"O que se passa?..."

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Capítulo I

"O que se passa?..."

Ponto de vista do Justin:

15 de novembro de 2013

Não sabia bem como me sentia. Mal me conseguia mexer quanto mais responder àquelas perguntas todas.

“Do que se lembra”

“Absolutamente nada…” estava confuso e ao meu lado uma rapariga loira bem atraente segurava-me a mão, a conter as lágrimas que lhe escorriam na cara.

A médica levantou-se sem acrescentar grande coisa. Via-se a cara de desilusão e aquele clima pesado na sala.

“E agora…?” A tal rapariga, que há pouco me segurava a mão, tentava questionar a médica mas as lágrimas e os soluços impediam-na.

Não conseguia perceber nada do que diziam. Falavam outra língua (?) A única coisa que percebia era o meu nome. Disso ainda me lembro… Onde é que eu estou?

“Justin…” cuidadosamente, ela levantou a minha mão e começou a acariciá-la. Rapidamente senti uma espécie de arrepio que me percorreu a alma. Brutamente puxei a minha mão. Não fiz de prepósito mas estava tão assustado, naquele momento, que acho que foi o instinto que me levou a fazer tal coisa. O que se está a passar?

Ela começou a chorar novamente

“É melhor ires andando…” a médica tentou levá-la calmamente até à saída. Ela saltou-lhe de entre os braços e veio na minha direção. Quem é ela?

“Vai ficar tudo bem, Justin. Eu prometo.” Levantou a minha mão novamente mas desta vez com mais cuidado. Voltou a colocá-la onde estava anteriormente: agarrada à dela. As mãos dela tremiam imenso e estavam completamente geladas. Abriu-me a mão e colocou lá um anel.

“Vamos Jéssica…” alguém a chamava por detrás da porta.

Por dentro do anel consegui ler escrito “Forever”. Olhei para ela e um sorriso inofensivo surgiu-lhe. “Para sempre, lembras-te?”

Sem saber o que dizer continuei a analisar aquele anel. Ela começou a chorar e saiu a correr do quarto.

“Espera…!” Não sei o que me deu mas algo me dizia que não a podia deixar escapar. Ela sabia mais do que eu, naquele momento. Quando dei por mim já se tinha ido embora.

Passado pouco tempo uma enfermeira veio ao meu auxílio.

Não me contive mais “O que aconteceu? Onde é que eu estou? Quem era aquela?!”

A enfermeira olhou para mim assustada e fugiu. O que é que eu disse de mal? A mesma médica que falou comigo há uns minutos atrás entrou no quarto apressada “Está tudo bem?”

“Acho que sim… Eu não quero ser mal-educado mas o que é que se passou? Onde é que eu estou e quem era aquela?”

Um sorriso surgiu mas nenhuma resposta. Não conhecia bem aquela senhora para poder decifrar o que poderia estar a pensar. Só quero uma resposta… “O que foi? Qual é a piada?!” A esta altura já estava descontrolado.

“Bem, Justin… Sofreste um acidente. Posso-te tratar por tu, não posso?” Um acidente?! Mas como?!

“Sim, claro.”- respondi apressadamente. Não era hábito responder assim mas eu só queria respostas e sabia que mas podia dar. “Como?” As palavras voavam-me. Já nem tinha controlo nelas.

“Bem isso é o que estamos a tentar perceber, mas vai ser difícil visto que não te lembras de nada…” Aquilo soou muito sarcástico. Até demasiado… O que é que ela queria dizer com aqui- “Não está a insinuar que eu me estou a fazer de esquecido, ou está?!”A raiva crescia dentro de mim.

“Eu não quis dizer isso. Quem sou eu para insinuar tal coisa? Apenas estou a fazer o meu trabalho. Mas uma pequenina ajuda era agradável. Faz um esforço…”

“Posso não me lembrar do que aconteceu mas ainda sei quem sou e não me faça passar de mentiroso…” Quem é que ela pensava que eu era?! Ela não me conhece. Ninguém conhece…

“Bom, já vi que é um mau dia. Amanhã volto. Espero que estejas mais bem-disposto” E o sarcasmo voltou… O que é que estou para aqui a dizer?

“Espere!” apercebi-me que também não a conhecia e que se queria respostas era a ela que as tinha de pedir “Peço desculpa. Só quero saber o que se está a passar…”

“Eu sei. Nós também queremos, acredita. Como te disse hoje não é mesmo um bom dia. Talvez amanhã haja progressos. Agora tenta descansar.”

Virei a cara mas antes de poder fechar os olhos a médica voltou-se para trás “Oh! Já me esquecia. Deixaram isto para ti. Talvez te faça lembrar alguma coisinha...”

“Posso saber quem foi?”

Mais um daqueles seus sorrisos surgiu “Foi aquela rapariga há pouco, a Jéssica. Lembras-te dela?” Olhou-me nos olhos mas só consegui abanar a cabeça. Jéssica?

“Só mais uma coisa. Como é que a posso tratar caso queira falar consigo?” pouco me lembrava mas sabia que esta senhora me podia ajudar.

“Ana. Drª Ana. Como te disse tenho de me ir embora. Amanhã é outro dia. Tenta descansar. Alguma coisa já sabes: chama-me.”

Mal se foi embora peguei no que me tinha dado. Era um pequeno álbum de fotografias. Para que é que era aquilo? Arrepiei-me todo mal lhe pus as mãos. Devagarinho, folheei página à página. Várias memórias surgiram-me.

Aquilo não era só um álbum de fotografias; era um livro de recordações. Em cada página surgia algo novo: recortes de revistas, fotografias, cartas, pequenos bilhetes…

Senti o meu coração a partir-se aos bocadinhos até que ela apareceu. Os meus olhos paralisaram quando descobri aquela fotografia. Era ela… e eu? Ela estava a trincar-me a orelha enquanto eu sorria como um doido. Nunca me tinha visto tão… feliz? Ela usava aquele anel que me tinha dado. Que confusão…

Mais à frente encontrei um bocado de jornal rasgado: “Justin’s New Girlfriend?”

Fechei o álbum e atirei-o compra a porta. O que é que eu fiz? O que é isto?!

Fechei os olhos, voltei-me para a janela e tentei adormecer.

“Amanhã é outro dia…” “Justin’s New Girlfriend?!” “Para sempre, lembras-te…?”

Como é possível que aquela rapariga me ponha tão doido? São quase 2 da manhã e é nela que não paro de pensar. Mas quem é ela afinal?

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