"Não sofras mais por mim..."

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Capítulo XIII

“Não sofras mais por mim…”

Ponto de vista da Jéssica:

Eram nove da manhã e a porta já tocava. Já estava vestida e pronta para sair a qualquer momento. Vestia uma camisa branca mas deixei os quatro primeiros botões desapertados e as mangas arregaçadas até aos cotovelos. Ao pescoço usava um fio de prata e uns anéis nos dedos. Vestia umas calças de ganga azul justas e calçava uns sapatos pretos de salto alto.

Abri a porta um pouco apressava visto que estava a ficar sem tempo e tinha uma reunião importante logo de manhã, na Fatory.

“Bom dia.”- a Di estava do outro lado da porta e não trazia uma boa cara. Sinceramente, não estava com bom humor para a ouvir ou armar mais uma discussão com ela.

O Tiago apareceu por trás de mim, ainda a vestir o casaco e a arranjar a gravata.

“Tem um bom dia.”- diz pouco depois de me dar um suave beijo na bochecha, o que me deixou bastante desconfortada.

A Di deu mais um dos seus olhares desagradáveis e começou a olhar para o lado, fingindo que não tinha visto nada.

“Olá, Diana.”- o Tiago sorri-lhe deixando a minha casa.

A Di também lhe responde com um sorriso falso, desviando novamente o olhar.

“Agora também dorme cá?”- perguntou olhando mim.

Revirei os olhos e convidei-a a entrar, dirigindo-me até à sala ainda mais apressada. Tirou os óculos de sol que tinha na cara e fechou a porta devagarinho, sentando-se, depois, nos bancos debaixo do balcão que dividia a sala da cozinha.

“Ele só veio trazer o pequeno-almoço.”- respondi-lhe ainda com aquele comentário entalhado na garganta. Não suportava ficar calada nestas situações mas também não estava com paciência para discutir com a Di. Parece que voltámos para trás. Ela continua a insistir com o mesmo assunto e não é capaz de respeitar as minhas decisões. É a minha vida que está em jogo. Tenho de jogar pelo seguro. Estou bem como estou e sinto que finalmente tenho a estabilidade que sempre quis. Talvez ainda não a posso chamar de felicidade mas também não me posso queixar.

Há uns meses atrás os paparazzis continuavam à porta de minha casa mas acabaram por abandonar. Sou capaz de encontrar um ou dois na rua mas nada de mais. Não me importo que tirei fotografias ou algo do género, só não quero que se aproximem muito e que não tentem falar comigo. Uma das coisas que mais me traumatizou na relação que tive com o Justin foi mesmo o facto de ser atacada verbalmente por eles e por perder grande parte da minha privacidade. Ainda hoje tenho medo que isso volte a acontecer e é por isso que quero manter esta distância com ele. Assim é que eles não me incomodam de certeza.

“Jé, eu prometi que o ia ajudar. O que é que queres que eu faça?”- a Di insistiu.

“Então é isso? Uma promessa? Por favor, Di.”- ri sarcasticamente, enquanto andava de um lado para o outro à procura dos papéis que precisava. Esta conversa estava a ser longe demais. Já tomei as minhas decisões. O Justin foi uma página que já virei e não tenciono lê-la de novo. É passado. Serei a única que consegue entender isso?

“Não! Claro que não.”- falou mais alto- “Jéssica, vê o tempo que passou. O amor que ele sente por ti não mudou nem um bocadinho, até pelo contrário! As músicas, as mensagens, os telefonemas, as cartas, as entrevistas, tudo o que ele faz é para te provar isso mesmo.”- as lágrimas começavam-me a escapar dos olhos à medida que ela me relembrava dele. Tudo isto me custava porque ainda me preocupava imenso com ele e saber que o estava a magoar era insuportável. Como estava virada a Di não me viu a chorar, mas rapidamente limpei as lágrimas e continuei à procura dos malditos papéis, tentando evitar a conversa ao máximo- “Ouviste o Heartbreaker comigo logo no primeiro dia, assim como a entrevista que ele deu. Tu sabes melhor do que eu que ele está magoado…”

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