Capítulo X - Frio

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Naquela noite o sentimento curioso e os batimentos cardíacos aceleravam a cada vez que me aproximava de minha casa, queria saber o motivo que ele estaria parado em frente a minha casa no frio por algo que ainda não sabia. Fora o que me fez entrar em um turbilhão de pensamentos sobre a causa.

Passava pelas esquinas e ruas em passos ligeiros ainda com receio, pensando que a cada som que ouvia a minhas costas àquela hora da noite da qual quase estava em sua metade, algo podia simplesmente acontecer.

Cheguei apressado a minha casa para não deixá-lo em a meio a neve que ainda caia lenta, mas em uma quantidade significativa naquele inverno intenso. Observei a figura loira da qual os pequenos flocos de neve enfeitavam seu cabelo, o casaco azul marinho com um cachecol quadriculado alternando para azul, cinza e branco que por acaso, o deixavam mais atraente enquanto ele segurava sua mochila preta. Parei de admirá-lo, o que fora uma reação instintiva após ver suas botas e joelhos revestidos por uma calça jeans escura fazendo um leve movimento de corrida para esquentar seu corpo, assim como tentara aquecer suas mãos as colocando no bolso do casaco.

Seu nariz estava avermelhado e logo em seguida um espirro me fizera voltar à realidade aproximando-me.

— Yo! — O cumprimentei sem jeito e pela sua reação surpresa soube que estava distraído o bastante para não me ouvir chegando.

— Ah! Olá — Respondeu envergonhado levantando o olhar para meu rosto. Ficamos em meio a um silêncio estranho esperando algum de nós decidirmos, então, dizer algo.

— Então... — Dissemos em uníssono, e por algum motivo nos deixou mais constrangidos do que já estávamos.

— Primeiro as damas — Falei sarcástico, e vi pelo rosto avermelhado do representante que estava com raiva.

— Fale você! — Tentou retrucar.

— Bem, quem está em frente a minha casa às duas horas da manhã, por um motivo que ainda não sei, é você, senhor representante — Aproximei-me do seu rosto com um sorriso de lado. O mais baixo respirou fundo antes de se pronunciar.

— Eu... — Ele hesitou por um momento, seus olhos se perderam dos meus olhando para algo aleatório — Eu fiquei preocupado de algo acontecer novamente com você — Engoliu seco e seu rosto corou de uma forma fantástica — Então eu me convidei a dormir hoje em sua casa — Seus olhos se fecharam forte, talvez estivesse esperando que eu o mandasse embora. Fiquei surpreso, principalmente em ele ficar sozinho com um cara como eu, com esse meu jeito.

— Seus pais vão ficar preocupados — Nem ao menos um minuto meus olhos se desviaram da cabeleira loira cabisbaixa, a fumaça quente de sua respiração saía pela brecha entre sua boca e o cachecol.

— Eu fuji — Meus olhos se arregalaram e senti que fazia agora, parte de uma fuga.

— Vamos falar sobre isso lá dentro, não quero que morra de frio, apenas eu posso matá-lo — Peguei as chaves enquanto sentia seu olhar sobre meus ombros. Abri o pequeno portão da frente da casa, mas não entramos sem antes eu avisá-lo. — Talvez Dragon não te reconheça por causa do tempo que não te viu — Assim que atravessamos uma pequena passarela de pedra em meio ao pequeno jardim, subimos um degrau e paramos em frente à porta de madeira escura, logo destranquei a entrada assim que a abri acendi as luzes e Dragon viera correndo, abaixei-me para abraçá-lo, porém pra minha surpresa ele havia me ignorado e passado por mim, então me virei e me deparei com a cena de meu cão lambendo o rosto de Nathaniel que estava sorrindo acariciando o animal — Fui traído — Disse perplexo.

— Parece que ele se lembra de mim — Sorriu debochando da minha cena de braços abertos para o nada.

— Só feche a porta, vou pegar algo quente para beber, fique a vontade — Emburrei meu rosto e retirei os sapatos e os coloquei na sapateira ao lado da entrada, logo em seguida peguei dois pares de chinelos e coloquei um deles na cor branca em frente ao loiro que ainda acariciava o cachorro.

Dias de Verão em Tempos de Inverno (Amor Doce) REDIGITAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora