Natasha: Quente como o fogo

Capítulo 4 | Natasha

Puta merda, eu transei com meu chefe!

Pois é, mas se formos analisar friamente, meu contrato começa oficialmente hoje, o que significa que ele só é meu chefe a partir de agora. Ou seja, ontem e anteontem? Totalmente dentro dos conformes! Sem conflitos de interesse, certo?

Sou recebida por uma mulher alta, morena, de olhar atento e sério por trás de um par de óculos de leitura. Ela se aproxima, formal, mas com um sorriso simpático.

— Olá, você é Natasha Willdarth? — ela pergunta.

— Sim, sou eu — respondo, tentando parecer mais profissional do que me sinto.

— Sou Melissa Wonderston, a secretária do senhor Rodgers — ela estende a mão, e eu a cumprimento com um sorriso.

Ah, então esta é Melissa. Lembro de ele mencionar algo sobre ela. Algo tipo "Senhorita Wonderston irá orientá-la sobre as suas funções". Achei fofo. Quer dizer, da parte dele. Não que eu tenha conhecido um lado "fofo" dele antes... tá, foco, Natasha!

— Ah, ele comentou que você ia me ajudar a começar, alguma coisa assim — murmuro, e percebo que Melissa segura sua agenda com um pouco mais de firmeza ao peito, como se estivesse protegendo seu território.

Ela assente e sorri de volta, num tom tão profissional quanto amigável.

— Exatamente. Vou te passar algumas instruções básicas e depois você pode começar — diz, sem tirar o sorriso educado do rosto.

Começamos um breve tour pelas normas e regras. Ela me explica que as roupas são sempre sociais. "Sempre sociais," repete, enfatizando o "sempre". Nada de jeans, nada de camiseta, nada de casual.

Melissa é objetiva e precisa, e explica tudo com a paciência de quem já viu muitas "assistentes pessoais" passarem por aqui. Ela fala sobre a importância de estar sempre à frente, de manter tudo bem organizado, para que o senhor Rodgers possa encaixar a vida pessoal dele com a profissional. Achei isso interessante. Então ele é do tipo que precisa de alguém para garantir que não vai esquecer de... sei lá, almoçar?

Finalmente, quando ela termina de me passar o manual de sobrevivência, dou um sorriso de agradecimento.

— Obrigada pela ajuda, Melissa.

Ela faz um gesto de "não foi nada" e acrescenta com um olhar um pouco mais... dramático?

— Uma última coisa: eu sou a secretária e cuido dos assuntos da empresa. Você, como assistente pessoal, vai cuidar dele. Do que ele precisar, onde ele precisar. E, olha, às vezes vão surgir algumas ordens... bem... peculiares — ela franze a testa levemente, como se lembrasse de algo desconfortável.

— Ah, tá... peculiares? Tipo?

Ela suspira, como se tentasse escolher bem as palavras.

— Vamos dizer que ele tem um jeito... único de trabalhar. Então, esteja preparada para algumas exigências estranhas. Ah, e ele pediu para você o encontrar em sua sala assim que terminarmos aqui.

Olho para a porta da sala dele, suspiro, tentando manter o controle da situação. Porque agora, é trabalho. E eu sou uma profissional!

— Me deseje sorte — murmuro antes de dar dois passos para frente e bater na porta da sala dele.

— Entre — diz aquela voz grave que me fez delirar até perder a noção de tempo ontem de manhã.

Respiro fundo e entro. Ele ainda não me viu, está concentrado em um documento qualquer sobre a mesa.

— O senhor me chamou? — pergunto, chamando sua atenção. Ele ergue o rosto, e aquele sorriso que me fez perder a cabeça se abre novamente.

— Preciso que entregue esses documentos para Jordyn Nielsen — diz, me entregando uma pasta amarela. — Você é perigosa, Natasha.