9- Um dia ruim..

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Saio de casa logo depois que eu me arrumo para a escola, eu não vou esperar o Ryan me pegar de carro, preciso pensar, ou apenas ficar sozinha. Continuo andando, escuto uma buzina atrás de mim, me viro e vejo o carro do Luke, o beijo de ontem volta a fazer parte dos meus pensamentos e eu tento esquecer.
- Quer uma carona? - ele fala, paro de andar e olho para ele. - Não aceito um não. - ele abre a porta do carro e para o carro.
- Tá bom. - entro no carro porque não tem outra escolha, coloco o cinto de segurança e fecho a porta, ele liga a motor e avança com o carro.
- Nossos pais vão viajar, sua mãe falou isso hoje. - ele olha para mim.
- Minha mãe tinha falado comigo. - finjo que o beijo de ontem não aconteceu, ele não podia ter feito aquilo, e eu não podia ter retribuído, pensar naquele beijo me faz lembrar dos beijos do Ian.
Volto a olhar para fora da janela, o vento bate no meu rosto, sinto falta do Ian, as vezes parece que ele não morreu, que ele está perto de mim.

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Depois que chegamos na escola, eu fui direto para a sala de aula, Ryan estava na cadeira de frente para a minha mesa, dou um sorriso de lado.
- Oi Ryan. - falo me sentando na cadeira.
- Oi Melly. - ele sorri. - Pensei que você não viria hoje.
Olho para ele que está de frente para mim, eu sinto saudade do meu pai, mas ele disse que não quer mais me ver. Não falo nada e logo depois o professor de física aparece na sala, Ryan vira para frente e a aula começa.
Não consigo prestar muita atenção na aula, nem prestar atenção no que acontece ao redor de mim, a minha vontade de agora é chorar, não consigo explicar o porquê. Não entendo o porque de tudo que eu amo ou morre, ou simplesmente vai embora, mas apesar disso tudo eu não penso muito assim, o Ian não ia querer isso, penso assim para não perder o sentido da vida.
O sinal bate, e agora é aula de Educação Física, junto o meu material e saio da sala, caminho na direção do vestuário, depois que eu entro no vestuário toco de roupa, visto a roupa de ginástica. Saio do vestuário e vou para a quadra, na arquibancada eu vejo o Luke, a Meg e o Ryan conversando, passo direto por eles.
- Melly.. - Ryan me chama, mas continuo andando, escuto passos atrás de mim.
Sinto uma mão no meu ombro, olho para trás.
- Por que você está fugindo? - Luke fala agora segurando a meu braço.
- Eu não estou fugindo de ninguém, só quero ficar sozinha. - falo puxando o meu braço, ele olha para mim e depois vejo a Meg mais o Ryan vindo na minha direção.
- O que aconteceu Melly? - Meg pergunta.
- Eu.. Eu tenho que ir..
- Todos no círculo. - o professor de Educação Física fala, e eu me afasto um pouco deles.
A aula de beisebol começa, enquanto o professor está ocupado eu saio do campo e vou para dentro da escola. Sinto falta do meu pai, dos momentos felizes, do Ian, sinto falta de tudo, mas parece que as coisas nunca vão voltar ao normal. Vou até o meu armário e pego os meus cadernos, fecho o armário e saio do colégio.

                       ******

Eu não sei direito para onde eu estou indo, mas no momento eu não posso voltar para casa, não quero responder as perguntas que a minha mãe vai fazer, não quero que ela ou o marido dela me olhem como se eu fosse um cachorro abandonado, eu só preciso ficar sozinha com as minhas lembranças. Desliguei o meu celular logo depois que eu sai do colégio, eu sei que eles iam tentar ligar para mim e eu não quero falar com ninguém. Me sento em um banco da praça, olho para as pessoas que passam por ali e por algum motivo isso me faz lembrar de quando eu e o Ian "fugimos" de casa. Esse foi um dos melhores dias que eu passei com ele, nos divertimos muito, olho para trás e vejo a pessoa que eu menos queria ver agora: Austin.
- Seus amigos e a sua mãe estavam preocupados - ele se senta do meu lado. - Eu sei que você não gosta muito daqui, e que.. Bom, olha - ele coloca a mão no meu ombro. - Eu sei que você tem um passado que não é muito bom, Melly, o que eu quero dizer é que sua mãe percebeu que você não superou aquele acidente.
- Austin eu não quero falar disso. - olho para ele.
- Eu só quero dizer que você se culpar ou apenas lembrar de uma coisa que aconteceu no passado só vai fazer você sofrer.
- Você não sabe de nada, você não entende. - deixo escorrer algumas lágrimas. - Tchau. - saio dali.

                      ******

Eu nunca fui a uma balada sozinha, eu sempre evitei lugares aonde as pessoas ficassem se esfregando demais em outras pessoas que nem se conhecem. Ian, cantava em uma banda de garagem, eu fui em alguns shows, mas sempre eu ia com alguém. No momento eu estou sendo a "louca" e a abusada garota que nunca fui, descontar a tristeza e raiva na bebida não é a melhor coisa do mundo, mas isso está funcionando perfeitamente nesse momento.
Subi encima da mesa e fiquei rodopiando, quase cai e por algum motivo isso teve graça.
- Garçom.. - chamo o homem que vem na minha direção - Eu quero um.. - desço de cima da mesa correndo e entro no banheiro. Quando chego perto da pia vomito toda comida que eu comi nesse dia, lavo minha boca e passo o lenço umedecido no meu rosto. Na última vez que eu fui em uma balada, não tinha lenço umedecido, acho que os lenços umedecidos são mais felizes do que eu, ou são mais sóbrios que eu nesse momento.
- Sabia que foi difícil achar você? - olho para trás e vejo o Luke.
- Aqui é o banheiro feminino - ele da um sorriso que eu não consigo desvendar.
- E daí? - Boa pergunta Luke, se isso for uma pergunta. - Vamos pra casa, sua mãe esta preocupada.
- Por que você veio me procurar? - Isso não interessa. - ele fala com o seu tom ignorante.
- Interessa sim. - me aproximo dele. - Deixa pra lá.
- Vamos logo. - ele segura a minha mão e saímos do banheiro.
Depois que a gente saiu da balada, eu entrei no carro, na maior parte do tempo o silêncio preenchia o carro, até o Luke ligar o rádio, as músicas que está tocando parece ser antigas. Luke para o carro e eu desço, entro em casa e ignoro as perguntas da minha mãe, ignoro porque nem eu sei as respostas delas, vou direto para o meu quarto. Deito na cama e fecho os meus olhos, a única coisa que eu quero agora é esquecer de tudo e só ficar com as lembranças boas.
Durmo sem perceber.

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