Capítulo 8 "Favor"

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Eu encarei a figura pálida refletida no espelho, me perguntando se aquilo parecia adequado para ir á um jogo de basquete. Na minha cidade, o esporte era lacrosse, e mesmo que fosse jogado em pleno inverno irresoluto, em área aberta eu ainda poderia sair por aí mostrando pernas ou busto sem correr o risco de congelar alguma parte de mim que eu poderia precisar mais tarde. Mas ali, mesmo em pleno outono, eu ainda estava vestida dos pés á cabeça, com um jeans preto, e um casaco grosso o bastante pra garantir que eu conseguiria andar do estacionamento até o ginásio sem congelar. De algum lugar do quarto Jhon assoviou.

- Miss resfriado 2017. O que é tudo isso? – Disse apontando para o cachecol e a touca de lã, certo, talvez o cachecol fosse um pouco demais, mas talvez não, eu ainda me lembrava da última vez que havia saído no meio da noite sem a roupa apropriada, isso incluía um pijama, e um certo garoto.... Empurrei a lembrança para o fundo da minha mente.

- Chama-se, "eu quase peguei uma pneumonia quando cheguei à esta maldita cidade e não estou á fim de repetir a dose." Escolha. – Jhon enrugou o nariz.

- O cachecol. – Eu sorri e o desenrolei do meu pescoço, o jogando novamente dentro do closet. Jhon se jogou sobre a cama, sacando seu celular.

- Certo, me lembre novamente por que eu estou aqui, e por que seus pais não se incomodaram em me chutar ainda. – Eu me virei para ele, para ser bem sincera, eu não tinha interesse nenhum em passar toda uma noite rodeada pelo veneno familiar das amigas de Alex, principalmente de Cecília, e eu estava certa de que eu poderia estar sujeita á passar uma boa parte da noite próxima á elas.

- Meu pai e minha madrasta estão em algum restaurante chique jantando, e você meu amigo, será meu fiel escudeiro por toda a noite. – Ele maneou a cabeça, certo, talvez Jhon não tivesse o aparato necessário para intimidar a companhia duvidosa que eu teria com as garotas, mas Kendra recusou prontamente quando fiz o convite á ela. Ela seria a escolha ideal, perto de Jhon, ela era um Pitbull raivoso.

Ele rolou pela cama, se esticando de uma ponta á outra.

- Certo, apenas, me compre um cachorro quente, estou morto de fome. – Eu sorri, pegando uma pequena câmera de mão, e as chaves do carro.

(...)

Dois cachorros quentes, quatro copos de refri, duas barras de chocolate e cinco alcaçuz depois, Jhon finalmente havia parado de mastigar, o jogo já estava na metade e eu observei meu bom amigo, deslizar sua cabeça colorida para meu ombro.

- Nem se atreva á dormir em cima de mim. – Eu sussurrei para ele. Ele sorriu, se encolhendo um pouco.

- Estou morto de frio. – Eu o ignorei acompanhando a cabeça loira no meio da quadra, Alex era o astro do jogo, ele deslizava tão rápido que seus adversários mal o viam chegando, quando ele roubava a bola e passava para um companheiro do seu time. Mordi o lábio quando ele repetiu o feito de dois minutos atrás e enterrou uma bola na cesta. Á esta altura, os cabelos estavam molhados de suor, e os tênis derrapavam na quadra com um barulho, sua cabeça virou-se pra arquibancada quando uma salva de comemorações ergueram á todos, eu aplaudi ainda sentada, quando seus olhos me encontraram no meio da multidão e sua boca se abriu num sorriso convencido.

Agora já faltava pouco para o jogo acabar, e todos assistiam sem ao menos piscar, eu me levantei, andando pela arquibancada, e deslizei para fora dela, indo para um pouco mais perto da quadra, dei a volta, parando ao lado da porta que ia para o vestiário.

Era possível ter uma excelente visão, mesmo dali, mas eu não estava certa de que aquilo era permitido, por isso não hesitei quando tirei a pequena câmera da bolsa e á ergui na altura dos olhos. Alex passou como um borrão por mim, e eu apertei o botão do meio, registrando o momento. A multidão se erguia na arquibancada, eram os últimos minutos de jogo, uma estreia, meu ângulo deslizou para a multidão barulhenta e eu fotografei novamente, retornando o foco para a quadra em seguida. Em algum momento, quando um dos jogadores estava prestes á fazer um lançamento os olhos de Alex deslizaram para mim, me notando na lateral da quadra, um sorriso dócil se abriu e eu peguei aquilo com a lente, no segundo seguinte, ele avançou contra a bola, seus músculos se contraíram, e seu corpo alongou-se sobre a bola, com a agilidade e agressividade de uma pantera, eu inspirei, havia registrado esse momento também.

DESAPAIXONADAOnde histórias criam vida. Descubra agora