Capítulo 11 | Natasha

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DOIS MESES DEPOIS

Depois daquela noite intensa com Damien, as coisas mudaram. Era como se um fio invisível estivesse sempre nos puxando um para o outro, mas nenhum de nós falava sobre o que aconteceu. Só que, ao mesmo tempo, aquela noite me assombrou. Nunca me senti tão vulnerável, tão exposta, e... tão viva. Mas ele nunca mencionou nada, e às vezes eu me pergunto se ele pensa tanto sobre aquela noite quanto eu penso.

Desde então, as coisas na empresa ficaram estranhas. Parece o ensino médio, com colegas de trabalho cochichando e me lançando olhares tortos. A única que realmente fala comigo é a Melissa. Mas eu tento focar no lado positivo. A festa da Diamond Company foi um espetáculo, e Ana até levou alguns dos meus designs para Damien dar uma olhada. Acabei sendo promovida para o setor de criação e design, só esperando que Damien encontre uma nova assistente.

No meio disso tudo, a família de Damien se tornou um refúgio inesperado. Theresa, a mãe dele, é quase uma segunda mãe para mim, sempre preocupada, me cobrindo de cuidados. Joseph, o pai, é uma figura — o típico contador de piadas, sempre rindo e me fazendo rir. E Ana, a irmã de Damien, é encantadora. Descobri que os presentes que eu comprava a mando de Damien eram sempre para ela, por causa de alguma aposta que ele sempre perdia. No mínimo, é divertido.

Hoje, porém, o dia toma um rumo inesperado. Estou organizando uns papéis quando ouço um grito de Damien, vindo da sala ao lado.

— O que você está fazendo aqui? — Ele soa furioso.

Curiosa, levanto-me e vou até a porta. Abro-a devagar e dou uma espiada. A cena que vejo me deixa boquiaberta: Jordyn, a mulher para quem eu levei uns documentos alguns meses atrás, está em cima da mesa de Damien, de lingerie! Ele tinha acabado de voltar de uma reunião, então ela deve ter invadido o escritório sem mais nem menos.

— Ah, Damien, você sente saudade do meu corpo, eu sei... — Ela diz, com um sorriso malicioso, claramente ignorando a minha presença ali.

— Eu não sinto — Damien responde, sua voz fria.

— Não se faça de difícil, querido — Jordyn desce da mesa, movendo-se lentamente em direção a ele. — Todo mundo sabe que aquela... bem, aquela aproveitadora só está tentando dar o golpe do baú em você.

Estou prestes a intervir, mas Damien reage antes que eu possa dizer qualquer coisa.

— Primeiro, se alguém aqui é uma piranha, é você, Jordyn — ele dispara, e minha boca se abre em choque. — Olha pra você, invadindo meu escritório, deitando seminua na minha mesa. Ah, e só pra constar, essa mesa vai direto pro lixo depois. Não quero seus germes nela.

Jordyn parece afetada por isso, mas ele continua, agora com um tom sarcástico:

— Segundo, golpe do baú? Eu e Natasha não planejamos nada disso, mas aconteceu. E eu estou aqui, assumindo a responsabilidade.

Ele dá um passo para trás, recostando-se na parede e cruzando os braços, lançando um olhar desafiador para ela.

— Acha mesmo que eu queria ter filhos com ela? Não só um, mas dois? — Ele ri, cínico, e as palavras atingem como um soco no estômago. — Vou deixá-la na casa dela com os chorões e mandar algum dinheiro por mês. Tenho certeza que é só isso que ela quer, deve estar quebrada.

As palavras ecoam na minha cabeça, e sinto lágrimas começarem a rolar. Jordyn sorri, satisfeita. Meu peito aperta, e antes que eu possa me controlar, um soluço escapa de meus lábios.

— Natasha? — Damien pergunta, virando-se para mim. Seu rosto empalidece, e ele parece chocado ao me ver.

Não consigo falar, só sinto a dor se espalhar. A sala começa a girar. Ouço a porta se abrir de repente e vozes se misturando ao meu redor. Sinto uma pontada lancinante no ventre e algo escorrendo pela minha perna. Meus joelhos cedem, e eu caio no chão, dominada pela dor.

Natasha: Quente como o fogoOnde histórias criam vida. Descubra agora