Capítulo II - Cupidos

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Não sou uma pessoa que lê muito bem a atmosfera da coisa, mas sabia que um silencio entre três pessoas na sala de estar bebendo refrigerante e comendo biscoito — até porque eu não sei cozinhar absolutamente nada — enquanto me observavam sentadas em um sofá marrom, era um tanto incomodo.

Aquelas pessoas simplesmente desenvolveram um afeto sobre mim que nem eu sabia como isso era possível, até pelo motivo de que quase todos na escola tendem a me evitar assim que me veem, afinal, o delinquente da escola não tinha o motivo de receber esse tipo de atenção, porém, esses dois simplesmente, forçaram o muro.

Confesso que estou com um pé atrás com esses dois que primeiro; me seguiram até minha casa, e segundo; não falaram absolutamente nada a mais de meia hora.

— Então... Se vieram aqui só para observar minha beleza, poderiam tirar uma foto e grudar na parede de vocês, é bem mais eficien-- — Minha frase foi cortada por um Alexy impulsivo.

— Cassy, abra o jogo com a gente vai — Ele cruzou as pernas. — Você não consegue esconder nada, se conforme e diga para a gente, somos seus amigos — Como se eu fosse!

— Eu não tenho nada para falar com vocês — Isso, seja indiferente, talvez eles vão embora.

— Não vamos te forçar a nada, mas sabe, somos seus amigos... Mas acho que você não enxerga a gente da mesma forma que enxergamos você, você guarda as coisas para si mesmo e nunca conta pra ninguém e acaba carregando isso sozinho — Lolla estava certa, por mais que eu não concordasse com ninguém, ela estava certa, ninguém me via chorando quando meus pais iam embora, ou quando me machucava e tinha que cuidar dos ferimentos sozinho, como sempre, pois eu sempre fui um imã reverso, afastava as pessoas. — Nós já vamos embora, se cuide.

Ela colocou a bebida na mesa e mesmo não olhando para Alexy sabia que me observava por um momento antes de sair junto com Lolla. Passei as mãos pela minha nuca e quando ouvi a maçaneta girar.

— Vocês dois, voltem aqui — Ok, essa é a cena onde o Castiel "se abre".

Eles pararam de andar e se voltaram para o lugar onde estavam se assentando novamente, agora, o sorriso do garoto ressaltava a cabeleira azul e a morena com suas duas tranças castanhas infantis também eram ressaltadas por um sorriso vibrante enquanto eu os notava ainda cabisbaixo olhando os reflexos pela mesinha de centro de vidro.

— Vou trazer mais refrigerante — Levantei e adentrei a cozinha que ficava algumas portas depois da sala de estar e da escada que ia para o segundo andar e me peguei pensando no que isso iria se tornar mais para frente. Peguei os refrigerantes na geladeira e percebi que só comprava porcaria para comer. — Tenho que ter uma alimentação saudável... Talvez... Ou não — Falei para o nada voltando para sala.

Quando cheguei eles me observavam atentamente, seus olhos seguiam minha pessoa até chegar novamente ao sofá. Coloquei as bebidas na mesa e peguei uma almofada, assim, posicionei as pernas em cima do sofá entrelaçando-as.

— O que vocês querem ouvir? — Dei inicio a conversa.

— Tudo! Principalmente sobre... — Eles se entreolharam. — Nathaniel — Não era surpresa, toda vez que ouvia esse nome eu queria esquecer de tudo, não posso fazer nada contra esse sentimento? É tão impossível lidar assim? Parecia que eu era fraco demais e isso me irritava.

— Vocês querem saber se estou apaixonado por ele? — Eles confirmaram fazendo um gesto com a cabeça. — Eu... — Ah, esse suspense. Eles se aproximaram da mesa inclinando seus corpos como se estivessem prestes a ouvir uma coisa incrível. — Não estou nem ai pra ele — As costas dos dois pesaram e bateram pesadamente no sofá.

— Sério? — Perguntou Lolla desiludida.

— Serissimo! — Respondi.

— Ok, então não tem problema aquela menina loira no portão ser namorada dele — Ele me olhou de canto de olho, esperando alguma reação.

— Mas, então, quem é a menina loira? — Perguntei tomando um gole do refrigerante e percebi um riso abafado de Alexy.

— Quem? Emily? Bem, ela é uma das meninas mais inteligentes da escola rival, e ao que parece está com as garras no nosso representante, mas gente, vocês acreditam que ela pediu meu telefone? — Uau, ela não perde tempo. — E então, Castiel, você tem plano de ataque? Nath é quase dela agora.

— Ninguém mexe no que me pertence — Proferi sério, e depois de alguns segundos pensando eu percebi que eu sou um completo idiota. Esses dois sabem como fazer uma pessoa falar. — Mas que... droga! Eu não sei o que fazer, estou completamente perdido! Eu odeio aquele cara, mas porque aquele oxigenado me faz tão idiota, me sinto ridículo quando ele me manda fazer algo e fico irritado quando ele fica preso naquele grêmio com aquela garota, Melody, eu me sinto tão... Ah! Foda-se, vocês já ouviram o que queriam, não me façam me sentir mais irritado e medíocre do que me sinto agora.

— Você gosta dele, vai, aceite isso querido — Alexy, cada vez mais direto. Sua espontaneidade as vezes me deixa sem palavras, do mesmo modo que sem paciência também.

— Não é mediocridade da sua parte, até acho fofinho, você finalmente se abriu pra gente, meros mortais — A garota levantou-se — Mas, Castiel, como vai lidar com isso de agora em diante? — Cruzou os braços fitando-me séria.

— Como venho fazendo isso todos os dias, ignorando — Era meio óbvio.

— Decidido então, vamos ajudar você, meu garotinho — "Garotinho"? E essa intimidade roubada?

— Mas eu não pedi ajuda.

— Mas seu coração implora que sim — Disse Alexy se levantando ao lado de Lolla que sorria abertamente, como se fossem dois cupidos alternando para o diabo. Eu tinha meus contras sobre as atitudes inesperadas dos dois em minha frente, mas não sentia como se fossem coisas tão ruins assim, era mais como um sentimento de amizade, um pouco ainda em seu começo.

"De: Emily

Para: Nathaniel

Olá queridinho, está tudo bem? Espero que não se esqueça do nosso acordo, se não algo não vai ficar muito bem pro seu lado, não quero me entendiar fácil, até amanhã! Beijos."

— Droga...

Dias de Verão em Tempos de Inverno (Amor Doce) REDIGITAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora