Capítulo 12 "Festa" (parte 02)

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***Adam

Aquela garota era expert em destruir qualquer coisa meramente coerente que eu poderia soltar perto dela. Mas naquela noite, com aquela roupa, as coisas ficaram realmente difíceis, eu á observei dançar e se jogar sobre aquele playboyzinho metido, sentindo todas as artérias do meu corpo saltarem, apenas por aquelas mãos imundas estarem sob ela.

Mas eu me forcei á continuar observando de longe, observando-a me notar enquanto fingi não fazer o mesmo, observando-a deixar-se levar por ele, e sentindo cada músculo lutar para não ir até lá e quebrar o nariz dele. Eu não era o dono dela, e não tinha o direito de fazer aquilo. Mas quando ele a arrastou para cima, enquanto ela vez ou outra tropeçava e ria da própria miséria, eu decidi que o faria com prazer se ele apenas ousasse tocar nela naquele estado.

 Mas não, ela deslizou para dentro do banheiro e ele, pelo bem de seu rosto, continuou aguardando do lado de fora, do modo como deveria ser. Eu sorri, e aguardei perto da escada alguns segundos quando eles finalmente desceram, ele á levou para a cozinha, e eu, continuei a observando.

O mauricinho parecia querer ficar rapidamente bêbado, ou talvez estivesse querendo apenas coragem para tentar algo, ele bebeu vários goles seguidos de whisky e deslizou algo para ela comer, eu sorri internamente por que não tinha um jeito desse idiota embebede-la para leva-la pra cama sem que eu acabasse com a sua raça. Mas foi quando ele deslizou para ficar á centímetros de seu rosto que eu me ouvi rosnar. Ela não faria, ela não gostava dele, e sabia disso. Tinha de saber. Eu observei de longe e quando ele não recuou, eu me vi indo até a cozinha. Eu á encarei, fingi surpresa, fingi decepção, por que sabia que ela não seguiria adiante, por que não era aquilo que ela queria, não com ele, e pra ela notar aquilo, embora jamais fosse reconhecer, só precisava de um pequeno empurrãozinho.

Ela desceu da bancada, o mauricinho se afastou, me dei por satisfeito quando o observei sair furioso. Não sei o que ela havia dito para ele, mas sei que me agradou. Segundos depois quando ela saiu para fora o buscando, no entanto, eu vi minha irritação crescer. Mal pensei quando deslizei para perto dela e soltei a primeira coisa que me veio á mente. Mas ela estava irritada, irada, algo á incomodava mais do que a minha presença, e quando eu por um erro de cálculo joguei em sua cara todas as vezes em que eu tive de intervir para ajuda-la, ela realmente rugiu e chutou minha bunda para longe.

Certo, talvez eu tenha merecido, mas ela não podia dizer que eu estava de todo errado. Quando ela finalmente encontrou seu querido amigo, sendo praticamente engolido por uma garota qualquer, eu me dei por satisfeito, por que ela tinha que ver, tinha que saber o que ele era, como ele era, que ele tomava o que queria, quando queria, e que não importava quem destruiria no processo para conseguir.

Minhas expectativas, no entanto, não foram atendidas, ela não sacou seu celular e pediu carona, ou foi para fora tomar um ar, não, ela pegou dois shots e despejou na boca como se fossem limonada. Deus, aquela garota era a única pessoa num raio de 250km que conseguia ser mais teimosa que eu. Quando um cara deu á ela uma garrafa de cerveja e depois foi dançar com ela na pista eu me vi decidindo novamente se valia á pena arranjar briga ali. "Não faça nenhuma besteira"... As palavras daquela magricela soaram na minha mente, e eu me controlei, encostando-me na pilastra e á observando, selvagem, de um modo como eu nunca á tinha visto antes. O cara deslizou a mão em sua cintura e á puxou para ele. Ela recuou e se embrenhou na multidão, entrei no meio, esbarrando em uma ou outra pessoa quando encarei o garoto que ainda a procurava. Balancei a cabeça.

- Você não tem outro lugar para estar? – O garoto me encarou confuso, parecia bêbado.

- Quem é você? – Eu sorri.

DESAPAIXONADAOnde histórias criam vida. Descubra agora