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Estava com o sangue pulsando alto, que podia ouvir meu coração bater. Cassandra parecia apreensiva, mas continuava a procurar. Foi quando houve um apagão.

-O que foi isso? -Pergunto.

-Que estranho. -Cassandra murmura. -Foi uma queda de energia. Achei impossível aqui, principalmente hoje. Vamos. Precisamos ver.

Então, quando tentávamos seguir as luzes de emergência, uma figura esguida parou na porta.

-Posso ajudar? -Ele perguntou. O homem alto, tinha a voz rouca e fiquei aliviado por não ser Eyvie.Não conseguia ver por falta de luz, mas a voz não era de Eyvie. Era mais rouca!

-Ahn, não. Temos pressa! -Cassandra fala e passa por ele. Fico calado e sigo Cassandra.

Algo naquela figura alta e negra era estranho. Embora a falta de luz dificultasse a visão, sabia que aquele não era uma boa pessoa. Algo em mim dizia isso.

-Foi por pouco. -Cassandra fala a minha frente.

Estava prestes a responder, quando uma mão tampou minha boca, e depois me prendeu.

-Sabia que conhecia você, ratinho! -A voz entredentes murmura no meu ouvido.

Começo a me debater, mas é inútil!

-Vamos. Precisamos subir... -Ele murmura e solta uma risada diabólica.

Consigo ver a sombra da Cassandra se distanciando, e nem notando que eu não estava atrás dela. Esse, seja quem for, me segurava com força, embora eu notasse que lhe faltava massa corporal.

Ele abriu uma porta, que dava acesso as escadas, e me arrastou consigo. Me debati, o tempo todo, na esperança de que conseguisse lutar com ele, ou, ao menos, me livrar! Era inútil! Ele havia me prendido meus braços para trás, com muita força, e mantinha minha boca calada com uma das mãos.

-Pare, garoto! -Ele grita, subindo.

Não parei. Não podia! Quem era ele, afinal? O que queria comigo? O que fiz para ele?

Subimos vários lances de escadas, estava ofegando, e minhas forças estavam se esgotando. Ele então abre uma porta com um chute forte, e me joga dentro.

Caio no chão de cascalho, então noto que não era dentro, e sim fora do prédio!

Me viro para encará-lo, e ele estava trancando a porta do terraço, de costas para mim. O medo consome meu corpo, estava em pânico!

Então ele se vira, e fico mais surpreso ainda.

-Eyvie! -Noto.

-Claro, seu pirralho arrogante e mimado! -Ele diz com os dentes rangendo.

-O que você quer comigo? Por que me trouxe aqui? -Pergunto, e meu corpo, como reação, faz com que eu ande para trás, para ficar o mais distante dele possível!

-Eu sabia que você ainda ia me dar trabalho! -Ele diz, então ele saca uma arma detrás dele.

Meu corpo se alarma. Ele vai me matar! Vai sim!

-Foi burrice minha deixar que a incompetente da Cassandra te eliminasse. Eu deveria ter feito isso sozinho, mas já que estamos aqui... -Ele aponta a arma para mim.

-Não! -Grito, em desespero. -Não faça isso!

-Você vai fazer! -Ele sorri diabolicamente. -Coma! -Ele aponta o cano para o meu lado, indicando uma bandeja com cupcakes em formato de maçã. Poderia sorrir com essa ironia, mas eu com certeza não sairia vivo. -COMA! -Ele grita.

-Não. -Falo baixinho, mas logo aumento o tom. Se eu for morrer, que seja com dignidade. -NÃO! Não antes de me dizer o que fez de verdade. Por que matou minha mãe? -O nó na minha garganta se forma e eu forço para engolir, não querendo fraquejar na sua frente.

-Ah. -Ele suaviza e sorri. -Foi tão fácil. Tão fácil...

-Ela estava tão louca para encontrar alguém depois do seu pai... Era uma tola!

-Não fale assim dela! -Tento avançar, mas ele continua a me ameaçar com a arma, me fazendo recuar novamente. -Como pode? COMO PODE?!

Instantaneamente batidas na porta, que levava ao terraço, nos atrapalham e ele se assusta.

-BRANDON! -A voz de Cassandra.

-Traidora. -Eyvie diz, e aponta a arma para a porta.

-BRANDON! -Outra voz, Carranca!, grita. -Você está aí.

-Não. -Digo a Eyvie. -Não faça nenhum mal a elas. É a mim que você quer eliminar.

-Bem lembrado! -Ele fala. -Coma!

-BRANDON! -A voz de Gênia chama. -Abra! Já chamamos a segurança!

-Droga! -Eyvie resmunga.

-Você não vai sair ileso dessa. -Falo.

-E o que vão falar? Esse cupcake vai me dar a liberdade que eu quero. Eu sou químico, esqueceu? Ninguém nunca saberá o que te matou. Quando abrirem a porta e verem você caído, vão ver que eu vim ajudar, mas já era tarde. Serei o herói, que lutou contra o enteado louco, enquanto ele me atacava com uma arma, mas que acabou por morrer de uma taquicardia. Agora, coma, ou mato elas! -Ele volta a apontar a arma para a porta.

As meninas continuavam a bater e a gritar. Todas juntas. Eu não poderia arriscar a perder nenhuma! Todas eram importantes demais para mim.

-Brandon? -Uma voz mais angelical chamou. Quase cai para trás ao reconhecê-la. Eu havia conversado uma mera vez, mas parecia que aquela voz eu já havia ouvido inúmeras vezes.

-Kiara. -Murmuro, surpreso.

-Sim, sua doce Kiara. Seria uma pena se ela morresse com uma bala acidental, que você, desequilibrado mental, atirou contra ela! -Ele sorri sarcasticamente, mas logo muda. -Com agora, ou eu atiro! Última chance!

-Ok! -Falo por fim, erguendo o braço para o lado e pegando um cupcake em forma de maçã.

Abro a boca e levo o cupcake até os dentes.

As batidas violentas na porta, apressavam tudo. Eu as livraria. Deixaria todos em paz, ficaria em paz. Elas ficariam seguras sem mim. Sim, era esse meu destino, afinal.

Os dentes apertam o cupcake e engulo a mordida.

No mesmo instante a porta é arrombada. Uma equipe de seguranças armados entra.

Ainda vejo as meninas entrando desesperadas, enquanto meu corpo tomba e cai no chão de cascalhos. Meus olhos vão se fechando devagar, e Kiara se aproxima de mim, me olhando com os olhos cheios de lágrimas...

Então eu apago!

Branco de Neve (Branca De Neve EM2)Onde histórias criam vida. Descubra agora