"Não te quero voltar a perder..."

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Capítulo II

“Não te quero voltar a perder…”

Ponto de vista da Jéssica:

11 de Março de 2012

Sinto-me estranha hoje e nem sei bem porquê. Quem deveria estar assim era a Diana. Hoje ninguém a consegue deitar abaixo; hoje é o seu dia.

Não percebo como é que aquele rapaz a afeta tanto. Ela nem o conhece. “Um ídolo” é o que ela lhe chama. Como é que ela pode dizer isso? Não percebo, a sério que não. Ao menos fá-la feliz. Menos mal.

“HAAAAAAA! É HOJE JÉSSICA! NÃO ESTÁS ENTUSIASMADA?!” São oito da manhã…

“Bom dia, Diana... Sim estou feliz. Por ti! Hoje é o teu dia, miúda e ninguém to tira. Isso posso-te assegurar.” Ela estava tão animada que era melhor nem começar com as minhas piadas. Já sabia que ia detestar.

“Já estás pronta?” Quis tentar acalmá-la mas parecia-me uma missão impossível. Nunca a tinha visto assim, nem mesmo quando a levei a ver o concerto do Justin em Londres. Inacreditável.

“Que raio de pergunta. É claro que estou pronta. Prontíssima até!” Uma das coisas que mais me incomodava era o facto de ela acordar logo com aquela vontade enorme de aproveitar o dia. É de manhã. Abranda um pouco.

“Di, calma. Ele é um ser humano comum. Ele come, bebe, respira, veste roupa… Sabes? Aquilo que qualquer um de nós faz?”

“Nem percebo bem porque é que ele a usa. Fica bem melhor sem ela...” Só mesmo a minha melhor amiga para me pôr a sorrir logo de manhã. Parece que ia ser um longo dia…

“Vamos mas é embora antes que a Dona se chateie.”

Íamos em direcção ao trabalho para o restaurante da Dona e a Diana não parava de falar. As minhas orelhas já me doíam de tanto a ouvir. O frio também ajudava mas nada pior do que aquela tortura. Parecia uma doida, contudo era raro vê-la naquele estado por isso, limitei-me a assistir.

Ela ficava tão bonita quando sorria. Nunca conheci ninguém como ela. Era uma rapariga do Norte, simples, morena com olhos grandes esverdeados. Conheci-a há quatro anos atrás, na secundária, e nunca mais nos largámos. Ela mudou a minha vida por completo. Esta rapariga salvou-me, literalmente. É por causa dela que aqui estou.

Ensinou-me a amar, a viver e a dar valor ao que tenho, mas sem dúvida alguma que ela é o meu maior tesouro.

“Pedimos imensa desculpa, Dona. Não volta a acontecer, prometo!” -tentei-me desculpar por termos chegado um pouco depois da hora. Sabia que a Dona não gostava disso.

Quando ia a fechar a porta reparei que a Diana ainda não tinha entrado. Olhei à minha volta e não a encontrava em lado nenhum. Onde é que ela se meteu? Volto atrás para ver se havia algum sinal dela até que olho para a estrada e lá estava ela. A dançar?

“O que é que estás a fazer? A Dona hoje até está bem-disposta. Tenta não abusar da sorte, Di.”

“Tens razão, mas estou tão feliz.” Era desta que a tinha de levar a um manicómio. Só a via a saltar e a girar e a fazer o pino (?!) Como é que ela faz aquilo?!

“Meninas, vão ficar aí o dia todo? Daqui a nada abrimos.” A Dona já estava a ficar impaciente. Por momentos esqueci-me que tínhamos trabalho a fazer. Tentei conter o riso (aquela miúda era hilariante) e tentei focar-me no mais importante.

“Agora a sério, Di vamos lá. Ou preferes passar o concerto no hospital? Acho que o Justin não iria gostar de saber…”

“Tens toda a razão.” Acho que consegui, finalmente, tirá-la dali. Mesmo assim não a consegui calar. Por cada mesa que passava tinha sempre algo a dizer. Ou defendia o Justin ou punha-se a cantar diante dos clientes. Às vezes até tentava invejar algumas miudinhas porque ia conhecê-lo primeiro do que elas, enfim.

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