Oito:

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Eduardo não era um gênio, mas também nunca antes havia estado errado sobre algo.

Ele não gostava de ficar se gabando e contando sobre o quão inteligente era já que esse era um fato da sua genética; Eduardo não fazia questão de pegar livros e enfiar a cara deles, ele não precisava disso. As informações apenas eram absorvidas pelo seu cérebro e, quando Eduardo percebia, ele já sabia toda a matéria.

Eduardo não era um gênio, nunca havia estado errado sobre algo e também sempre entendia tudo.

Até o momento em ele conheceu Alina.

Ele sabia que um dia ou outro um momento com aquele chegaria: o momento em que Eduardo seria apenas confusão. Só que Eduardo sempre pensou que um momento como aquele chegaria em alguma aula maçante na faculdade e não em Lianas. É, Lianas nunca havia passado pelos pensamentos do garoto como sendo o lugar que ele não entenderia nada.

Mas justamente Lianas havia sido o lugar escolhido para que Eduardo vivesse aquela primeira vez.

Sua confusão mental não tinha nada a ver com as várias folhas que ele vinha estudando as escondidas, apesar de que todas aquelas palavras em algum momento do dia o cansavam. Mas Eduardo sabia a hora de parar e quando sentia o corpo pedindo isso, ele parava e retomava apenas quando tudo estivesse normal. Então os termos técnicos poderiam o cansar, mas não o deixavam confusos.

As atividades também proporcionaram isso a ele já que Eduardo estava habituado a toda rotina do Lianas há anos.

Todo aquele clima pesado que havia pairado no acampamento no dia em que Lua resolveu pegar as folhas emprestadas poderia causar uma dor de cabeça nele, todavia, confusão nem pensar. Ele apenas tinha que manter a cara de paisagem e de quem não sabia de nada que tudo ficaria bem.

Apenas para rir mais um pouco da cara de Eduardo, o motivo da sua confusão passou andando na frente dele.

Eduardo não conseguia entender o motivo de Alina ser o motivo de toda a confusão que sua cabeça ficou no dia em que ela dormiu no seu quarto. Ele simplesmente não conseguia entender o porquê de Alina ter aparecido apavorada naquela noite e ter decidido ficar por lá. Eduardo perguntou - é claro que ele iria perguntar - para Alina na manhã seguinte o que tinha a assustado na noite anterior.

Mas sabe o que ele recebeu como resposta para aquela sua simples pergunta?

"Isso não é da sua conta, Eduardo. "

E uma porta sendo batida fortemente.

Eduardo amava jogos de lógica e mistério e chegava a ser irônico que Alina fosse praticamente a personificação de um.

Ele não a entendia, por mais que tentasse ou até mesmo perguntasse; Alina fazia questão de ser uma incógnita na vida de Eduardo. Ela era o motivo de toda a confusão que vinha perseguindo Eduardo.

Eduardo queria entender Alina e entender o que a assustava tanto em Lianas.

O grande problema de Eduardo nessa confusão toda era que Alina não queria ─ mais ─ ser compreendida e, muito menos, contar sobre tudo que a assombrava no acampamento.

[...]

─ Os números não batem.

Foi dessa maneira que Eduardo fora acordado do seu breve cochilo naquela tarde.

De alguma maneira ainda não conhecida por ele, Eduardo tinha pego no sono enquanto terminava de ler seu livro preferido, sentado em um dos bancos do Lianas. Ele apenas lembrava-se de estar na parte em que a guerra era declarada e depois nada. Eduardo havia cochilado. E cochilado porque já faziam três noites que os papéis vinham tirando suas preciosas horas de sono.

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