Capitulo Dezesseis

52 8 2
                                    


Eram vozes abafadas. Quase como um sussurro... Despertei de um sono pesado, abri os olhos e estranhei o teto acima de mim, o teto que não era do meu quarto. Onde estou... ?

Foi quando as lembranças atingiram minha mente de repente me fazendo lembrar a terrível dor... A dor que eu não sentia mais.

Então reconheci as vozes abafadas que ficavam mais claras á medida que minha mente voltava a raciocinar novamente. Tia Loorea e Alfred.

Virei a cabeça para o lado me permitindo enxergar parcialmente a sala de casa. Jogado na poltrona da minha frente, estava Philip adormecido. Olhei para a janela, a noite já havia caído.

Me sentei devagar. Minha cabeça já tinha parado de doer, mas a sentia pesada.

Tia Loorea se levantou da mesa.

_ Selene – ela veio na minha direção e tocou meu rosto – Você está bem querida?

Fiz que sim com a cabeça. Ela sorriu aliviada.

_ Eva! – ouvi a voz de Philip atrás de mim. Olhei para ele – Como se sente?

_ Estou bem... – Olhei para Tia Loorea de novo – Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Que horas são?

_ Já é quase meia noite – respondeu ela sorrindo – Vamos.

Ela deu a volta no sofá e segurou minha mão para que eu me levantasse. Philip não parava de me olhar como se eu fosse um bebe aprendendo a andar.

Fomos para a varanda, Alfred e Philip vinham atrás de nós. Os observei se juntarem a nós no sofá pequeno.

_ Tia Loorea, posso te fazer uma pergunta... ? Como conhece eles? Por que eu estou quase certa de que o Philip não é filho de um colega seu... – eu disse e ouvi uma risada fraca vinda do Philip atrás de mim.

Tia Loorea respirou fundo e sorriu.

_ Alfred é meu irmão – ela disse aparentemente animada.

Franzi a testa.

_ O que? – perguntei alto demais – Alfred é seu irmão? Ele é meu tio-avô?

Olhei para ele que sorria o mesmo sorriso da Tia Loorea.

_ Por que nunca me disse que... Ele... Que eu tenho...

Eu gaguejava com a confusão nítida em minha voz alternando meu olhar entre Alfred sorridente e Tia Loorea que demonstrava reconhecer minha confusão. Sem saber como reagir, esforcei-me a ficar calada. Tentei encontrar uma resposta razoável para esta inesperada notícia, mas desisti e me levantei do sofá com um pesado suspiro.

_ Aonde vai querida? – perguntou Tia Loorea se levantando também.

_ Para o meu quarto, tenho que ficar sozinha um pouco. Desmaiar de novo, quem sabe?

_ Mas você tem que ficar aqui fora – disse Philip.

_ Você não me diz o que tenho ou não que fazer! – disse para ele irritada.

_ Selene! – Tia Loorea repreendeu.

O sorriso sumiu do rosto do Alfred.

Subi para o meu quarto e bati a porta com força. Me sentei na minha cama de braços cruzados como uma criança emburrada.

Alfred é meu tio-avô. Porque Tia Loorea nunca me contou que eu tinha outro tio? Passei minha vida toda pensando que eu só tinha minha mãe, Tia Loorea e Chris. E depois, nem minha mãe eu tinha mais, e agora... O Chris também foi embora...

Entre Espaço e TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora