Capitulo Onze

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Fiquei encarando Alfred, por provavelmente um minuto inteiro, sem reação. Quando finalmente desviei o olhar, vi Chris o olhando como se ele fosse louco.

Acho que ele era mesmo.

Miah franzia a testa, provavelmente não conseguiu acompanhar a fala do Alfred.

_ Do que ele esta falando? – Miah perguntou olhando para nós, apontando pra Alfred com o polegar.

Chris afundou o rosto entre as mãos. Ele começou a tremer, pensei que estava chorando, então ouvi uma risada abafada. Ele levantou a cabeça, tinha lagrimas nos olhos, lagrimas de riso. Ele então respirou fundo e soltou uma gargalhada.

Todos nós estávamos olhando para ele. Eu fiquei espantada, Philip tinha a mesma reação que eu. Miah e Alfred estavam sorrindo. Provavelmente se segurando para não rir também.

Por um momento, pensei que Alfred tinha contado uma piada, que nem eu, nem Philip, tínhamos entendido.

Ouvi Alfred limpar a garganta, sua expressão voltou a ficar séria.

_ Sr. Jace. Por favor, peço para que se contenha. Esse é um assunto muito delicado.

_ Como assim? – perguntou Miah – Não era uma piada?

_ Não, Srta. Caroline. Não é uma piada.

Miah antes sorridente agora estava seria. Chris já tinha parado de rir e estava limpando as lagrimas dos olhos.

_ Sr. Jace, acredito que sua tia lhe entregou um pingente, estou certo? – perguntou Alfred.

Chris franziu a testa.

_ Sim... – ele respondeu hesitante.

_ Pode me emprestar, por favor?

Chris tirou o colar do pescoço e o entregou para Alfred.

_ Agora – ele disse segurando o cordão permitindo o pingente balançar livremente no ar – Podem me dizer o que é isso?

_ É uma espada – disse Miah.

_ E o que ela representa, Srta. Caroline?

Miah ficou em silencio.

_ Uma espada simboliza virtude, bravura e poder – respondeu Philip.

_ Exatamente. Obrigado Philip. O poder que a espada representa tem um duplo aspecto: de um lado é destrutivo e pode ser uma destruição injusta, aplicada pela maleficência, e por outro lado é construtivo e justo, podendo ser usada para estabelecer e manter a paz. A espada também é o símbolo do guerreiro.

Ele devolveu o colar para Chris e se virou para mim.

_ Pode me emprestar seu anel, Srta. Eva? – Alfred perguntou.

Tirei meu anel do dedo e o coloquei em sua mão estendida.

_ Conhece a história desse anel?

_ Sim, - me lembrei da história que Philip tinha me contado – Foi feito por um irlandês... Richard Joyce, que antes ficou preso como escravo por um ourives... Richard deu a aliança para pedir a mão de uma mulher em casamento.

Eu disse e olhei para Philip que sorria orgulhoso.

_ Exatamente, muito bem Srta. Eva. E você sabe o significado dele?

_ Não.

_ As mãos, significam amizade. O coração significa amor. E a coroa, significa lealdade sem fim. Esse anel vem, como a senhorita já disse, de uma tradição Irlandesa. Uma tradição, que o nosso povo também adotou para si.

_ E quem é o seu povo? – perguntei devagar.

_ É o seu povo. Srta. Eva. – respondeu Alfred sorrindo.

_ Poderia ser mais específico? – perguntou Chris.

Alfred devolveu o meu anel.

_ Nosso povo... Dividido em três grupos diferentes. Os Neoma, os Morag e os Dubhán.

_ E... Você é um deles? – perguntou Chris.

_ Sim, eu sou um deles, assim como vocês.

_ Eu sou americana... – disse Miah com uma mão levantada.

_ Temo que esteja errada, Srta. Caroline. Vocês todos nasceram em Bether.

Ouvi Chris bufar.

_ O nome dela é Miah... – disse ele baixo, mas alto o suficiente para que todos ouvissem.

Ficamos em um silencio constrangedor até que Miah decidiu quebrar o clima.

_ Bether... é um país? Onde fica? – perguntou ela.

_ Bether pode ser considerado como um país – começou Alfred – Mas não é um país normal. É um lugar que foi deslocado do tempo e...

Chris se levantou do sofá.

_ Aonde você vai? – perguntou Miah se levantando também.

_ Vou embora. E vocês vão comigo.

_ O que? Por quê? – perguntei.

_ Sr. Jace, por favor, se acalme. Você precisa me ouvir... – disse Alfred se levantando.

_ Meu nome é Christopher, para a sua informação. E não. Você vai me ouvir – Chris ficou de frente para Alfred, há uns quinze centímetros de distancia dele – Fique longe delas. Nós já temos problemas demais, não precisamos de mais um.

Chris segurou meu pulso com uma mão e o de Miah com a outra, e nos puxou pelo corredor. Miah e eu tínhamos que correr para acompanhar os passos dele. Olhei para trás, esperando ver Alfred vindo atrás de nós, mas ele só ficou parado na porta da sala com os braços para trás, nos observando afastar. Quase tropecei ao descer das escadas da varanda. Eu estava tão em choque que não consegui reagir nem falar nada.

Chris colocou a gente dentro da caminhonete e acelerou pela estrada de terra entre as arvores.

_ Chris! – finalmente consegui falar – Qual é o problema?

_ Não quero que você se aproxime de Alfred e nem daquele outro – Chris estava sério – Nem você, Miah – ele disse a olhando pelo retrovisor.

_ Você não é ninguém para dar ordens pra Miah... Nem pra mim.

_ Aquele cara é maluco, Len! Já estamos enfrentando muita coisa pra...

_ Ele não é maluco!

_ Vai me dizer que você acredita no que ele disse!

_ Ele conhece a mamãe.

_ Ele inventou isso.

_ Chris...

_ Não discuta Len.

Miah estava em silencio. Olhei para trás esperando vê-la no mínimo em choque, mas ela estava sorrindo.

Franzi a testa. Perguntei a ela sem emitir som, para que Chris não ouvisse. "Porque você está sorrindo?"

Ela me respondeu da mesma maneira. "Ele está me protegendo...".

Revirei os olhos e não pude conter um meio sorriso. 


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Novo capitulo essa noite!

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