Capítulo 27

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   Todos de preto.
   Todos chorando.
   Ela tinha todos os motivos para ser feliz, para viver!
   Pai, mãe, irmãos, amigos...tinha tudo para viver. E isso tudo ela perdeu, não teve culpa de nada, era inocente. Dói muito saber que eu, exatamente eu era a culpada, e o que eu poderia fazer? Me sentia péssima em perceber que eu não poderia fazer nada, ele era um vampiro maluco e eu apenas uma humana.

   - Eu sinto muito! - falei para a mãe da Britney a abraçando, estava inconsolável - eu sinto muito mesmo!

   Ela apenas olhou para mim com os olhos inchados de tanto chorar e assentiu acariciando meus braços, ela nem conseguia falar. E assim ela se foi, para receber outros abraços e pêsames.

   - Bela festa não? - uma voz surgiu de alguém a meu lado, Joseph.

   - O que você faz aqui? - disse sem me virar para ele, enquanto secava as lágrimas ele ofereceu um lenço que recusei imediatamente.

   - Vim no velório da minha querida aluna!

   - Você já não acha que causou muito estrago? - me virei para ele.

   - Que nada! Isso é só o começo. Você não tem medo de mim, e essa virtude sua matou a sua amiga.

   - Não! Foi você que matou ela.

   - Aliás, o vestido que te dei ficou ótimo em você, guarde para o próximo velório - ele ia se retirar mas agarrei seu braço o impedindo, fiquei surpresa comigo mesma por esse ato inesperado.

   - Não terá um próximo velório.

   - Tem certeza? Pois estou de olho no seu amigo Christian, grande garoto, feliz e sorridente!

   - O que você quer de mim?

   - Que você me trate com dignidade e temor - ele puxou seu braço de minha mão - que jogue de acordo com minhas regras, ou seja, se eu pedir que pisque sugiro que me obedeça sem pensar duas vezes.

   - Como quiser. Vamos fazer um acordo, faço o que você quiser e assim você faz nada a ninguém.

   - Não faço acordos com humanos - ele se retirava - vou da os pêsames a família.

   Cadê o William? Ele ainda não apareceu. Será que Joseph fez alguma coisa a ele? Levantava os pés para achá-lo mas nada.

   "Nas árvores a sua direita, Joseph não pode saber que estou aqui" - disse a voz do Wil na minha cabeça - "depois te explico".

   Passei os olhos nas árvores e vi seu rosto que logo depois sumiu.

   - Procurando meu sobrinho?

   - Ele não é seu sobrinho, você não é nada dele. E se você fosse mesmo amigo do pai dele você iria parar com toda essa história ridícula, ou seja, se você conhecesse ele de verdade como acha que conhece saberia que ele não iria concordar com tudo isso, você diz que o Wil que é o desleal mas olha só para voce! - disse com um desprezo tão óbvio  quanto meu ódio.

   - É bom pensar antes de falar, pois olha onde deu o futuro da sua amiga, e já estou de olho no Christian como disse.

   - Porque você simplesmente não some ou vira fumaça.

   - Não, não, não - ele dizia como se estivesse falando com uma criança para entender a mensagem usando os dedos como sinal de negação - o que eu acabei de dizer a você? Me trate com mais respeito, não irei avisar mais - sussurrou ele antes de se retirar - e ele não vem.

   Eu juro solenemente odiá-lo pelo o resto da minha vida!

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    Abri a porta da varanda o esperando e com a sua velocidade paranormal mal percebi que ela já estava parado no meu lado mudei meu foco para seus olhos.

   - Oi.

   - Oi - falei - porque você não podia aparecer no velório?

   - Joseph não quer que eu fique perto de você.

   - Você não pode deixar que ele continue a te manipular.

   - Ele ameaçou...Disse que seu eu não o ouvisse a Lucy e o Harry iriam sofrer as consequências.

   - Que ódio! Eu odeio ele William - fechei os punhos de raiva - eu não suporto ele! Ele é um idiota!

   - Eu sei, eu sei, ele é mesmo muito ruim. Eu não posso demorar aqui, ele não pode saber que eu estou aqui, estou bem atento a qualquer ruído.

   - Ele vai vir aqui de novo? - meu rostro era de pasmo.

   - Ele já esteve aqui?

   - Ontem de noite. Ele veio me presentear com os poderes de mente dele, é tão real que até lembro da agonia que senti no meu rosto quando no sonho ele bateu contra o espelho. Mas ele não chegou a entrar.

   - Ele não queria entrar, pois se não ele teria entrado, nada o impede mais. Olha me desculpe por tudo isso, eu deveria ter sido mais cuidadoso com o seu paradeiro e ter lhe impedido de vir para Seattle.

   - Você não tem culpa de nada do que está acontecendo, para de tomar uma responsabilidade que não é sua. Não podemos fazer nada contra ele, ele é um ótimo jogador estar com eu e você nas mãos.

   - Tem algo que podemos fazer. Eu posso te ensinar a não se deixar a enganar com os truques da mente.

   - Tem como? - perguntei descrente.

   - Claro que tem. Tenho que ir, irei aparecer em breve.

   E assim com um beijo demorado ele desapareceu antes que eu pudesse abrir os olhos, apenas senti a brisa leve que sua velocidade deixou.
   Eu sentia falta de sua presença mais que tudo, ele era o único que sabia o que eu estava passando, o único que eu podia desabafar e que me entendia, o único que eu podia contar com a ajuda...e Joseph estava querendo tirar isso de mim.

   Me joguei na cama a chorar só de pensar na Britney. Ela não tinha culpa de nada, nem sabia o que estava acontecendo.

   Desci para o jantar mórbida com a Lucy me chamando pela vigésima vez.

   Já na mesa estranhei a postura séria do casal olhando para mim, era engraçado e ao mesmo tempo preocupante.

   - Sei que não é uma boa hora para isso com tudo que aconteceu... - começou Lucy.

   - Mas nós estamos preocupados e até mesmo curiosos... - Continuava Harry, acho que seria melhor se eles parassem de enrolar e fossem direto ao ponto, mas deixei eles seguirem seus planos, eu já desconfiava o que eles queriam saber e eu já tinha minha desculpa perfeita que os fariam ficar de olhos arregalados.

   - Nós queremos saber onde esteve esses dias que você disse que ia ficar na casa da... - Lucy não queria tocar no nome da Britney para que eu não ficasse triste e ela tinha razão, ainda é muito recente e por eu saber que sou a culpada essa dor não irá embora tão rápido.

   - Eu estava no Texas.

   Os dois se espantaram, pois não imaginavam o porque de eu ter mentido e ido tão longe de casa.

   - O que você foi fazer no Texas? - perguntou Lucy ainda cética.

   - Fui atrás disso! - joguei a foto que achei no meio dos diários de meu pai, na qual Ben fazia parte da fotografia.

   Eles ficaram completamente sem reação.

Coração de Gelo (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora