Capítulo 6 | Damien

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Sabe toda essa coisa sobre amor à primeira vista e saber que aquela pessoa era a única para você? Olhando para Natasha dormindo em minha cama, entendi pela primeira vez porque as pessoas surtavam tanto sobre isso.

Mas não podia ser amor! Isso é loucura.

Transamos até a exaustão, até Natasha desmaiar em meus braços e eu ter os melhores orgasmos da minha vida. Caralho, ela era boa e encaixava em mim de todos os jeitos, era tudo o que sempre quis e assustava a merda fora de mim.

Depois de me recuperar percebi que Natasha tinha desmaiado ou dormido, não sei muito em, e a pegando no colo, depositei em minha cama. Ela rolou para mim assim que nos deitamos, descansando a cabeça em meu peito e entrelaçando suas pernas nas minhas.

Olhando para ela dormindo placidamente ao meu lado, decidi que queria mais. Como uma canção brega do Aerosmith, permaneci acordado só para vê-la dormir.

O sono me pegou em algum momento da madrugada e acordei como barulho familiar do meu despertador. Porém o desliguei e voltei a dormir.

Acordo e, meio zonzo, percebo que estou abraçado a um travesseiro. O que é estranho. Passo a mão pelo tecido e sinto um cheiro que me faz sorrir: é o perfume da Natasha, doce e ao mesmo tempo com um toque amargo que deixa tudo mais... interessante. Respiro fundo, me permitindo aproveitar por um segundo esse vestígio dela que ficou no meu quarto.

Mas, quando olho para o relógio na parede, o prazer dura pouco. Nove horas! Droga! Já estou atrasado em três horas para a empresa, e todo mundo sabe que sou um dos primeiros a chegar.

Maldito relógio! Maldita distração!

Vou praticamente correndo até o banheiro da suíte. O cheiro de Natasha ainda está em mim, impregnado no meu corpo. E com ele, uma porção de perguntas. Por que ela saiu sem avisar? Será que se arrependeu? Droga, por que eu tô até parecendo um adolescente questionando essas coisas? Balanço a cabeça para afastar os pensamentos enquanto ligo o chuveiro. Preciso focar — trabalho primeiro, depois resolvo esse "problema" chamado Natasha.

Saio do banho e, ainda com a toalha branca enrolada na cintura, entro no closet e rapidamente escolho uma camisa social azul marinho, meu terno Armani de três peças e uma cueca branca Calvin Klein. Nem sequer olho no espelho enquanto me visto. Quando termino, olho de relance no relógio: nove e trinta e oito. Perfeito, quase duas horas atrasado e ainda de barriga vazia.

Nem penso em tomar café, isso vai ter que ficar pra depois. Quando chegar ao escritório, peço para Natasha buscar alguma coisa para eu comer. Natasha... a mulher que deixou minha cama, meu travesseiro e, pior, minha cabeça bagunçados com esse perfume.

Chego à empresa e os olhares me acompanham por todos os lados. Claro, o "sempre pontual" Damien chegando quase às dez? Isso é um prato cheio para fofocas. Ignoro os "bom dias" e as perguntas servis sobre o que preciso, fingindo não perceber os cochichos e olhares curiosos. Puxa-sacos.

Saio do elevador e, assim que chego ao meu andar, dou de cara com algo que me faz congelar de irritação. Ali está minha irmã, Ana, sorrindo de canto, parecendo achar tudo muito engraçado. Que maravilha. Logo hoje, justo no dia em que chego atrasado, ela decide aparecer! Destino é um comediante sem graça, é o que eu sempre digo.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto, tentando parecer calmo.

— Nada demais, maninho. — Ela sorri de um jeito debochado. — Só estava batendo um papo com sua secretária.

Ela está claramente escondendo alguma coisa, e minha mente já salta para as possibilidades, todas envolvendo minha mãe.

— Fala logo o que você quer, Ana — digo, me aproximando.

Natasha: Quente como o fogoOnde histórias criam vida. Descubra agora