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- Atrasada.


Me viro tentando manter a maior calma do mundo perante a diretora.

- Não sou uma aluna, para me dizer se estou atrasada.

Ela ajeita o óculos e sorri.

- Sejamos adultas Eponine... não é só porque seu marido morreu...

- Ele não morreu. - interrompo-a

Respira fundo antes de voltar a falar.

- Ok... não é só porque seu marido ''sumiu'', que voce pode.... - faz uma pausa.- que voce pode tratar o seu trabalho com desleixo.

Pego minha bolsa que esta em cima de sua mesa e sai.

 Quem essa vaca de óculos, pensa que é pra falar dessa maneira? eu estava no auge da minha existencia, e ela vem me dar lição de moral sobre meu trabalho. Eu nem ia vir hoje depois do episódio no chuveiro.

Acendo um cigarro. Fazia anos que não fumava.

Fiz uma promessa pra mim mesma que não fumaria novamente, mais do que valia cuidar da minha saúde sem ele por perto?

- Senhorita Eponine, não pode fumar aqui... - uma aluna alerta.

- Senhora Eponine.... e sim, eu posso.

Passo reto pela garota e vou até minha sala.

Apago a bituca de cigarro e vou checar toda a papelada em cima da mesa. Horários e mais horários.... era isso que se baseava. Podia ser uma carta de amor.. ou um ''sinto muito, por sua dor''. Mais não. Apenas trabalho a se fazer.

Alguém bate na porta.

- Entre.

- Com licença. - uma das coordenadoras coloca a cabeça pra dentro. - aqui tem mais alguns horários para hoje... - ela estende a mão cheia de papeis.

Coloco a mão na cintura, sem saber fazer com tudo aquilo.

- Pode entrar... Deixe aqui em cima por favor. - aponto para a mesa.

Ela entra e coloca os papeis aonde pedi. Antes de sair ela respira fundo, como se tivesse sentindo um cheiro especifico.

- Isso é cigarro? - olha séria para mim. - sabe que é proibido fumar aqui dentro?

- Sabe que é proibido cuidar da minha vida... aqui dentro?

Ela volta até minha mesa e pega a bituca.

- Terei que informar a diretora.

Dou de ombros e volto a arrumar meus papéis.

- Faça esse favor pra mim.

Ela saí, sem antes bater a porta com muita força.

Vou correndo e abro a porta de novo.

- Também vou informar a diretora, sobre bater a porta das pessoas... - grito. - Vadia. - fechei a porta rapidamente.



Onde está Thomaz. - EM REVISÃO -Onde histórias criam vida. Descubra agora