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Ara, a Fada

  O que menos esperavam aconteceu, nem passara pela cabeça de Afonso e Liz que encontrariam uma fada escondida no chalé de Cona. O que mais queriam, na realidade, era encontrar o livro de Sophia, o qual torciam para estar escondido através dos túneis e portinholas transpassadas, porém, encontraram uma coisa diferente. A linda fadinha Ara, com feições delicadas e dóceis, e talvez uma das últimas de sua espécie, já que era raro encontrar seres como ela. Entretanto, os dois humanos não viam a hora de ouvir a história da pequenina, que até ali permanecia imóvel, com muito medo.

  – O que faz aqui? – Elizabeth indagou, tentava mostrar-se o mais gentil possível.

  – A-a-a feiticeira... E-e-ela me tranco-o-o-ou aqui-i-i... – A voz doce de Ara sibilou à gaguejar entre os móveis de madeira.

  – Ela te mantém presa? – Afonso sussurrou.

  Sem saber o motivo, os três falavam tão baixo que pareciam estar escondendo-se de feras perigosas, e que a qualquer momento podiam ser atacados por dentes enormes e afiados.

  – S-i-i-im... – A fada respondeu de ombros retraídos.

  – E você não gosta de ser mantida presa, estou certa?

  Ara respondeu à Elementure assentindo com a cabeça, parecia estar mais segura, porém seus olhos ainda brilhavam de medo. Um momento de silêncio assentou-se no pequeno quarto, Liz refletiu no que falar e Afonso no que fazer.

  – O que vocês do-o-ois fazem aqui? – A garotinha indagou deixando o medo de lado.

  – Cona também nos prendeu! – Liz proferiu passando as mãos nos cabelos, em certos momentos tomava um susto ao ver seu cabelo branco.

  Na realidade, o que Afonso e Liz fizera fora muito precipitado, talvez a fada fosse uma adoradora da Dama de Ogash como a feiticeira, podia tê-los prendido de volta, inibindo alguma tentativa de fuga. Ambos não deviam ter contado que estavam presos ali, mas algo na garotinha os dava a sensação de serenidade, sensatez e segurança. Entretanto, Ara não era uma adoradora, muito menos uma menina malvada, era apenas uma moçinha, de asas lindas e aparência meiga, na qual temia a presença de estranhos e não via a hora de voltar para a casa.

  – Ara, conte-nos, por que está presa nesse inferno? – Afonso indagou.

  – Não vão me machucar, não é? – A fada retorquiu numa graciosidade indescritível.

  – Jamais! – O arqueiro e Liz responderam em uníssono, quase ao mesmo tempo.

  – Parecem estar com fome... Tem algumas frutas naquele prato – Ara apontou para uma mesinha coberta por uma toalha branca claríssima e uma bandeja de madeira cheia de maças e pêssegos – e tem água naquele barril – dirigiu seu outro dedinho para o objeto cheio até as bordas de uma água cristalina, que até ali Afonso e Elizabeth nem haviam notado.

  – Muito obrigado, estamos com muita fome... – Ambos pularam como feras para cima das frutas, que aliás, estavam tão suculentas como morangos orgânicos.

  Fartaram-se com mais de cinco frutas cada um, deixaram apenas três na bandeja. Saciaram-se com a água fresca e maravilhosa, o qual nenhum suco seria melhor naquele momento. Por fim estavam satisfeitos, pareciam ter ganhado vida, nada mais os abalaria, pensavam. Ara soltava risinhos doces enquanto os via comendo, achava graça de tanta alforria e dos barulhinhos de suas bocas ao mastigarem as poupas.

  – Pode contar-nos agora? – Elizabeth sorriu ao terminar de enxugar a boca.

  – Sim, é claro... Se importam de sentarem no chão? Minha cama é muito pequena e não tenho cadeiras – a fada parecia ser tão amável que até o ser mais rabugento do mundo a acharia uma garotinha amena.

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