Capítulo IV - Complemento

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Não se pode fazer sem pensar nas conseqüências a seguir, mas não foi exatamente o que eu fiz. Essa mania de impulsividade era uma característica minha, além de não ser novidade para ninguém.

Bati na porta interrompendo a conversa e entrei colocando os livros no espaço livre da mesa entre os dois.

— Professor Faraize me obrigou a entregar esses livros pra você — O observei por um rápido momento e sai da sala. Mas parecia que meus pensamentos ainda ficaram naquele lugar, até mesmo quando passei dos portões de Sweet Amoris, até chegar a minha casa.

Estava inquieto, andava para um lado e para o outro enquanto Dragon me seguia até sentir meu celular vibrar no bolso do meu jeans escuro. Parei repentinamente e meu cão se chocou com minha perna.

— Dragon... Você está bem garoto? — Me abaixei para acariciá-lo e seu sorriso bobo mostrava que estava mais que bem, afinal, já tinha comido sua ração, quem fica triste depois de comer?

Desbloqueei meu celular e vi um nome que pensei que havia excluído de lá, me surpreendi e por um momento hesitei em abrir a mensagem, mas continuei começando a ler.

"De: Nathaniel
Castiel, eu sei que esta tarde, mas é o único horário que consegui sair, você pode vir ao parque? Não vai demorar muito, prometo."

Não queria ficar frente a frente com ele, esperei alguns longos minutos e minha consciência pesava. Será? Pensei, talvez ele ainda esteja lá, me esperando, era hora de afrontar os monstros em minha cabeça. Desci as escadas e sentei-me no degrau que tinha na entrada para colocar meus tênis, antes de sair peguei meu casaco e enrolei o cachecol xadrez vermelho em meu pescoço.

Só ele para me obrigar a sair nesse frio, estava congelando, olhei para o relógio e quase batia meia noite, os postes mal iluminavam o asfalto, assim como a trilha dentro do parque. Aquelas grandes poças de escuridão em meio a pouca iluminação atrás do portão de ferro entreaberto. Mas um dos postes iluminava um banco de madeira onde vi uma figura loira sentada e cabisbaixa. Inspirei e expirei, então, me aproximei.

— Então, qual é o assunto? — Percebi que ele se assustou. — Não vou te matar, não hoje — Tomei a liberdade de me sentar ao seu lado, levantei o pescoço olhando para o céu enquanto o vapor da minha boca saía. Tirei um maço de cigarros do bolso e o acendi.

— Não sabia que fumava... — Finalmente, parece que o gato costurou a língua de volta. Soltei a fumaça enquanto sentia o olhar dourado sobre mim.

— Não é uma coisa muito interessante de saber... Mas então, qual o motivo de me trazer aqui... — Olhei para o relógio do celular. — exatamente as 00:14?

— O que você ouviu? — Olhei para ele, seu rosto escurecido, desviei o olhar e continuei a olhar para frente, e pensei ter visto alguém nos observando.

— E o que te faz pensar que eu estava ouvindo a conversa de vocês? — Com certeza foi o caso do Grêmio.

— Castiel, não tente mentir para mim, você sempre mentiu muito mal... Dês de criança — Senti algo no peito, e estava torcendo para não ser problema cardíaco, parecia algo mais destrutivo.

— Pensei que tinha esquecido disso — Ri abafado — Vou ser sincero com você, representante — Bati com o dedo indicador no cigarro fazendo as cinzas brilhantes caírem no chão. — Eu ouvi tudo, e realm--

— Esqueça isso — Ele segurava meu braço, seu olhar transmitia um desespero incomum. — Finja que você não ouviu, ok? Por favor — O que realmente estava acontecendo para fazê-lo sair do controle?

Dias de Verão em Tempos de Inverno (Amor Doce) REDIGITAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora