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De Volta ao Bosque, Porém Gelado

  E lá estavam Liz, Afonso e a nova amiga Ara. Prontos para fugir daquele inferno e talvez entrarem num pior ainda. Vestiram-se com roupas velhas e antigas, que nem sabiam de quem eram, em suas cabeças era inevitável pensar: "Três pessoas já moraram aqui, mas onde devem estar agora?". Como também era forçoso ponderar sobre o frio que enfrentariam lá fora.

  – Ara – Afonso chamou –, talvez você saiba onde está o livro de Sophia, pode nos ajudar?

 Até aí, ninguém deixara claro para onde a fada iria, Liz contara para ela onde deveria ir, entretanto, antes precisaria apanhar o livro, no qual explicaria tudo o que fosse necessário. E principalmente sobre o Diamante Negro.

  – Mas é claro que vou ajudar, além do mais, preciso encontrar minha família... Se é que ela está viva... Mas vou ajudar sim, porém não digo que sei onde está o livro, mas tenho uma noção... – Retorquiu a fada numa singela e serena narração.

  – Uma noção, é tudo o que precisamos! – Elizabeth troou animada.

  – O mapa, está com você Liz? – Afonso indagou. Esquecera completamente do mapa, sem ele, estariam todos perdidos.

  – Ah sim... A feiticeira não pegou... Está aqui – a Elementure tirou do cinto, que acompanhara o vestido, um papel todo enrolado.

  O que acabara de desenrolar era o mapa que Águila fizera com magia.

– Nós estamos aqui – a Elementure disse apontando para uma parte do rio no mapa. – Precisamos ir para o Castelo de Mou – deslizou o dedo até o desenho maquiavélico. – Esse é o nome do castelo de Cona? – Indagou.

  – Sim – Ara afirmou. ­– Mou era o pai de Cona, ele cuidou dela por anos e anos, porém as fadas que ele mantinha presa, a quais davam a Fruta da Vida para o mesmo, fugiram todas, não restou nem uma. Foi por isso que Mou morreu, já era muito velho, ficou dias sem comer a fruta, seu corpo enrugou, a pele ficou seca. Isso diziam as fadas donde eu morava, quando eu ainda era pequena, com uns 10 anos eu acho...

  – Nossa... – Afonso não sabia da história. Já ouvira muitas vezes seus amigos animais dizerem sobre tal castelo, porém nunca parou para pensar o porquê de ser chamado Castelo de Mou. – Então é nesse castelo que acharemos o livro?

  – Creio que sim – Ara discorreu sem muita certeza. – Mas no Pico dos Lobos, onde você viu pela primeira vez, lá tenho certeza que não está mais – a fada ouvira também a história do arqueiro.

  – Bom – Liz sorriu –, o que estamos esperando para quebrar esse telhado maldito e sumir desse chalé infernal?

  Todos sorriram animados, o coração parecia querer sair pela boca. Mesmo tendo dificuldades, passando fome e sabendo que o pior nem chegara perto, ainda sentiam um espírito de aventura saltitando dentro de si e não viam a hora de alegrarem-se com o selamento do portal, salvando por fim, Clarissa e o resto do mundo.

  – Antes, vamos pegar algumas frutas no meu quarto e beber água...

  E lá foram aos pulos apanhar frutas e água. Tiverem a ideia de pegar a mochila de Liz na base ensopada de neve lá fora, assim podendo guardar o necessário. Com dois golpes fortes, Afonso quebrou o telhado de madeira fina, dando de cara com um breu frio e tenebroso. O mesmo correu até a base, vendo um pouco mais que um palmo a sua frente, e não demorou muito achar o que procurava. Depois de cavar mais de meio metro na neve, apanhou a mochila de couro e subiu correndo para o sótão, pisando primeiro na janela de vidro e depois na calha de metal barato, seguindo, então, o telhado vertical até chegar na abertura que fizera.

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