Capítulo 4 "Sangue, Sangue, Sangue"

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A convocação inesperada para a conversa com a conselheira da escola me fez acreditar que Leon ou Ashley pudessem ter algo á ver com isso, mas quando cheguei em casa e os dois não perguntaram nada á respeito ou demonstraram qualquer comportamento suspeito, eu cheguei á conclusão de que nada eles ganhariam levantando suspeitas sobre o meu bem-estar depois de ir morar com eles.

Decidi que a melhor coisa á se fazer era ignorar o convite estranho da conselheira.

O dia seguinte parecia estranhamente animado, a escola tinha um ar diferente, estava mais cheia, os corredores lotados eram tomados por borburinhos, uma animação latente no ar como um legítimo primeiro dia de aula.

- Bem vinda ao meu inferno pessoal... - Assoviou Kendra enquanto eu enfiava os livros no meu armário, eu sorri.

- Não parece tão ruim. - Ela fez uma careta indignada.

- Já viu a gentinha depravada desse colégio? - Eu soltei uma risada nasal

- Aí está minha pessoa favorita... - Jhon cantarolou agarrando Kendra pelo pescoço e dando um selinho nela. Ele me encarou e sorriu.

- Prazer minha linda, Jhon Tully. - Kendra revirou os olhos

- Ela já te conhece pastel. - Ele piscou duas vezes e então sorriu.

- Ah, foi mal, então neste caso... - Ele se aproximou me abraçando e quando eu menos esperava seus lábios estavam á centímetros do meu.

- Vai com calma garanhão, vocês não são assim tão íntimos. - Kendra o puxou agarrando sua blusa, ela prendeu suas bochechas entre os dedos e o puxou até a altura dos seus olhos.

- O quão chapado está? - Ele sorriu e jogou-se contra meu armário.

- O bastante. - Ela balançou a cabeça e o garoto de cabelo colorido piscou pra mim.

- Precisamos ir, deixe-me ver seu horário... - Eu coloquei minha folha sobre sua palma e ela avaliou me devolvendo em seguida.

- A notícia ruim é que não temos o primeiro horário juntas, mas a notícia boa é que temos educação física. - Eu dei de ombros, por quê na verdade nunca fora minha matéria favorita, na verdade, eu parecia ter uma habilidade inigualável para atingir pessoas com bolas.

- Ah, certo... Primeiro horário Artes, é melhor eu ir indo. - Acenei pra ela e pra Jhon embora ele estivesse concentrado tentando abrir o armário ao lado do meu que eu tinha certeza que não era o seu.

- A gente se vê no almoço... - Jhon gritou no meio do corredor e eu acenei sem jeito.

Na aula de artes a professora nos deu nosso primeiro trabalho do ano, no fim do bimestre haveria uma exposição de arte na cidade e era tradição da escola participar, portanto, era nosso dever e obrigação desenvolver projetos, e os melhores iriam para a exposição...

- Mas a melhor notícia é que, como a maioria deve saber, algumas das escolas de artes mais importantes do país costumam mandar de seus representantes para que estes possam descobrir novos "talentos", e não é incomum a entrega de bolsas por conta deste evento em particular. - Ela deu uma piscadela e gritinhos animados ecoaram, eu á encarei, sentindo meu sangue correr frenético e se alojar na minha cabeça. Uma bolsa numa renomada escola de artes, e de repente um futuro brilhante parecia ter se estendido na minha frente, como um tapete de gala vermelho esperando por minhas pegadas.

Eu saquei minha agenda e imediatamente anotei a data do evento e os prés-requisitos para participar. De repente, um burburinho incômodo havia tomado conta da sala, e eu estava frenética demais para me importar até ouvir o sobrenome tão conhecido.

DESAPAIXONADAOnde histórias criam vida. Descubra agora