Ataque Sangrento

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Sentia meu corpo flutuar. Uma leve brisa o mantinha a poucos centímetros do chão, verde e com aromas frescos e naturais.
Os finos raios de sol cobriam todo o meu corpo, aquecendo-o como uma suave coberta invisível.
Após desfrutar de toda aquela calma interior, abri os olhos e fiquei de pé.
A imagem não podia ser melhor, pois Helena estava na minha frente. Agarrei-a contra mim, abraçando-a.
Porém, em vez de sentir o calor do seu corpo, senti o clima mudar radicalmente. A brisa de verão fora substituída por um vento húmido e frio.
Abri os olhos, e para meu desespero Helena havia desaparecido.
Fiquei alerta, arrependendo-me assim que ouvi um rugido atrás de mim.
Virei-me e tentei reter o grito de horror.
Lá estava o monstro, mesmo à minha frente. Jurava que aquilo era um lobo, mas nos olhos havia restos de humanidade. As garras, grandes e mortais estavam sob a relva seca e acinzentada, com um rasto vermelho intenso de sangue.
A adrenalina entrou no meu sangue como se fosse fogo, obrigando-me a correr para salvar a minha vida. Na minha mente ainda havia a preocupação de encontrar Helena, e só podia rezar para que nada de mal te tivesse acontecido.
Vi o início da floresta e não duvidei em entrar nela. Corri por e entre os grande pinheiros, tentando a todo o custo não cair, até porque se o fizesse, morreria em questão de segundos.
Sentia como o predador se aproximava de mim, mas eu não aguentava mais. Parei onde me pareceu vagamente seguro. Já não tinha a certeza para onde correr, pois sentia que andava aos círculos.
Encostei-me o mais que podia contra o tronco da árvore e tentei apaziguar a respiração
Mas duvido que tenha resultado pois senti pequenos ramos partirem-se por perto.
Olhei para o céu, coberto de nuvens e sem restos de estrelas. Até a lua parecia ter medo do predador.

Acordei gritando, estava em meu quarto, olhei em volta assustado sem entender nada. Meus pais vieram correndo em minha direção

- Pai como cheguei aqui?
- Nossa vizinha nova o trouxe pra cá e não entendemos como ela te acho - disse ele em tom de gratidão
- Mas isso é estranho demais!
- Filho o que você viu naquele cinema? - perguntou sério
- Eu não sei! - recusava-me a lembrar daqueles momentos terríveis que tive na noite passada

Meu pai não insistiu em sua pergunta, foi embora do meu quarto pouco depois, a janela estava aberta, o sol batia na minha cama e senti em minhas pernas o calor que ele trazia, olhei para minhas canelas, elas estavam enfaixadas e sentia ainda aquela queimação que havia sentido antes de cair desacordado na rua, aquelas pernas que vi antes de tudo ficar escuro não parecia ser as de minha vizinha, mas não deu para perceber completamente o local todo estava escuro, levantei com dificuldade e andei até o banheiro, precisava tomar banho e queria esquecer o que aconteceu naquela noite terrível a todo custo.

Fiquei meia hora no banho perdido em pensamentos enquanto a água caia em minhas costas apoiei a cabeça na parede gelada do banheiro sem entender nada do que aconteceu e apenas uma palavra ecoava na minha cabeça, lobisomem, por mais absurda que fosse a ideia tinha certo receio de que André tivesse razão, após o banho me vesti e fui para o jardim, queria respirar.

Ao sentar na varanda de casa fiquei a olhar para a rua, minha vizinha estava no seu jardim a mexer nas rosas, decidi me aproximar dela, queria logo saber como ela me achou (se é que ela me dará a resposta para isso) caminhei lentamente até a pequena mureta e me escorei nela.

- Como você me encontrou? - disse sem desviar do olhar dela
- Apenas estava passando por ali e te vi jogado no chão com todo aquele sangue, calculei que não era normal isso e te trouxe pra cá - fincou a pazinha na terra
- Muito estranho você passar ali por acaso justo depois do ataque que teve ali - disse encarando-a irônico
- Se eu estava passando ali ou não, não te diz respeito! Agora sai daqui, gosto de ficar no silêncio - disse de maneira arrogante
- Não precisa ser assim, mas com um monstro daqueles a solta você deveria tomar cuidado
Victoria gargalhou
- Não precisa se preocupar comigo, até por que esse suposto monstro atacou você e não a mim, agora saia!

A arrogância dela me enfureceu, levantei do chão e nem olhei para trás, caminhei até chegar na varanda, ao chegar lá sentei-me novamente. O dia hoje foi bem cansativo, dormi quase o dia todo por conta do remédio que estava tomando para aliviar a dor que sentira desde o ataque.

***********

Eram mais de 18h00 min quando André chegou em casa para conversarmos, novamente ele queria falar comigo sobre suas teorias.

- Por que não vem checar? Olha a coisa é séria - disse sério
- André não sei por que tem tanta fixação assim por sobrenatural - tentei transparecer incredulidade na voz, porém minha tentativa fracassou
- Deve estar se perguntando sobre o ataque do cinema - fiquei curioso (André tinha uma capacidade de persuasão intensa, as vezes conseguia fazer seus pais fazerem suas vontades com isso)
- Como você soube? - ajeitei-me na cama para sentar-se
- Como eu sei? Você não foi o único a estar lá na hora, tava cheio de gente então já sabe né - riu ironicamente
- O que iremos fazer - nesse mesmo segundo pude ouvir uma comemoração rápida vindo da parte dele
- So vamos checar uma coisa, é rápido prometo - disse em tom convincente
- Tá! Eu vou com você, espero que seja rápido mesmo, minha perna ainda está ruim - olhei para o relógio depois disso - São 18h10 min. vamos ver isso em meia hora no máximo! Vou desligar agora
- Tchau! - seu tom entusiasta me contagiou no momento
- Tchau - desliguei o celular

André chegou rapidamente em casa e assim que chegou fomos para o local indicado por ele, André estava com uma bolsa com lanternas e outros equipamentos para fazermos uma busca na mata.

- Não entendo por que quer tanto ir na matinha aqui perto de casa - o olhei sério
- Só quero saber se é mesmo verdade o que falam sobre essa mata, se algum animal perigoso vive aqui - disse ascendendo a lanterna e caminhando mais para dentro da mata que estava cada vez mais escura por conta da noite que avançava cada vez mais
- Volta pra ca, eu não vou seguir você seu lunático - disse ficando ali parado, a princípio não queria seguir ele, porém minha curiosidade tomou conta de mim e me fez de maneira impulsiva seguir ele.

Andamos mais para dentro da mata, rapidamente ouvimos um som estranho, sai em disparada mesmo com as canelas ainda doloridas, consegui correr, mesmo mancando muito, André riu inicialmente pude até ouvir sua risada, mas ele também acabou correndo para outra direção, bati de frente com uma árvore e vi novamente aquela criatura bestial, ela estava com a boca toda suja de sangue misturada com a saliva que a envolvia.
Meu coração pulou nesse momento e senti um calafrio dominar meu corpo todo, corri para longe, a criatura veio atrás de mim, consegui me esconder atrás de uma das árvores e ao olhar para frente vi alguns corpos jogados no chão que estava todo banhado de sangue alguns estavam com os órgãos de fora.
Senti algo pingar em mim ao virar minha cabeça lentamente olhei para cima e vi outra pessoa, ela estava dependurada na árvore, corri desesperado ao ver a cena, o lobisomem não me viu, consegui se esconder em outro canto, para todo canto que ia via mais e mais corpos, muitos morreram ali naquela noite, quando finalmente consegui sair de dentro da mata levei um susto ao André aparecer na minha frente todo sujo

- O que foi aquilo? - gritou eufórico, sua euforia era por saber que estava certo - Hoje é noite de lua cheia é muito coincidência isso - apontou para a lua que estava enorme essa noite
- Você ficou louco? Ficar assim feliz desse jeito por conta de um animal bestial como aquele? - sai de perto dele e fui para a direção que achava ser minha casa

Quando cheguei perto de minha casa vi um vulto escuro indo em direção a casa de Victória, fiquei assustado, porém entrei em casa velozmente, queria me esconder a dele, nem queria saber se meu amigo estava bem ou não, ele me meteu nessa confusão e também entrou nessa fria sozinho, pode muito bem se livrar dessa fria. Olhei pela janela do meu quarto e vi novamente o vulto escuro passar perto da casa de Victória, e depois não o vi mais, será que ela o viu? Será que ele vai pegar ela? Essas perguntas vagavam em minha mente atordoada por conta dessa noite, sentia que as coisas nunca mais seriam normais novamente para mim. . .

Agradeço a todos com muita alegria que leram e que estão acompanhando a historia, qualquer duvida ou sugestão podem mandar mensagem para mim que irei responder assim que conseguir entrar aqui e responderei todas as perguntas

Livro I: A Vizinha MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora