Natasha: Quente como o fogo

Capítulo 14 | Natasha

Se alguém me perguntasse o que mais desejo na vida, eu responderia sem hesitar: meus pais. Eles foram meu pilar, meu refúgio, e a falta deles é um vazio que nunca será preenchido. Mas se me perguntassem o que mais quero de forma possível, algo que ainda está ao meu alcance, eu responderia: uma família. Sonho com uma casa cheia, com um marido amoroso, filhos risonhos, um cachorro fiel e uma vida que faça sentido. Para minha surpresa, esse desejo parece estar mais perto do que eu poderia imaginar.

— Natasha, ainda estou esperando sua resposta — Damien diz, o sorriso tímido iluminando o rosto dele, como se ele estivesse vulnerável pela primeira vez.

Olho para ele, para o anel de ouro branco em sua mão, o diamante brilhando intensamente, como um pequeno sol cercado por minúsculos rubis. Esse não foi o anel destaque da coleção passada? Eu me lembro de ter visto ele numa vitrine, tão inacessível, tão perfeito.

— Esse não é o anel destaque? — murmuro, ainda um pouco atordoada.

— É sim — Damien confirma com uma expressão animada. Ele parece um garoto, aguardando minha reação.

— Damien... Eu... sinceramente não sei o que dizer. Nunca estive numa situação dessas antes. — Fico um pouco embaraçada, perdida entre a beleza do anel e a profundidade do momento.

— Diga sim — ele insiste, o brilho nos olhos me desarmando completamente. — Eu te amo, Natasha. Sei que você também me ama, mas talvez ainda não saiba disso. E quer saber como eu sei que você me ama? — Ele sorri, levemente debochado, e aponta para o monitor ao lado da cama. — Assim que entrei, seu monitor disparou. Seu coração acelerou ao me ver. E eu sinto o mesmo quando vejo você.

As palavras dele me atingem como uma onda quente e suave, deixando-me sem ar. Eu o amo? Será possível que eu o ame?

— Damien... — sussurro, quase como se estivesse testando o peso dessa possibilidade.

Ele me encara intensamente, e então segura minha mão.

— Natasha, eu sei que é precipitado, mas olha para tudo que passamos. Eu era um homem que vivia sem pensar no amanhã. Baladas, noites vazias... eu achava que isso era viver. Mas aí você apareceu, com seus olhos misteriosos, seu sorriso, seu jeito cativante. Cada detalhe seu me fascinou. Tudo em você, desde sua risada até seu cheiro, sua dedicação ao trabalho, seu vício em café... você me atraiu de uma forma que não consigo explicar. Não é só físico, Natasha, é algo muito mais profundo.

Sinto que ele quer que eu acredite no que diz. Ele acaricia minha bochecha, e seu toque é suave, quase reverente.

— Eu amo até mesmo seus defeitos — diz ele, baixinho. — Você é perfeita nas suas imperfeições.

Essas palavras arrancam o ar dos meus pulmões. O carinho em seu olhar, a sinceridade em sua voz... é difícil encontrar uma razão para dizer não.

— Isso... torna difícil achar uma razão para recusar — murmuro, olhando para ele com o coração acelerado.

Ele sorri e se aproxima, a voz num sussurro encantador.

— Que bom ouvir isso...

Sinto uma onda de coragem me dominar, e antes que ele possa continuar, puxo-o para perto e deixo nossos lábios se encontrarem. O beijo é intenso, com uma mistura de ternura e desejo. É como se ele estivesse segurando o mundo em suas mãos e tivesse medo de deixá-lo escapar. A sensação é avassaladora, e me entrego por completo. Quando o beijo se desfaz, nossas respirações se misturam, e ele me observa como se eu fosse um sonho que ele não quer acordar.

— Então, você aceita? — Damien pergunta, a voz ansiosa.

Olho para ele, e um sorriso hesitante surge no meu rosto.

— Damien... Eu... Eu não sei dizer o que sinto. Tudo é tão confuso. — Respiro fundo, tentando organizar meus pensamentos. — Desde que você entrou na minha vida, tudo mudou. Eu sempre imaginei que teria filhos só depois dos trinta. E agora, olha só pra mim... tenho 24 anos e estou grávida do meu chefe. Do meu chefe, Damien!

Ele abaixa a cabeça, parecendo culpado, mas ao mesmo tempo, uma ponta de sorriso se forma em seu rosto. Eu percebo que ele tenta esconder, mas está claramente aliviado.

— Eu não me arrependo de nada, Damien. — Coloco minha mão em seu rosto, e ele me olha como se esperasse por mais. — Uma vez um amigo me disse algo: 'Beber a grandes tragos extingue a sede; beber em pequenos goles prolonga o prazer da bebida. Assim é também com o amor e com tudo o mais na vida'. — Sorrio ao lembrar dessa frase, e vejo que ele também está sorrindo. — Acho que está na hora de começar a dar meus pequenos goles. Então, sim, Damien... Eu aceito ser sua namorada.

Um alívio profundo toma conta de mim ao pronunciar essas palavras, e vejo o rosto dele se iluminar. Ele me puxa para outro abraço apertado, como se quisesse me proteger do mundo todo. Fecho os olhos, sentindo-me finalmente em casa, como se ali, nos braços dele, fosse o lugar que sempre procurei.

E pela primeira vez em muito tempo, sinto que, talvez, finalmente estou onde deveria estar.

(...)