Capítulo 16

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   - É o baile das épocas certo? - perguntei.

   - Sim. Já tem algumas idéias?

   - Tenho. Se é das épocas, no plural, podemos misturar as épocas só em um baile, e os alunos poderiam vir fantasiados da época que eles mais gostarem.

   - Ótima idéia! Sério gostei mesmo. Podemos fazer exatamente isso.

   - Professor não tem ninguém mais para ajudar não?

   - Tem, mas eles irão ajudar na decoração do dia, e você está me ajudando no planejamento que é a base.

   - Entendo. Temos muito trabalho a ser feito.

   Ficamos horas fazendo desenhos de como seria a decoração do ginásio, e procurando na Internet algumas outras idéias e que épocas exatamente usaríamos.

   - Fiquei sabendo da festa que uma aluna deu no dia da nevasca.

   - Sim, a Nina ela deu uma festa, eu fui, foi legal.

   - Meu sobrinho disse que te levou para sua casa na nevasca.

   - Sim - menti - ele foi muito gentil, eu não estava muito bem para dirigir e ele me levou até a porta de casa.

   - Vocês parecem estar se dando bem.

   - Não mesmo - rir - só parece, pois sempre brigamos.

   - Então queira me desculpar o comportamento do meu sobrinho, ele é muito rebelde.

   - Tudo bem. Eu aguento!

   - Me fale mais sobre você!

   - Eu? Não tenho nada o que contar.

   - Sobre sua família.

   - Meus pais morreram quando era bem nova...

   - Sinto muito - falou ele.

   - Tudo bem. Já passou a pior parte. Ninguém irá embora de nossas vidas, até nos ensinar tudo aquilo que nós precisamos aprender... Se eles se foram, porque já era a hora.

   - Você parece ser bem madura.

   - Isso é bom!

   - Depois você foi morar com quem? - indagou.

   - Fui morar com minha madrinha em Miami, em uma casinha humilde de frente a praia, amo calor!

   - Então você deve estar odiando Seattle.

   - Estou me acostumando com o frio. Sempre morei em lugares quentes, meus pais sempre se mudavam para os lugares mais quentes dos Estados Unidos.

   - E em que cidade eles faleceram?

   - Texas. Em uma noite com uma densa rara chuva.

   - Lá é bem quente mesmo.

   - Sim. Eu me lembro até hoje, essa noite estava fria, muito fria e escura.

   - Infelizes! - murmurou ele de uma forma que escutei, ele parecia estar pensando longe por não ter reparado que havia murmurado alto.

   - Infelizes? - ele falava de meus pais?

   - Infelizes de quem os matou.

   - Como você sabe que eles foram assassinados? - indaguei achando estranho.

   - Você disse.

   - Não. Eu não disse.

   - Disse sim - ele parecia mais confuso do que eu.

Coração de Gelo (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora