Capítulo 16 - Pain

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Dor.

Era tudo o que James sentia, naquele momento.

A queimação em seu braço esquerdo não sumia, apenas aumentava de intensidade, e ele sentia a própria sanidade escorrendo por entre os seus dedos, tal como água.

Começava a entender o que a dor podia causar a uma mente humana frágil.

Ele estava sozinho no quarto, sentia tontura, mas sabia que não era algo normal. Urrava, mas ninguém parecia escutá-lo. Em um momento, estavam ali. Em outro, estava sozinho, preso dentro de si. Sentia-se claustrofóbico naquele quarto de hospital.

Agarrou um vaso de flores, que tinha do outro lado do quarto individual, que antes era compartilhado, e jogou-o à parede, querendo ser escutado, querendo ser socorrido do que quer que estivesse o sufocando.

A primeira vez que transformou-se em cervo, depois de todo o sofrimento e dificuldade, não era nada comparada àquilo.

Perguntava-se como Remus sentia-se na lua cheia, e achava que tinha obtido a sua resposta, de uma forma que não gostaria.

O relógio não parava de girar. Em um segundo, passavam-se horas.

Como aquilo era possível?

Os fantasmas de seus pais e Marlene o perseguiam, como se tivesse entrado em um mundo alternativo ao seu, onde eles ainda estivessem vivos, sussurrando coisas em seus ouvidos.

Em um certo momento, uma enfermeira materializou-se atrás de si, e James atacou-a, assustado, acreditando que seus cabelos cacheados e bagunçados pertencessem à Bellatrix Lestrange. No segundo seguinte, outras enfermeiras materializaram-se, segurando-o pelos braços, e aplicando uma agulha longa e fina em um de seus braços.

Por mais que tentasse lutar, não foi forte o bastante. Em uma piscada lenta de olhos, o quarto voltou a ficar vazio, mas ele continuava letárgico, e sua inconsciência o puxava de uma forma irresistível.

Por fim, adormeceu, esquecendo-se da dor.

— Sem sombra de dúvidas, um feitiço — acordou, escutando esse veredicto de um dos medibruxos — Possivelmente, criado pelo próprio você-sabe-quem. Pode ser a causa dessa dor em sua marca negra, nunca escutei de Death Eaters suscetíveis aos sentimentos de seu lorde.

A porta abriu-se e fechou-se, o quarto ficou em silêncio, e James perguntou-se se não tinha dormido novamente.

— Isso piora as coisas, não? — escutou Lily perguntar.

— E quando que as coisas ficaram mais fáceis? — disse Sirius.

— Não agora, com certeza.

James abriu os olhos, sentindo a sua visão duplicar e embaçar, sem nem ter erguido-se na cama ainda.

— James! — Lily aproximou-se de sua cama, passando a mão por sua testa, preocupada — Como você está?

Apesar de tê-la ali por perto, James não pôde ficar desconfortável, ao notar o como Sirius e ela estavam próximos. Era ridículo um sentimento de ciúmes assim, considerando que, até outro dia, a única vontade que tinha era de enforcá-la.

— James? — Lily perguntou, preocupada.

Quando olhou novamente para ela, bem fundo em seus olhos verdes, ele acalmou-se quase que instantaneamente. Aquele era o efeito Lily Potter, que funcionava bem mais que um sedativo para ele.

— Você teve uma noite bem agitada — disse Sirius, cautelosamente, parecendo ter identificado algo em seu olhar.

— O que aconteceu? — ele perguntou, por fim.

Damaged MemoriesOnde histórias criam vida. Descubra agora