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Parte 2

Na Estrada

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Sombras de Inverno

  E lá estavam os dois, Liz e Afonso, exaustos de tanto andar. Enjoados de ver árvores e mais árvores.

  – Precisamos comer – a menina proferiu colocando as mãos nos joelhos e encurvando as costas.

  – O que tem em sua mochila? – O arqueiro indagou dando uma pausa na caminhada.

  Para dizer a verdade, o que Liz carregava nas costas não era bem uma mochila e sim uma bolsa de couro com duas alças, onde carregavam seis maçãs, oito pães e um cantil de água.

  – Tenho algumas frutas! – A Elementure retirou a mochila das costas e apoiou-a nas pernas.

  – Me dê uma, estou com muita fome! – Falou sentando-se em uma pedra redonda.

  Elizabeth retirou da mochila uma maçã e jogou para Afonso, que agarrou a mesma dando logo uma mordida. Ambos comeram uma fruta cada e beberam um pouco de água. Descansaram por dez minutos e retomaram a caminhada.

  – Ouço barulho de água! – Liz exclamou saltitante. – Vem, vamos ver! – Correu entre alguns arbustos e deu de cara com um enorme rio, com cerca de dois quilômetros de largura.

  – É o Rio de Cárcara! – Afonso sibilou ao chegar perto da menina, que erguia-se no alto de um pequeno monte, onde podia-se ver o outro lado do rio.

  – Como atravessaremos? – Liz indagou.

  – Não sei, não sei... – O arqueiro coçou a cabeça e pareceu pensar.

  O céu radiava com um sol quentíssimo. Tudo era azul como os olhos de Liz. Um ar puro adentrava as narinas de ambos, um cheiro de água doce e fria, com um toque de magia ao mesmo tempo. Não tinham ideia de como passar sob o rio. Nadar não seria uma boa opção, já que a profundidade passara de três metros e a largura do rio de dois quilômetros. Remar também não era uma das melhores ideias, teriam que cortar árvores e não tinham facões e nem cordas ou pregos.

  – E se... – Afonso quase gritou. – E se usássemos seus dons... Você é uma Elementure, dominadora dos elementos, pode muito bem passar-nos para o outro lado!

  – Está maluco? Não faço ideia de como usar meus poderes, não sei do que são capazes! – A menina ficou séria.

  – Temos que tentar, além do mais, como acha que vencerá a Dama de Ogash? – Insistiu.

  Elizabeth colocou as mãos na cintura, arqueou as sobrancelhas, fitou o arqueiro e por fim, disse:

  – Está bem! Posso tentar – falou ainda um pouco confusa. – Mas como faço?

  – Lembra da última vez, no palácio? Pois então, seus poderes manifestaram-se com a ira... Caso não conseguir por vontade própria, tentamos com o outro método – proferiu sarcástico.

  – Quer dizer que vai me irritar? – A menina sorriu.

  – Bom... – Sorriu. – Ah, tente, erga os braços e tente mexer um pouco de água, ou terra, ou ar. Como preferir!

  Afonso afastou-se um pouco, de modo que Liz ficasse de costas para ele e para a floresta. Fitou o extenso rio, contemplou as montanhas do outro lado, ergueu as mãos deixando-as bem abertas, apertou os olhos e pensou. Pensou em águas dançantes, em águas flutuantes, pensou em voar e em fazer uma ponte de terra. Refletiu sobre como passar para o outro lado, e encontrou em sua mente uma ideia absurda. Mordeu os lábios apreensiva, decidiu abrir os olhos ao sentir alguma coisa. Continuou a pensar, quis que uma onda encontrasse-os no monte e levasse-os surfando em cima da mesma para o outro lado. Esperou que algum barulho se manifestasse e a única coisa que ouviu foi: "Ploft".

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