"Não nos podemos ir abaixo..."

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Capítulo XIV

“Não nos podemos ir abaixo…”

 

Ponto de vista do Justin:

“Como correu?”- o Ryan ouviu a nossa conversa toda à porta do estúdio. Estava encostado à parede e não lhe consegui olhar diretamente. Estava mesmo desiludido comigo próprio. Ele aproximou-se e sentou-se no sofá quando reparou que estava bastante frágil e que a conversa não tinha corrido bem- “Vai ficar tudo bem…”

“Não vai, não vai…”- levantei-me do sofá limpando as lágrimas que já se encontravam fora dos meus olhos- “Não percebes? Acabou.”

“Mas como é que acabou? Justin, o que é que ela te disse?”- o Ryan continuou a insistir para que lhe contasse os pormenores da conversa mas também não a queria revivê-la.

“Ela diz que me ama, que foi ela que errou, que tem saudades…”

“Vês?”- interrompeu-me- “Não podes desistir agora. Estás tão perto!”- levantou-se também e aproximou-se cada vez mais de mim.

“Tu não percebes… Ela não me quer desculpar, não quer remendar as coisas! Ela está mesmo empenhada em esquecer-me.”

“Porquê? Isso não faz sentido nenhum. Está-me a escapar alguma coisa.”- o Ryan senta-se novamente no sofá e abre o computador, bastante desconfiado. Não sabia o que estava a fazer mas, sinceramente, não liguei muito. Não conseguia tirar a Jéssica da minha cabeça. Por mais que tentasse não conseguia arranjar mais nenhuma forma de a conquistar. Parece que esgotei as ideias todas. Para além do mais, tinha a auto-estima bastante baixa, o que piorou a situação. Estava convicto de que não havia mesmo mais nada a fazer.

O Ryan parou e arregalou os olhos, a olhar bem fixamente para o ecrã do computador, levando as mãos à boca. Essa sua reação despertou novamente a minha atenção.

“O que foi?”- arrisquei perguntar.

“Acho que já percebi o que se está a passar…”- o Ryan falou ao fim de um tempo.

Sentei-me ao lado dele, no sofá, e virei o computador para mim, bastante preocupado mas também bastante ansioso por saber o que tinha descoberto. Comecei a ler o que estava no ecrã e a raiva ataca-me o corpo. Os meus olhos estavam pretos e cheios de raiva e rapidamente encheram-se de lágrimas. Não de tristeza, mas mesmo de raiva.

Fechei o computador e levantei-me do sofá bastante depressa e bruto. Levei as mãos à cara tentando-me acalmar, mas não havia maneira. Comecei a andar de um lado para o outro a tentar processar tudo aquilo.

“Justin…”- o Ryan falou quando viu que estava mesmo mal com a situação.

“Ela está com outro?!”- gritei, interrompendo o Ryan- “Claro que está com outro. Como é que eu consegui acreditar numa única palavra dela? Ela ama-me?! Pois, claro.”- estava mal com a situação e não conseguia acreditar nem um bocadinho no que ela me dizia.

“Justin, chega. Ouve-te por um segundo! Ela não é nenhuma prostituta. Ela simplesmente seguiu com a sua vida.”

“Ela vai para a cama com o primeiro que lhe aparece, ainda por cima rico, e depois vem dizer que me ama? O que é que queres que pense dela?!”- comecei-me a rir sarcasticamente ainda com as lágrimas a escorrem-me dos olhos. Nunca me passaria pela cabeça que ela alguma vez me fizesse isto. Eu sei que nós já não tínhamos nada um com o outro, mas mesmo assim. Ela disse que me amava. Ela sabe o esforço que tenho feito para a ter de volta. Porque é que ela me fez isto?! Talvez devia ter dado ouvidos aos outros e seguir em frente.

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