Capítulo VIII - Inspiração

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Eu o conheci nas férias de verão, minha estação favorita, parecíamos tão diferentes, vidas supostamente distintas uma da outra, mas não era bem assim, tínhamos mais coisas em comum do que qualquer outra pessoa que havia visto.

Minha personalidade era um tanto ofensiva para os adultos, eu pensava em mudar, mas, parecia que ninguém entendia o que eu necessitava , aquilo que eu realmente precisava mais que tudo nesse mundo, e fora o que aquele garoto estranho, bem, um pouco mais estranho que eu, havia me dado de bom grado.

— Nathaniel, devolva a minha boneca! — Minha irmã implorava com lagrimas prestes a escorrer de seus olhos. — Por favor!

Eu não estava tão a fim de devolver assim, então, fiz algo que a fez desabar em choro, confesso que senti uma leve pontada em meu coração, havia tirado a cabeça da boneca e jogado em frente à menina que chorava incessantemente. Foi quando senti algo esbarrar em meu ombro me desequilibrando um pouco.

Eu observei aquela figura de cabelos negros a minha frente, parecia de minha mesma idade, porem, era no mínimo um pouco mais alto que eu, e estava indo em direção a minha irmã. Dei um passo para frente pronto para correr até ele se a machucasse, mas o que vi fora diferente, ele havia pegado a boneca suja na areia do parque e a concertou devolvendo-a a Amber.

Ele levantou-se, então, veio em minha direção, então pude o reconhecer, ele estudava na mesma escola que nós dois, porém nunca se misturou muito. Eu não esperava aquele gesto, quando dei por mim, meu rosto queimava, eu não tinha nenhuma reação quanto aquele tapa repentino, enquanto a loira que observava tudo com um sorriso no rosto atrás das costas daquele menino o rosto feminino se enchia de orgulho.

— Não faça com as pessoas o que não quer que façam contigo — Sim, essa foi a única frase que ouvi enquanto os olhos ferozes desconhecidos focava diretamente nos meus.

Perplexo, continuava a olhar para frente, mesmo ele tendo passado por mim novamente em um ato rude de esbarrar em meu ombro novamente. Ninguém havia se atrevido a levantar a mão para mim, era um castigo do qual eu sempre conseguia fugir.

Amber, minha irmã, então, ficara convencida de que o menino viria sempre socorre-la se eu por acaso tentasse algo agressivo contra ela, tendo sempre como argumento a atitude do garoto de cabelos negros.

Após aquilo, a situação em minha casa ficara cada vez mais sensível, principalmente quando meu pai finalmente perdera a paciência com minha rebeldia. Minha mãe dês de então não se pronunciava e a cada vermelhidão que aparecia em meu braço minha irmã sorria como se fosse sua "justiça". O tempo fora obrigatoriamente preenchido por horários de estudos, e minha vida se tornara escola e casa.

Eu não aguentava mais aquilo tudo, confesso que errei com minha irmã, mas estava cansado, exausto. Em uma tarde quando meu pai se trancara no escritório e minha mãe e irmã saíram da grande casa onde morávamos decidi de uma vez sair de lá. Corri como alguém que tivera sucesso em sair de uma prisão de segurança máxima e deparei-me com o mesmo parque que antes havia o conhecido.

Sentei-me em um dos balanços do lugar e em questão de minutos, observei minhas mãos cheias de calos, a areia do parque e o vento que balançavam as folhas da arvores do local e me desabei a chorar, sempre chorei sozinho, sem ninguém ver ou suspeitar, mesmo quando meus olhos ficavam inchados e vermelhos, as vezes penso que apenas ignoravam esse fato, até pelo motivo de quem se importa?

Meus olhos que se enchiam de lágrimas embaçavam minha visão, mas percebi que havia mais alguém que havia acabado chegar parando logo a minha frente.

— Ei, porque está chorando? — Imediatamente reconheci sua voz, não teria como não se lembrar de quem havia me desferido um tapa. — Seu jeito não combina com isso. — Sentou-se ao meu lado e logo ouvi o som do brinquedo a balançar.

Dias de Verão em Tempos de Inverno (Amor Doce) REDIGITAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora