Lúcia caminhava em silêncio, por vezes, parava fechando os olhos e se concentrando no barulho da floresta.
Seus passos eram silenciosos e caminhava devagar com atenção ao menor ruído.
Passou por um galho retorcido e sentiu os cheiros no ar. Havia muitos aromas diferentes, mas o pouco vento não trazia nada de novo.
Um estalo a sua direita deixou alerta ainda mais seus sentidos.
O barulho agora era displicente, sem nenhuma preocupação com o perigo que Lúcia poderia oferecer como caçadora.
Abaixou caminhando devagar já com o arco preparado.O barulho estava mais alto e avistou um enorme veado à distância.
Andou um pouco mais com a flecha posta e a corda esticada.
O veado estava com um filhote e ela baixou o arco.
Seguiu na direção oposta ao animal se sentindo uma caçadora de pouca valia, pensando na fome que todos sentiriam se dependessem apenas dela para se alimentar.
Andava agora mais rápido e em silêncio, um barulho mais pesado e grosseiro chamou sua atenção e ela abaixou e andou sorrateira naquela direção.
Um javali grande e gordo fuçava embaixo de um tronco apodrecido.
Lúcia mirou e soltou a flecha rapidamente e correu na direção do animal. Sem emitir um som ele estava caído e imóvel.
Lúcia segurou as duas patas dianteiras e começou a arrastar.
Enquanto se concentrava em seu esforço sentiu orgulho de si mesma, não foi insegura, nenhuma duvida de que tinha acertado passou por sua cabeça depois de soltar a flecha. Ficou pensando se Linade sempre sabia também, se temia errar, se duvidava quando soltava a flecha, no fundo ela sabia que em se tratando disso, Linade jamais teria duvida, pois Lúcia nunca a viu vacilar, ela usava o arco e a flecha como se fosse parte de seu corpo.
O javali era pesado, mas ela não teve dificuldades, havia poucos obstáculos, a noite havia chegado e ela nem tinha se dado conta disso.
— Nossa parece que agora a pouco era dia. — Falou alto enquanto andava de costas arrastando sua presa inerte.
— E como está longe para chegar. — Andou por mais alguns minutos e o cansaço já começava a vencer sua euforia, devia ter caçado algo menos pesado, pensou torcendo a boca.
Em poucos minutos viu a fogueira, continuou sua dura tarefa de arrastar a criatura pesada.
Como boa caçadora, não queria receber ajuda, mas ao olhar para o grupo que a observava em silêncio e imóveis sentiu uma ponta de raiva deles.
Mesmo que não quisesse ajuda, eles poderiam oferecer só por consideração...
Acabou arrastando o animal com mais forca, descontando nele sua frustração.
— Belo animal Lúcia. — Disse Ádino quando ela o soltou perto dele. — Os outros ainda não chegaram apenas Balmac que trouxe um veado.
— E onde ele está?
— Está conversando com Linade, saíram para buscar gravetos.
— E para conversar seus assuntos — Disse Lúcia pensando em voz alta.
— Deixe-os Lúcia. — Ádino falou baixo. — É tão difícil quando conversam sozinhos ou quando conseguem fazer isso sem se espetar um ao outro.
— Pensei alto Ádino. — Ela se defendeu envergonhada.
Tirou o punhal da bainha e segurou o javali para abri-lo.
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Crônicas Helenísticas- Venília Livro 2- Degustação
FantasíaO que você faria se descobrisse que precisa ajudar várias criaturas que juram que aquele corpo não pertence a eles? Que estão aprisionados nesse corpo e somente você poderá libertá-los lhes devolvendo a antiga forma? Lúcia, filha de um elfo do...