Viver é esquisito.
Às vezes passam semanas, meses, sem uma novidade. De repente, quando estamos quase acostumando com a vidinha besta... O mundo vira de ponta cabeça, a gente no meio do redemoinho.
Começou hoje cedo, na escola. No recreio fui com as meninas pra trás da quadra, conversar sobre coisas que só interessam a nós. Glorinha agora deu pra vir atrás.
Pati tinha uns cigarros meio amassados que pegou da irmã. Acendemos e fomos passando de mão em mão, balançando para a fumaça não aparecer. O papo era o de sempre: Meninos e beijos. Beijos na boca, lógico.
- Em filme e novela nunca dá pra ver direito.
- Nem é beijo de verdade.
- Ou eles não mostram. Disfarçam.
- Um vira a cabeça de lado.
- Tem uns que é pra valer. Põe a língua, claro que sim!
- Vai dar um beijo ou lamber a língua do cara?
- É assim, gente. Tem beijo na boca simples, e beijo de língua.
- Põe a língua se quiser.
- Mas... as duas ao mesmo tempo?
- É, um fica chupando a boca do outro.
- Que nojo!
- Se for assim, nunca vou querer beijar ninguém.
- Duvido.
- A santa virgem...!
- Sabem o que eu queria? Perder a virgindade num acidente de bicicleta. Assim não ia mais ter de me preocupar com isso.
- Mas como, de bicicleta?
- Impossível!
- Li numa revista.
- Que revista idiota você anda lendo?
Bel fez um "v" com os dedos para baixo:
- Se você cair assim, ó, no cano.
- Aaai!
- Tá bom. Você está maluca.
- Que besteira!
- Dizem que sangra muito!
- Voltando ao assunto, ANTES... precisa beijar.
- Beijar quem? A bicicleta?
- Não tem graça, Cléo!
- Quer saber? Beijar o Alex eu ia achar ótimo. Na boca, de língua, de chupão...
- Pati, o Alex é o máximo mas não te dá a mínima!
- É um bestinha.
- Muito velho pra você. Quase dezoito!
- Dezesseis.
- Taí, velho!
Teca, que até então tinha ficado calada e fumado o cigarro inteiro, resolveu abrir a boca.
- Vocês estão falando tanta bobagem! Só quero ver o vexame no dia que forem beijar alguém.
- Falou a sabidona.
- E o que você sabe? Por acaso já beijou?
- Bom. Beijar um menino, pra valer, ainda não. Mas minha prima está me ensinando.
- Ensinando...?
- Como assim?
- A gente treina.
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O SOL NÃO ESPERA
Teen FictionO ano é 1973. Maria está prestes a completar 13 anos e sua vida parece ter virado de ponta-cabeça, num redemoinho. Não bastasse estar perplexa com as atividades misteriosas de seu tio, ela vai conhecer Luca, um novo menino que acaba de mudar para a...