Dia Sombrio

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   P. V. O. Manuel

   Os dias seguintes foram bem tranquilos na vizinhança, o que eu havia visto na casa de Victoria ainda rondava minha mente, meu pai estava animado com a vinda de meu tio, ele virá nos visitar muito em breve, estavam todos empolgados (principalmente meu pai que é escritor e esta querendo lançar um novo livro com uma editora menos transigente, no caso a editora que meu tio trabalha). Ele veio questionar-me sobre a vinda de Helena para esse grande dia que ele chegará.

   – E Helena?

   – O que tem ela? – perguntei abaixando o livro que estava a ler em cima de minha cama.

   – A convidou para vir pra cá amanha?

   – Claro pai! Ela ficou empolgada demais em vir.

   – Que ótima noticia, lembro que você ficou de apresentar Helena a toda a família, já que estão namorando há tempos – disse sorridente.

   – Pai ainda não estamos juntos, eu falarei com ela sobre o que sinto.

   – Eita boa sorte filhão! Sua irmã vai entrar na sua escola na semana que vem.

   – Tinha que colocar ela na mesma escola que eu?

   – Foi o melhor a se fazer, ela estava querendo mudar daquela escola há tempos e sabe como sua irmã é! Quanto mais contrariada mais a Katherine irrita até que mudemos de ideia – disse baixinho, estava receoso que ela o ouvisse.

   – To até vendo no que isso vai dar – disse serio.

   – Manuel entenda que sua irmã é complicada.

   – Não temos muita escolha – acabei rindo logo em seguida.

   Meu pai saiu após receber uma ligação de meu tio. Desci as escadas rapidamente, estava disposto a ir buscar Helena para o dia de hoje, ela ficaria animada com tudo isso sem duvida que sim. Estavam todos tão ocupados com a arrumação das coisas para a chegada de meu tio que ninguém notou que eu sai de casa e fui para a varanda.

   Ao chegar na varanda procurei por minha bicicleta, olhei para todos os lados e a encontrei no quintal, peguei e comecei a andar pelo jardim de casa, vi Victoria mexendo novamente no jardim da casa dela, estranhamente parecia feliz, sempre via ela com a cara fechada e nunca entendia nada vindo dela. Ela me encarou por alguns segundos e depois voltou aos seus afazeres.

   Abri o portão e fui pedalando pela calçada em direção a casa de Helena, o caminho era rápido, mesmo nesse frio de lascar dava para ir até a casa dos outros de bicicleta, sentia o vento gelado encontrar-se comigo, batia em meus cabelos e os fazia esvoaçar para todos os lados. As arvores nessa época do ano tinham uma aparência grotesca por conta do inverno, estava distraído admirando as casas da vizinhança (o povo daqui tinha casas muito lindas, algumas de madeira escura e outras em tons mais claros e vivos, lembro de ter visitado certas vezes as casas da vizinhança, meu pai conhece quase todos aqui e então isso fazia com que ele sempre fosse em reuniões com amigos da vizinhança alem de ir em algumas festas como aniversários).

   Levei um susto quando vi que havia um carro me seguindo, meu corpo todo gelou, comecei a pedalar mais rápido assustado com aquilo que estava me acontecendo, uma gota de suor se formou em meu rosto e escorreu lentamente, o suor era de pânico por que estava frio demais ali pra suar, quanto mais pedalava mais o carro acelerava, até que a bicicleta bateu numa arvore e cai (sempre fui um desastrado para andar de bicicleta), rapidamente levantei assustado e sai em disparada, deixei a bicicleta para trás sem se quer me importar se alguém a roubaria, o que importava para mim naquele momento era salvar a mim mesmo.

Livro I: A Vizinha MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora