VIII - Hospital

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– Eu achei muito esquisito essa senhora dizer que não sente dores – disse uma enfermeira, chamada Rose Langdon, dirigindo-se à médica que estava fazendo plantão naquela noite.

– Realmente não é comum. No momento, achei que poderia ser a adrenalina ou o excesso de endorfina, mas os níveis me parecem normais – comentou a Dra. Straub, parecendo intrigada.

– Ela me parece uma senhora simpática, mas a maneira como ela agiu me angustia – falou uma segunda enfermeira, que, a princípio, estava voltada para um computador, virando-se para elas.

– Ainda não sabemos o que foi, mas faremos mais alguns exames e, com certeza, descobriremos a causa disso tudo – afirmou a médica, demonstrando convicção, enquanto ajeitava seus longos cabelos ruivos.

– Espero que sim – juntas, as duas enfermeiras disseram.

– Falando nisso, vou dar uma olhada na Sra. Gardner – acrescentou Rose, abrindo um sorriso e se dirigindo ao quarto onde Emily havia sido internada.

Foi assobiando, alegre e calma. A Dra. Straub e a outra enfermeira continuaram conversando, até, subitamente, serem interrompidas. Após pouco menos de cinco minutos, Rose voltara correndo, assustada e ofegante.

– Ela sumiu. Não sei como, mas desapareceu – alertou, com o fôlego que ainda tinha.

– Calma, estou indo até o quarto. Rose, ligue para a segurança, enquanto Katherine vai verificar se foi registrada alta por engano – disse a médica, já disparando em direção ao quarto vazio.

A segurança foi informada e, de imediato, dois seguranças começaram a patrulhar o prédio, enquanto o chefe de segurança, Robin Kroeger, com seus cabelos grisalhos - quase brancos - e porte atlético, considerando seus pouco mais de 50 anos, verificava as gravações das câmeras.

Katherine – enfermeira de olhos claros e cabelos castanhos, que estava sentada em frente ao computador – encontrou um registro de alta médica. Correu em direção ao quarto, mas encontrou a Dra. Straub no corredor. Ela parecia estar em transe, olhando fixamente para a porta do quarto com o braço direito estendido, como se estivesse esperando receber algo.

– Amelie, está pálida. O que houve? – indagou Katherine, tentando não interromper o transe com um susto.

– Amelie? Sou eu, Katherine – continuou, após não obter respostas.

Amelie Straub apenas virou a cabeça na direção da enfermeira e abriu um sorriso de orelha a orelha. Não piscava uma vez sequer, tinha as pupilas dilatadas e a pele pálida.

Katherine assustou-se e deu um passo para trás. Era uma cena assustadora, mas era de sua amiga que estávamos falando, conheciam-se fazia anos. Portanto, sem um movimento sequer, por parte de Amelie, a enfermeira decidiu ajudá-la, colocando-a na maca mais próxima – que estava a apenas três metros de distância –, mas, assim que tocou seu braço, a médica desfaleceu.

Após chamar todos da equipe e explicar o ocorrido, a enfermeira teve certeza que a única solução seria entender, primeiramente, o motivo de Emily ter recebido alta hospitalar e por que esta havia sido assinada por Amelie.

– Não faz sentido para mim. A Dra. Straub havia conversado com a Dra. Shaw antes de trocarem de turno... – Rose fez uma pausa para respirar, ainda estava bem ofegante – e eu lembro bem de ouvir a Dra. Shaw pedir para que Amelie não liberasse Emily de maneira alguma – concluiu, nervosa e sem ar.

– Não pegamos e celular daquele rapaz que a trouxe? Talvez devêssemos entrar em contato – disse o enfermeiro que Katherine havia chamado após o ocorrido com Amelie.

– Estava aqui quando ela chegou, Arthur? – perguntou Katherine.

– Sim, cheguei um pouco mais cedo hoje, por motivos pessoais – o enfermeiro respondeu de forma seca.

– Enfim, isso não importa. Ele preencheu a ficha na entrada e lá podemos pegar o telefone para contato – informou Rose.

– Alguém lembra o nome dele? Vou procurar na ficha de Emily – disse Katherine, enquanto buscava a ficha da paciente desaparecida.

– Não lembro, mas, se ele preencheu a ficha de acompanhante, com certeza anexaram à dela – comentou Arthur.

– Tudo bem, espera... achei! Brian, Brian Collins. Vou imprimir a ficha completa e vemos o que temos de informação, enquanto Rose faz a ligação – Katherine falou, demonstrando-se esperançosa.

Rose ficou cinco minutos tentando e, depois da quinta ligação, perdeu as esperanças de que Brian fosse atender ao telefonema e retornou para a recepção, onde estavam Arthur e Katherine.

– Toca, toca e ninguém atende. Deixei recado, vamos torcer para que retornem assim que ouvirem – informou Rose, meio cabisbaixa.

– Tudo bem, talvez eles tenham ido dormir, já passam das nove horas – comentou Katherine, olhando para o relógio.

– Aqui diz que ela é corretora de uma imobiliária chamada "Gold Garden". Alguém conhece? – questionou Arthur, interrompendo as duas, enquanto analisava a ficha, agora impressa e em suas mãos.

– Sei sim, não fica muito longe daqui. Podemos informar à polícia para que passem lá amanhã – afirmou Katherine.

– Claro que avisaremos. Caso contrário, estaríamos em maus lençóis – retrucou Arthur.

– O segurança chefe já chamou a polícia, devem estar chegando – avisou Rose, demonstrando-se incerta sobre o envolvimento da polícia de forma tão precoce, afinal não seria nada bom para o nome do hospital.

– Tudo bem, vou aproveitar e dar uma olhada em Amelie. Sei que está em boas mãos, mas estou bem preocupada – disse Katherine, entregando a impressão da ficha que estava consigo para Rose.

– Sem problemas, eu tomo conta aqui da recepção por agora – Rose falou, abrindo um sorriso discreto.

Amelie ainda não havia acordado, estava sendo acompanhada por uma enfermeira e um médico, que ainda não sabiam da situação de Emily. Katherine achou melhor não os contar, pois era necessário que se concentrassem cem por cento na Dra. Straub.

Estava dormindo como um anjo. Tinha retomado sua cor normal, mas parecia um pouco mais velha, como se toda a situação tivesse sugado parte de sua energia vital. Naquele momento, a enfermeira sentia-se totalmente conectada com Amelie. Não conseguia entender, mas tinha certeza de que precisava dar um jeito de entrar em contato com Brian, pois tinha certeza que ele, quem quer que fosse, saberia de algo.

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