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Domingo de tarde ...

E eu?   estava jogada na cama.

Talvez outras pessoas estivessem fazendo o mesmo.. Mas acho que pelo fato de estarem cansadas, ou então estarem com preguiça de mais para levantar.

Mas o meu motivo não era esse, estava bem longe de ser...

Me enterei em um buraco, o buraco das desiludidas... Um buraco sem fim.

Só conseguia me rever naquela cena, milhares e milhares de vezes, como se fosse um disco travado.
Não limpei meu quarto, não comi absolutamente nada, e nem se quer.. tomei um banho.

Tranquei a porta . Mamãe já havia entrado umas mil vezes, tentando me convencer de comer. Não queria que entrasse mil e uma  ...  Então, estava trancada.

Pra que raios Thomaz fez isso? - essa era a pergunta. Essa era a questão que não saia da minha mente.

Será que nunca ouviu falar em sentimentos? Ou em coração?
Será que é o tipo de garoto,que só se interessa pelo exterior?

Essas e várias outras perguntas rodeavam minha cabeça... Esfreguei os olhos pesados e cansados, tentando desembaçar minha vista.

Jamais havia me apaixonado. Quero dizer, me apaixonado pra valer.... Guns e os demais garotos,foram ''paixonite''...

Mas Thomaz, Thomaz foi diferente. Não gostava da sensação do beijo dele, ou de como ele me tocava,fazendo minha pele arrepiar... mais eu pensava além disso. Meus interesses nele não eram na sua beleza, no seu toque...não apenas nisso, mais em coisas que só fui enxergar em meus dezessete anos em um garoto. Nunca vi um menino dessa maneira.

Havia me apaixonado pela sua presença, pela sua amizade ... Então, a pouco tempo, quando começo ver ele com outros olhos, ele me decepciona.

Não dormi a noite inteira. Só fiquei afogada em lágrimas, por isso meus olhos ardiam e imploravam por um descanso. Mas eu não conseguia ... Estava tão atordoada com aquela história, tão magoada... Thomaz havia roubado meu coração e não queria devolver.

Abraço o travesseiro que ele havia dormido quando dormiu aqui, e consigo sentir o seu cheiro. Não deixei minha mãe lava-lo.

Aah.. seu cheiro. Como eu gostava de seu cheiro. Era tão natural, tão bom, era aquele cheiro que voce espera o dia para senti-lo, algo que faz voce chorar de angustia por perde-lo. E como me fazia chorar, como me doía.

Daria tudo para não ter o conhecido. Daria tudo para não ter me apaixonado sorrateiramente....

Igual diz a frase daquele filme...

" Me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e derrepente, de uma hora para outra. "



[...]


- Já disse que sou inteligente o bastante, para não precisar ir ao colégio, mãe!

Mamãe solta um suspiro, consigo ver em seus olhos que já esta prestes a me jogar pela janela..mais paciencia é algo que nunca faltou na minha mãe.

- Eponine Brunch, está agindo feito uma criança de seis anos.

- não me importaria de voltar a ter seis anos.. - bufo me cobrindo novamente.

- ótimo... Mas agora se importe em ter dezessete e levante. - ela me descobre.

Não haveria tentativa que fizesse mamãe me deixar em paz. Ela já estava ali meia hora.

Me levanto meio que arrastada pela minha própria sombra, jogando todo o edredom no chão .

- Por Deus Eponine! - minha mãe grita ao ver as instantes todas empoeiradas.

Dou de ombros.

- olha isso! Parece um  quarto de garoto!!!! - ela tira alguns lenços, de papel sujo de ranho do meio do edredom.

- que nojinho. - fingi repulsa.

- que nojinho? Que nojo digo eu!

Reviro os olhos e me levanto. Mamãe continua gritando a cada vez que se depara com uma parte nojenta do meu quarto, ignoro suas frases como " você não tem higiene" ou " não foi assim que te ensinei"

Deixo minha mãe fazendo ''mãezisses'' e vou me arrastando ao banheiro.


[...]


Me enrolei o máximo possível para não precisar ir ao colégio. Comi quatro tigelas de cereal,duas canecas de café e mais tres fatias de pão... a minha típica desculpa ''não terminei de comer''.

Adiantou eu me entupir de comida? não.  

 Lá estava eu , meia hora atrasada no maldito colégio!
Poderia estar em Las Vegas... Ou no Caribe, quem sabe no México...

Poderia estar na India!!! mais menos no mesmo ambiente que Thomaz.

Tentei fazer absolutamente de tudo para não ver a carinha adorável de Thomaz na minha frente, mas falhei.

Cheguei na sala sorrateiramente enquanto o professor estava focado em alguns produtos químicos. Uma cena meio cliche...

Fui direto ao meu lugar e me sentei na cadeira como se tudo estivesse bem.

- motivo do atraso. - a voz do professor ecoa fazendo a sala silenciar.

Por um segundo a turma inteira para o maldito trabalho e me encara. Parece uma sincronia.

Por Deus pessoal!!!!  Vamos parar de cuidar da vida alheia?

- desculpe... Meu despertador.. não tocou. - minto.

Olho ao redor e me deparo com Thomaz em outro lugar, ou seja, fora do seu. Ele me encarava com um sorriso de lado, sabendo nitidamente que eu acabará de mentir.

O professor levanta os olhos em minha direção e balança a cabeça. Depois abaixa de volta, prestando atenção em um liquido borbulhante.

Ignoro  e abaixo minha cabeça...Que se dane esse colégio.



[...]


- ele não sabe o que é sentimentos... Hanna! Ele não sabe!!!

Hanna passa as mãos pelas minhas bochechas, enxugando as lágrimas que corriam soltas.

- Calma querida... Calma.. - sua voz soa pacífica.

Continuo chorando só de lembrar em como fui idiota.

- Eu.. eu realmente achei... - gaguejo com dor na voz. - achei que ele sentia... Algo por mim.

Hanna espreme os lábios e assenti.

- sou tão idiota! Tão idiota! - dou alguns socos no ar.

Meu momento desabafo foi tudo o que precisava... Estava tão cheia, parecia uma esponja cheia de água suja absorvida.

Mas a compreensão de Hanna e o seu abraço, me fez espremer toda aquela água e derramar de uma vez.. 

- vem aqui... - ela me puxa para si.

Abraço ela com força afogando meu rosto em seus cabelos loiros e chorando ainda mais .

Hanna não se importa em minhas lágrimas terem manchado seu uniforme, apenas me segura.

- está tudo bem Epô... Você tem à mim.

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⏰ Última atualização: Mar 30, 2017 ⏰

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Onde está Thomaz. - EM REVISÃO -Onde histórias criam vida. Descubra agora