávio detido e você sumido, o garoto que sobrou já ganhou!

-Mas... Mas eu ainda tenho chance.-Consigo dizer. -Eu tenho chance de ir e... –Penso e, pela primeira vez, a ideia faz sentido. –Me revelar para todo mundo. Cantar em um palco. Realizar meu sonho.

-E nós estamos esperando o quê? –Ele motiva. –Vou lá em casa pegar sua fantasia e o sapato.

Jonny nem hesita em se levantar e pegar a chave do carro, já saindo.

Jonny realmente era um amigo. O mais fiel. Talvez mais que isso, ele era meu irmão. Não de sangue, mas com certeza de coração. Ele era a pessoa que eu sempre me apoiava, e que eu apoiava de volta. Era o amigo que qualquer pessoa gostaria de ter para envelhecer. Sempre nos metendo em confusão e sempre sofrendo castigo juntos, com um sorriso. Ele era a minha pessoa!

-Jonny. Espera. –O chamo. 

Ele para e espera, como peço. Começo a caminhar até ele, sem certeza do que dizer, mas preciso.

-Olha, eu nunca te agradeci por tudo o que você...

-Ah. Para com isso. –Ele tenta fugir.

-Não. É sério. –Eu digo firme. Nervoso, mas preciso dizer. –Eu nunca te agradeci, da maneira que você merece, por tudo o que já fez por mim. Ironicamente, você salvou a minha vida mais do que eu a sua. Você sempre me apoiou, desde muito, muito tempo. Eu não sei o que faria se não tivesse você, meu Elfo Padrinho. –Digo. –Acho que todos merecem um "Jonny, Elfo Padrinho" na sua vida. Eu te agradeço por não desistir de mim, mesmo quando eu desisti. -Tenho que engolir o nó preso na garganta. -Obrigado, irmão.

E então o abraço.

-Ah, para. –Ele enxuga a lágrima. –A viadagem tá muito cedo.

-Me abraça! –Peço, e ele o faz. Logo nos afastamos. –Vamos terminar isso.

Ele ainda secava o canto dos olhos.

-Certo. –Ele funga. –Vamos atrás do seu "Felizes Para Sempre".

Rindo, agora com os narizes escorrendo, seguimos para seu carro e fomos até sua casa, para pegar o outro lado do sapato.

Cinder Elliot (Cinderela EM1)Onde histórias criam vida. Descubra agora