Dezessete:

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Então quer dizer que o acampamento vai fechar?

O coração de Lua comprimiu dentro do seu peito de tal maneira que a garota chegou a assustar-se. Era uma dor tão profunda, tão forte, que Lua por um momento chegou a cogitar a hipótese que iria desmaiar.

Ela não queria isso.

Que Lianas fechasse suas portas, no caso.

Lua não importava-se de desmaiar, caso isso fosse salvar Lianas do possível fechamento.

Pelo amor de Deus! Quando eles reuniram todas as provas contra Ricardo e entregaram os documentos para Terê e Dolores, pelos pensamentos deles nunca havia passado a chance de o acampamento ser fechado. Eles não queriam o fechamento de Lianas, apenas queriam que... Tudo voltasse a ser como antes e que a sujeira parasse de ser escondida embaixo do tapete.

Eles queriam a verdade e o velho acampamento de volta.

Mas, pelo visto, eles talvez fossem ter apenas um dos seus desejos realizados.

Lua olhou para os seus pais, tentando encontrar nos olhares deles alguma certeza ou chance de que Lianas não fecharia, mas nada ali encontrou. Eles pareciam tão focados e interessados no que o advogado dizia quanto o restante das outras pessoas na sala de Elisângela. Na antiga sala de Elisângela, Lua corrigiu-se no mesmo instante.

Os pais deles não haviam ido embora ainda e Lua duvidava muito que algum deles fosse embora antes do fim das férias de verão. E era maravilhoso poder contar com seus pais naquele momento. Ela não havia conversando com Benvólio, Eduardo ou Alina, mas Lua sabia que no fundo eles sentiam-se da mesma maneira que ela: amparados.

Era uma loucura pensar em como as coisas haviam mudado no dia em que toda a verdade veio à tona. Às vezes, Lua precisava de um momento para entender que eles realmente haviam feito tudo aquilo durante aquele verão e que agora, depois de toda que toda a verdade havia vindo a tona, Lianas estava livre de todas aquelas pessoas que queriam o afundar. Finalmente, as coisas poderiam voltar ao normal.

Ou não já que, pelo visto, fechariam o acampamento.

Lua tentava entender o motivo de tal ato ser preciso e, no fundo, ela até conseguia entender.

O verão estava quase acabando e todos precisavam de algum tempo para colocar as coisas no lugar novamente. Alguém teria que assumir a nova direção e coordenação e até mesmo os campistas iriam precisar de algum tempo para entenderem tudo o que havia acontecido no acampamento. E, algumas garotas, precisariam dar seus depoimentos contra Ricardo e precisaram de ajuda fora do Lianas. Alina, inclusive, era uma delas.

Lua olhou para a amiga rapidamente, sentindo-se orgulhosa de Alina ter enfrentado Ricardo e ter perdido o medo de falar sobre o ocorrido do verão passado. Lua nunca desconfiou de nada antes daquele verão... Se ela tivesse prestado mais atenção, talvez Lua tivesse percebido que Ricardo era um assediador nojento, mas tão perdida no seu mundo como sempre estava, ela demorou algum tempo.

Mas seus olhos foram abertos.

Os olhos de todos foram.

O advogado tossiu falsamente, um claro sinal de desconforto e Lua voltou a olhar para ele, mas dessa vez, preferiu lançar um pequeno sorriso. Deveria ser horrível estar naquela situação, sendo o centro da atenção de todos e recebendo olhares nada bons. Veja bem, fora ele quem havia dito sobre fechar o acampamento e não havia agradado a ninguém dentro daquela sala. Mesmo que a decisão não fosse do advogado, fora ele quem anunciou a novidade para eles.

─ Por um ano, sim. ─ ele disse, afrouxando a sua gravata. ─ Mas é só por esse curto tempo. Ele precisa realmente ficar fechado no próximo ano e voltar a funcionar apenas no próximo verão... A nova direção vai assumir e é preciso de algum tempo, vocês sabem, para organizar tudo novamente e Lianas voltar a ser...

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