Capitulo Treze

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Devo ter ficado por quase meia hora, sentada na minha cama olhando para o chão.

Repassei o dia inteiro na minha cabeça umas trinta vezes.

Pesadelo. Dor de cabeça. Philip. Casa da Miah. Chris. Alfred. Alfred conhece a minha mãe, sabe onde ela está. Lua Nova, aliança, povo que é meu povo. Chris irritado. Miah sorrindo. Chris foi se encontrar com Meghan, mas não foi porque ele mentiu. Chris mentiu para mim. Meghan conversando com outro cara. Eu correndo sem parar. Anoiteceu de repente. Chris atravessou meu corpo. Ele entrou em uma casa velha. Trinta homens, dez mulheres. Fumando, bebendo, conversando alto. Musica muito alta. Meu quarto.

Senti minha cabeça pulsando. Me levantei para pegar o remédio mas fiquei tonta. Me sentei na cama de novo. Me deitei e fechei os olhos.


Estava escuro.

As imagens passavam rápido demais.

Ouvi uma risada que ecoava no ar e se prendia na minha mente.

Um grito.

Era o grito de uma mulher.

Era o grito da minha mãe.


Me sentei rápido demais. Sentia que minha cabeça ia explodir. Olhei as horas, 3h45.

Desci as escadas cambaleando. Procurei as pílulas em todas as gavetas da cozinha, mas não encontrei. Me lembrei que Chris também as tomava frequentemente.

Subi para o quarto dele e abri a porta devagar. Ele estava dormindo por cima das cobertas, ainda com as roupas do dia anterior.

A cartelinha de remédios estava em cima da cômoda ao lado da cama dele. Roxo fluorescente brilhando na escuridão do quarto.

Desci para a cozinha de novo, enchi um copo de agua e tomei o remédio. Fechei os olhos e respirei fundo. A dor começou a passar.

Subi para o meu quarto e reparei que ainda vestia a roupa de ontem, que cheirava á suor e cigarro. Depois de tomar banho e vestir uma roupa limpa, me sentei na poltrona da minha mãe acompanhada pelo meu fiel caderninho de desenho e olhei para a lua.

Ela estava diferente.

Estava grande.

E brilhante.

Muito brilhante, mas meus olhos não se incomodaram com a luz. Quanto mais eu olhava, mais ela crescia e brilhava.

Fechei os olhos e respirei fundo, o cheiro do oceano invadiu meus pulmões como ondas.

Me senti renovada, forte o bastante para correr uma maratona, talvez duas. Meu coração acelera, ouço os batimentos rítmicos e velozes.

Abri os olhos. O céu estava claro, mas ainda estava de noite, e eu conseguia enxergar tudo á minha volta como se fosse dia. A lua brilhava como o sol.

Abri meu caderno. Desenhei um circulo grande. Abaixo do circulo fiz uma reta horizontal para o oceano, desenhei as ondas, as palmeiras. Finalizei com um sombreamento para que ficasse igual à paisagem, igual à lua na minha frente.

Quando olhei para cima, o céu voltou a ser céu de novo, e a lua voltou a ser a lua de antes, tampada por nuvens cinzas, e a noite que era dia voltou a escurecer.


Meu celular me despertou ás 7h00. Me levantei da cama rapidamente. Depois de fazer minhas higienes e trocar de roupa, segui para a minha caminhonete pendurando minha mochila nas costas.

Entre Espaço e TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora