Capítulo 3 - Desabafo.

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Era ele ou minha irmã. As lagrimas escorrerem por meu rosto. Tratei de limpa-las rapidamente. Ouço baterem a porta.

- Sayra, abre, não quis dizer aquilo pra você. – Era Chris. Chorei mais ainda. Eu não estava acreditando que estava com um dos melhores amigos de Justin na minha casa. Devo ficar feliz? Pois é, não estou, se fosse em outros tempos até ficaria. – Ann, não quero ficar mal com sua irmã. Então por favor, me desculpe, não devia ter dito aquilo. – Não conseguia processar direito. Ele realmente amava minha irmã. Depois de tudo que o falei, ele ainda nem ficou desesperado e está na porta do meu quarto me pedindo desculpas.

Respirei fundo controlando o choro.

- Ann, está tudo bem Chris, depois a gente conversa okay, vou pro banho agora. – Silencio.

- Okay. – falou depois de um tempo.

Voltei a chorar em meu silencio arrebatador. Me encaminhei ate o banheiro e me despi. Entrei de baixo da agua que caia em minhas costas. Coloquei no mais quente possível. Fiquei lá, mais ou menos uma hora. Pensei em mil maneiras de arrumar um jeito de não ser eu a fazer aquilo e nem ninguém mas, nada vinha a cabeça. Sai e me troquei. Vesti meu pijama, iria dormir, uma ova que desceria encarar os dois, já bastava de decepções por hoje. Isso se eu conseguir dormir. Me virava de canto a canto na cama. Sai pra varanda, voltei a deitar e nada do sono vir. Resolvi descer lá em baixo, provavelmente Chris estaria no décimo sono a uma hora dessas, acho que ele foi dormir no quarto da Lany. Desci as escadas e me deparei com um monte de cobertas no sofá. Ele estava dormindo ali em baixo. Não creio!

Passei nas pontas dos pés em direção a cozinha. Não adiantou, pois Chris não estava dormindo, e se estava acordou.

- Sem sono Becker? – parei.

- Ann, só vim tomar agua. Acho bom você ter pelo menos respeito de não dormir no quarto dela, mas há outro quarto lá em cima desocupado. – disse entrando na cozinha. Peguei um copo e fui até a geladeira, peguei o suco de maracujá e enchi o copo, dizem que maracujá da sono então....

Me virei para trás e levei um pequeno susto, Chris estava parado atrás de mim com os braços cruzados.

- Me desculpa?

- Pelo que exatamente? – disse passando por ele e sentando a mesa.

- Por ter dito aquilo.

- Não disse nada além da verdade. – disse bebendo meu suco.

- Não, você não é podre, você é incrível, acho que o que você fez, foi muito lindo, você fez papel de pai com a Lohany. Por mais que você não tenha gostado de mim, eu gostei muito de você.

- Não acredito.

- Mas é verdade...

- Não, eu não acredito que você acreditou mesmo no que eu disse no mercado. – disse rindo.

- Então você gostou de mim?

- Digamos que sim. – ele abriu um sorriso de orelha a orelha.

- Mas então, quer me contar sobre sua vida? – perguntou ele.

- Ann, não tem oque saber, minha vida é chata. – disse sorrindo falso.

- Conta, eu gosto de historias chatas.

- Ann, o que quer saber exatamente?

- Sobre você. Como entrou nessa vida. – disse ele me fazendo uma careta e bebendo o MEU suco.

- Folgado! – o olhei de canto de olhos. Okay, meus pais são donos da empresa Becker, nós morávamos aqui com minha tia, quando eu tinha 16 anos. Mas a mataram no dia que eu iria a um show do Justin, no dia mais feliz da minha vida. – ri fraco e Chris ouvia tudo atenciosamente. – Eu amava minha tia, eu fiquei com muita raiva de quem fez isso. Quis me vingar, fiquei sabendo que foi um namorado ciumento dela, então, como sabia onde ele morava, peguei a arma do meu pai da gaveta e fui até a casa dele, que era onde nós fizemos o carro capotar, ele mora três quarteirões dali. – Chris assentiu. – Cheguei lá, ele estava saindo, fiquei atrás de uma caçamba que havia lá, eu mirei e atirei, na hora, senti um peso saindo em cima de mim, mas depois senti um outro sendo colocado, não acreditava que fiz mesmo aquilo, eu tentei sair correndo chorando mas, havia alguém atrás de mim. ' Aonde pensa que vai boneca? ', disse o cara. Eu não respondi, eu não conseguia falar nada a não ser chorar. Ele me disse que ia me levar pra casa, eu na hora nem pensei na hipótese de correr perigo, só assenti e fui. Paramos na frente da minha casa, dessa casa. 'Você vai fazer um favor pra mim' , disse ele, eu apenas o olhei negando com a cabeça. Ele me mandou ir a sorveteria perto de casa ou então contaria tudo para meus pais e me mataria. Fui, ele explicou tudo, tive que aceitar, eu tinha muito medo de morrer. Eu tinha 16 anos, não sabia o que pensar. Ainda mais pensando sozinha. Meus pais vieram morar aqui conosco, continuei fazendo o que ele queria, ele me mandava matar animais, roubar, ele me treinava, me ensinava tudo o que seria preciso. Eu comecei a me cortar, chorava todos os dias, meus pais me levaram no psicólogo, não contei nada mas , cheguei em casa decidida, fui onde ele estava e disse que não iria mais fazer e que ele poderia me matar que eu não estava nem ai mais. Ele não disse nada, me mandou ir embora, eu achei que ele não iria mais atrás de mim e tal, puro engano... Eu recebi uma mensagem no meu celular, ele disse "não vou te matar, seria um desperdício, mas faria você sofrer, e se não fizer o que eu quero, isso vai se repetir até chegar o ponto final!". Eu não entendi nada, fiquei apavorada, desci as escadas procurando por minha irmã e meus pais. Minha irmã estava assistindo TV e minha mãe na cozinha, fiquei aliviada até lembrar de meu pai que não estava em casa. Tentei ligar várias vezes para Jhony, mas ele não atendia. Meu pai chegou na hora em que eu iria a casa de Jhony, ele estava todo machucado. Disse que uns caras tentaram o roubar. Na hora soube que foi trabalho de Jhony. O liguei várias vezes mas, ele não atendia, decidi responder a sua mensagem. Disse que eu faria, ele mandou "boa garota'' de volta. Quebrei meu celular. – ri e Chris permaneceu sério. – Minha irmã descobriu que eu me cortava e eu contei tudo a ela, até um dia que eu me cansei disso, tudo eu iria desabafar com ela, ela já tinha seus próprios problemas e eu a enchendo dos meus. Quando fiz 19 anos, convenci meus pais a voltarem para Las Vegas e cuidar da nossa empresa e que eu já tinha idade suficiente para me cuidar sozinha.

- E como Lany ficou aqui com você? Porque não a mandou ir com eles?

- Porque ela disse que não iria me deixar aqui sozinha, e que se eu não a deixasse ficar, ela contaria tudo aos meus pais. Me arrependi por ter contado tudo a ela, convenci meus pais a deixa-la aqui. Foi isso, estou até hoje porque não sei como parar, ele ameaça minha irmã e meus pais. Não sei o que fazer, eu não gosto de matar aquelas pessoas.

Chris me abraçou, queria chorar, mas claro que não na frente dele. Era orgulhosa de mais para fazer isso, e conseguiria segurar muito bem, me tornei bastante fria fazendo o que faço.

- Bom, acho que já vou indo, obrigada Chris, acho que eu estava precisando disso, desabafar, faz tempo que não o faço, não quero mais falar disso com minha irmã, não quero a deixar preocupada....

- Ela não pergunta como você se sente? – ele perguntou.

- Sim, todos os dias, mas eu sempre digo que estou bem e que me acostumei, o que é meia verdade. – ri fraco. Me levantei para ir ao meu quarto dormir. – Se você contar sobre isso para alguém, você morre! – disse virando as costas e subindo as escadas, notei Chris atrás de mim rindo com um monte de cobertas nos braços.

- O sofá é confortável mas, prefiro uma cama.

- É logo ali. – disse apontando para o quarto do lado do meu, o meu era o último.

- Boa noite. – disse ele. Apenas balancei a cabeça e entrei no quarto.

Me deitei na cama, pensei um pouco sobre várias coisas, tentei não pensar sobre o meu trabalho de amanhã. Daria um jeito nisso. Logo adormeci.

Paga para matar (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora