10- Visita supresa..

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Acordo com enxaqueca, não sei porque bebi, a bebida não faz você esquecer do que você está fugindo, ela só faz você acreditar que ela não existe, mas no outro dia você lembra das idiotices que fez por causa da bebida. O alarme começa a tocar ao mesmo tempo que a minha mãe bate na porta gritando o meu nome, no momento a única coisa que eu quero é vomitar e dormir mais um pouco.
- Melly.. - minha mãe continua chamando o meu nome, ela só para quando eu abro a porta. - Se arruma para ir a escola.
Faço uma careta, eu podia fazer qualquer coisa, menos ficar em um ambiente cheio de pessoas e com barulhos, que só vão piorar a minha dor de cabeça.
- Eu vou faltar hoje. - falo, no momento eu não estou importando se a minha mãe vai ficar com raiva ou não, a única coisa que eu quero é deitar na cama e acreditar por um momento que tudo era como antes.
- Melly.. - peço desculpas silencioso e fecho a porta.
Deito na cama novamente e fecho os meus olhos.

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Abro os olhos e olho para o lado, o sol ainda reflete pela janela, pego o meu celular e olho as horas. Levanto da cama e saio do quarto, antes de eu terminar de sair do quarto, vejo o Luke de frente para o meu quarto.
- Oi. - ele fala e da um meio sorriso, minha mãe já deve estar no trabalho, eu só não entendi ainda porque o Luke faltou de aula também.
- Oi. - coço o meu braço e desvio o olhar dele. Pisco algumas vezes - A minha mãe já foi para o trabalho? - eu sei a resposta, eu só não quero ficar nesse silêncio constrangedor depois de ontem a noite.
- Já. - ele passa a mão pelo cabelo. - Sua mãe pediu para você ligar para ela depois que acordasse.
- Tá bom. - olho para o lado. - Obrigada.
A campainha toca e o Luke desce as escadas para atender a pessoa que acabou com esse silêncio constrangedor. Desço as escadas e vou para a cozinha, Luke está falando com uma garota, não que eu tenha espiado, mas os dois estão falando um pouco alto.
- Luke vai ter uma festa na minha casa, eu queria que você fosse. - sabe aquele tipo de voz que é tão fina que é capaz de estourar seus tímpanos, essa é a voz dessa garota.
Sento em uma cadeira da cozinha e tomo o meu café com leite, enquanto escuto a voz enjoada da garota da sala, a voz dela não é feia, mas ela afina mais a voz.
- Tá, eu vou. - Luke fala, logo depois aquele silêncio que diz tudo, Ian era viciado em filme de comédia romântica e eu via com ele, e na maior parte do tempo esse silêncio significa que os dois personagens estão se beijando, mas no caso do Luke eu acho mais possível ele estar transando com a garota em cima da mesa. O que não me surpreenderia em nada, já que até hoje eu vi que ele é estranhamente bom em fazer sexo, não que eu tenha tido essa experiência, não sou burra em cair em um papo furado de um garoto como o Luke.
Bom, eu não quero escutar gemidos deles, muito menos ser plateia dos dois. Saio da cozinha e vou para os fundos da casa, pego o celular no meu bolso e mando uma mensagem para a minha mãe: Mãe eu estou ocupada, depois eu ligo para você. Tchau. Olho para a frente, aproveitando o pouco de sol que tem, fecho os meus olhos.
- Melly. - abro os olhos e vejo a Rony, dessa vez ela está diferente, loira como sempre, seus olhos verdes não mudaram nem a sua altura, mas a sua barriga.. Bom, ela está grávida, fico feliz por meu pai. - Eu quero conversar com você.
- Pode falar, Rony. - me levanto, fico de frente para ela. - O que você quer falar?
- Eu quero que você fique o mais longe possível da meu marido. - ela sorri como se tivesse ganhado de algo que eu não participo.
- Ele é meu pai. - olho para a barriga dela.
- Ele não pensa mais assim.
- Para Rony. - ela continua com seu sorriso sinico.
- E se eu não parar?
- Você vai ficar falando sozinha. Tchau. - saio dali e entro na casa, e o que eu vejo não me surpreende muito, ignoro Luke e a sua peguete do dia e subo para o meu quarto.

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Passar a tarde toda no quarto não é tão ruim quanto parece, mas é a melhor coisa que eu fiz nesse dia. A visita supresa da Rony me fez sentir como se eu não fosse da família do meu pai, eu nem sei como ele está, ele deve estar feliz por ser pai de novo, espero que o bebê não fique metido que nem a mãe. Mas como eu conheço bem a Rony, o bebê não vai ser tão diferente que ela. Alguém está batendo na porta, deve ser a minha mãe, já que ela deve ter chegado. Levanto da cama com meu short curto e uma regata branca.
Não, não é a minha mãe. É o Luke, sem camisa e com suas tatuagens amostra.
- Sua amiga está lá embaixo te esperando. - fala encostado na porta.
- Obrigada, já vou descer. - amarro o meu cabelo e saio do quarto, desço as escadas e vou para a sala.
- Melly, a gente pode conversar lá fora? - Meg levanta do sofá.
- Podemos.
Meg e eu saímos da casa, eu sento no gramado de frente para casa e a Meg senta ao meu lado. Ela me olha de lado e morde o lábio inferior.
- Melly eu preciso de um conselho.
- Precisa? - normalmente as pessoas não vem pedir conselhos para mim, quem ia nelas era eu.
- Sim. - olho para ela. - Na verdade não é um conselho, é mais uma ajuda. - ela passa a mão pelo cabelo. - Me ajuda a terminar com o Bryan.
O meu primeiro namorado foi o Ian, eu e o Ian não terminamos como um ex-casal normal, então eu não sei explicar para uma garota como terminar um relacionamento.
- Vocês não estavam bem? - um garoto de bicicleta passa em frente de casa, ele me lembra o meu primo de 10 anos.
- Sim, é que.. - ela parece estar nervosa. - Eu estou gostando de um outro garoto.
O que eu entendo de relacionamentos era os fracassos dos relacionamentos dos meus pais, e dos conselhos engraçados que a avó do Ian contava, mas nunca tive experiência nisso.
- Talvez se você contar a ele que seus sentimentos de agora não são como antes, ele entenda. - vejo o carro da minha mãe estacionar. - A verdade sempre é melhor. - pelo menos era esse o conselho que a avó do Ian falava.
Minha mãe sorri para a Meg e depois para mim, o que me lembra de uma coisa. Se eu tenho que viver na mesma casa que o Luke, pelo menos ele tem que respeitar o lugar. Eu não quero sair do banheiro, ou de qualquer outro lugar e me deparar com o Luke, ou alguma peguete dele transando em algum lugar da casa.
- Melly.. - volto a prestar atenção na Meg.
- Oi.
- Você acha que ele vai entender? - ela dobra as pernas.
- Acredito que sim. - o celular da Meg toca, ela parece não querer atender agora, porque eu estou dando um "conselho" a ela, mas ela acaba atendendo.
Amarro o meu cabelo em um coque, ela parece estar falando com a mãe, vejo o Ryan vindo na direção de casa e olho para a Meg, ela fica nervosa quando vê ele e depois desliga o celular.
- Oi garotas. - ele sorri e a Meg coça o braço como se não soubesse o que fazer.
- Oi.
- Oi.
- Hoje vai ter uma festa, estão afim de ir? - ele estende a mão e ajuda a Meg a levantar.
- Sim. - ao mesmo tempo que a Meg fala, eu falo não.
- Por que não? - Meg me olha e eu me levanto.
- Tenho umas coisas para fazer. - limpo o meu short e arrumo a regata.
- Sério? - Ryan faz bico e eu sorrio, é estranho e engraçado um garoto musculoso fazer bico. - Vai ser legal, se você não gostar a gente vai para um bar de estrada.
Meg me faz uma careta de cachorro abandonado e eu não consigo dizer não, ela está me ajudando a esquecer do acidente e eu acho que devo ajudar ela com o seu problema no relacionamento dela com o Bryan.
- Eu não vou ficar até tarde, e eu também tenho que ver com a minha mãe. - os dois sorriam vitoriosos.
- Ok. - falam em uníssono.
- Tenho que entrar agora, até mais tarde?
- Até. - Meg fala e me abraça. - Obrigada. - fala baixo no meu ouvido.
Sorrio, Ryan despede de mim e vai embora junto com a Meg, vou até a porta da casa e olho para trás, depois entro na casa. Luke me encara e eu encaro ele de volta, subo as escadas e vou para o meu quarto.

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