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Só então vejo silhueta e noto que era a última pessoa que eu queria ver hoje, ou qualquer outro dia da minha vida: Eyvie King.

-Eyvie? –O chamo.

-O que você faz aqui? Perdeu a noção do perigo? Pensei que estava claro: não convidei um moleque porque essa festa é de gente grande, e o que pensa que estava fazendo com a Kiara? –Ele está há poucos centímetros do meu rosto, segurando meu paletó. –Está louco?

Fico confuso e franzo o cenho, querendo arrumar meus pensamentos. Não sei se fico surpreso por ser flagrado com a Kiara ou se fico surpreso por ele está com ciúmes.

-Como assim?

-Você estava com a Kiara. Eu, ela, estamos ficando! Você não sabe respeitar seu padrasto? –Ele grita.

-Me larga! –O empurro. –Eu não fiz nada.

-Porque eu cheguei a tempo, não é? –Ele retesa a mandíbula. –Você sempre teve inveja de mim, não é? Sempre! Mas ela vai ser minha namorada.

-Não está falando a verdade. –O confronto. –Ela não é sua! Eu gosto dela. Não sei de onde tirou a ideia de que tenho inveja de você, isso nunca passou pela minha cabeça, Eyvie. Eu acabei de conhece-la, mas... –Não encontro a palavra.

Ela olha para mim, querendo ler entre minhas expressões.

-Você o quê? Gosta dela por acaso? Me poupe, Brandon! Não negue que fez isso porque você tem prazer em me ver constrangido. Você quer tudo o que é meu. Foi a mesma coisa com a sua mãe. Você ficou com ela até ela morrer e eu... eu fiquei com você.

-Cala a boca!

-E adivinha: nenhum de nós ficou com ela!

-Cala. A. Boca!

Não consigo controlar meu impulso em colocar o pescoço dele entre minhas mãos e o derrubo, não demora até ele reagir e me socar, também. Começo a esmurra-lo e rolamos pelo chão, machucando, gravemente o outro. as juntas dos meus dedos estão vermelhas, e aposto que ficarão roxas amanhã, mas é uma das poucas coisas que me importa. Ele não vai falara da minha mãe de novo. Ele não vai.

-SOCORRO! –Ele começa a gritar.

-Ah, para de ser frouxo! –Digo de desdém, mas é tarde demais.

Seguranças invadem a sala e eu o solto, por instinto. Eyvie coloca a mão na bochecha, onde o soquei muito.

-Perdão. –Ele fala, querendo se recompor.

Tento me recompor, mas, a medida que as cabeças surgem atrás dos seguranças, fico pensando se está adiantando.

-Me perdoem, mas –Ele olha para mim, e sorri, diabolicamente e eu fico surpreso ao mesmo tempo que confuso. –eu precisava de ajuda. Meu enteado ele chegou na festa, não sei como. Ele não é bem mentalmente e... e ele me trancou e começou a me atacar.

-Você nos trancou aqui! –O acuso.

-Pare de mentir, Brandon. Isso é feio. –Ele se aproxima dos seguranças.

-Não é verdade. –Estou quase implorando para que eles acreditem em mim, mas, pelo que parece, sou o culpado mesmo. Não há como me defender.

-Brandon? –Ouço uma voz atrás de todos.

Ouvi há poucos minutos, mas eu a reconheceria daqui há mil anos.

-Kiara? –Digo, e meu peito se aperta.

-Kiara! –Eyvie corre para seus braços e a abraça, logo em seguida a beija.

-O que está acontecendo aqui? –Ela olha para ele, em seguida para mim.

-Meu enteado. –Ele se apressa. –Eu disse que ele era assim. Meio descontrolado emocionalmente e que atacava sem motivos. Ele me atacou, e, se não viessem rápido, eu, com certeza, não estaria "vivo", se é que me entende.

-Brandon? Isso é verdade? –Ela pergunta.

-Não. –Respondo, mas penso. Não vou mentir pra ela. Não posso mentir, nunca. –Quer dizer, não é isso que ele tá contando. Olha, Kiara, eu posso explicar.

Tento caminhar até ela, mas um segurança me barra.

-Calma aí, meu chapa. –Ele diz, com seu vozeirão.

-Kiara, eu juro para você. Não foi culpa minha. –Digo.

-Então está dizendo que eu pedi para me bater? Tenha dó, Brandon. –Eyvie debocha. –Ai. –Ele geme e toca seu rosto. –Quer saber, vou acabar com tudo isso. O levem até o carro, vamos para casa.

-O quê? –Ela retruca. –Não, ele...

-Shi! Ele é minha obrigação. E eu não quero roubar seu brilho hoje, querida. –Ele a beija, e a vontade de soca-lo surge novamente. –Levem Brandon até o carro, por favor.

Os seguranças me seguram e, mesmo que eu me debatesse e tentasse fugir, eles eram infinitamente mais forte que eu e eu já estava passando muita vergonha, de qualquer modo.

Parei de me mover e, basicamente, fui levado para fora daquele edifício a ponta pés. Ainda vi Igor, confuso, enquanto eu era expulso. Da minha empresa, devo acrescentar.

Eyvie conseguiu. Mas eu não vou deixar ele se safar.

Fui colocado no carro de Eyvie, como um animal. O chofer fechou a porta, mas depois de flashs e mais flashs ele entrou. O encarei com um olhar assassino, enquanto ele limpava o canto da boca, com toda sua petulância.

Só depois ele olha para mim, distraído.

-Ah, boa atuação lá dentro. –Ele sorri.

-Como é que é? –Retruco.

-Ah, eu devo te agradecer. Só agradecer. Seu ataque de fúria vai me fazer ser notícia e a Kiara está mais preocupada. Achei que ela estivesse distante, mas aposto que ela vai me ligar quando chegar. E você, vamos conversar.

-Não quero conversar com você, seu nojento. –Digo com todo o veneno que consigo, com toda minha raiva acumulada, com todas as minhas forças. –Eu odeio você. Eu sempre te odiei e sempre vou te odiar.

Ele parece surpreso com as palavras, mas em seguida sorri.

-Ah, meu caro enteado, eu sei. –Ele limpa o canto da boca. –Pode apostar, isso é recíproco.

Branco de Neve (Branca De Neve EM2)Onde histórias criam vida. Descubra agora