Tormenta

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    Após o fim daquela confusão toda parti em disparada para minha casa, queria sair a qualquer preço da casa de Victoria, pois o clima para mim naquela casa sempre era tenso demais, ao chegar em casa minha mãe questionou-me sobre a demora em chegar, mas somente respondi que queria fazer minha lição de casa antes de conversar. Subi correndo as escadas e assim que vi a porta do meu quarto entrei lá, precisava por os pensamentos em ordem, minha cabeça estava um emaranhado de pensamentos confusos que me faziam imaginar coisas tenebrosas demais, conseguia lembrar com riquezas de detalhes a cena dos corpos que vi na mata, todos banhados em sangue, alguns estavam com os olhos abertos dando para ver o pânico que haviam sentido.

     Meu pai bateu na porta (para meu alivio) me tirando dos meus pensamentos obscuros que a tanto me perseguiam (meu pai tinha cabelos lisos e bem grandes, costumava deixar ele penteado nem tanto para cima e nem tanto para baixo, até por que faria franja com isso, eles eram grisalhos e entregava a idade que meu pai tinha, 46 anos, embora ele negasse quase sempre. Meu pai usava óculos por conta da idade mesmo e de um problema de visão que ele tinha).

   – Venho lhe contar uma boa noticia filho! – disse empolgado, ajeitei-me na cama.

   – Que noticia seria essa? – ao ajeitar-me e ver seu sorriso acabei sendo contagiado, meus pais sempre tinham essa capacidade comigo.

   – Seu tio Jonh vai vir aqui! Ele chega hoje, ontem conversamos sobre o meu livro que irei lançar na editora onde ele trabalha, ele quer aproveitar para vir nos visitar – disse me encarando

   – Nossa! Pai eu fico feliz pelo senhor, e irei gostar muito que meu tio venha nos visitar, há tempos que ele não nos visita – sempre que ele vinha saia bastante com meus primos e com ele.

   – Não se esqueça de trazer Helena.

   – Claro que não esquecerei pai! Helena virá aqui.

   – Ótimo, sua irmã quer te contar uma coisa. . . – iria terminar quando minha mãe o interferiu gritando-o lá da cozinha – Espero que você e Helena não se tornem malucos como seus pais são – riu.

     Cinco minutos depois de ele sair, minha irmã entrou, sentou-se ao meu lado na cama e encarou-me seria.

   – Maninho eu consegui convencer nosso pai a me colocar na sua escola, estou tão empolgada – disse dando pulinhos na cama

   – Já até sei por que quer tanto ir para a minha escola – disse e peguei o celular olhando para a hora.

   – Manuel já te disse para não se meter em meus assuntos.

   – Eu não quero que você fique de gracinha com meus amigos, principalmente o Andre, ele é bem mulherengo! – coloquei o celular no criado mudo.

   – Olha se você continuar com isso conto para Helena que fica indo na casa da vizinha.

   – Faremos assim, você não se mete em meus assuntos e eu não me meto nos seus, ok? – estava ficando enfurecido.

   – Ta bom! Não vale a pena ficarmos brigando! Irei estudar na sua escola e ponto, não quero saber se você vai ou não desaprovar.

   – Espero que não se coloque numa fria!

     Katherine me encarou longamente levantando-se da cama logo depois indo em direção a porta para sair de meu quarto, estava furiosa comigo, mas no fundo sem duvida ela sabia que eu tinha razão, e que não deveria ficar tentando algo com o Andre por conta do passado dele. Recebi uma mensagem anônima no meu celular. Cuidado garoto, você anda mexendo com o perigo e com forças nas quais você desconhece! A mensagem me fez sentir um calafrio dominar-me no segundo em que a li, peguei o numero da pessoa que me mandou mensagem no celular e tentei ligar, ninguém atendeu, apenas chamou, a cada segundo que passava durante a minha tentativa de ligar para seja quem for essa pessoa, eu sentia meu coração disparar ainda mais, minhas mãos estavam tremendo no momento que peguei o celular para discar o numero e um pavor forte me dominava naquele momento. Uma gota de suor se formou em minha testa e escorreu pelo meu rosto por conta da minha ansiedade, inúmeros pensamentos me vieram a mente, mas as três vezes que tentei entrar em contato com a pessoa foram em vão, o celular apenas chamava, ninguém do outro lado da linha atendia. Lancei meu celular na cama e decidi sair para respirar um pouco de ar puro, esses mistérios e essa confusão toda me deixava cada vez mais assustado.

     P.V.O. NARRADOR

     Victoria chegou na casa escolhida por Mauro, sentia em seu intimo que por mais boa que a intenção de seu primo fosse ele tinha tomado a decisão errada, o seu maior temor era que o Conselho se voltasse contra eles (não seria a primeira vez), assim que desceu do carro caminhou em direção ao jardim abrindo o pequeno portão da frente logo em seguida.

     Ao ver aquelas rosas cultivadas no jardim de maneira tão zelosa lembrou-se de um tempo em que as coisas eram mais simples, um tempo que não era perseguida e muito menos odiada por aquela pessoa desprezível que a seguiu antes de conseguir ajuda com seu primo.

     Victoria pegou uma das rosas, não a tirou de seu ramo, apenas se abaixou e a cheirou, ao fazer isso notou o contraste de cor entre sua pele fortemente pálida e a rosa de um tom de vermelho que poderia ser associado ao sangue, olhou para o lado e ao fazer isso viu um de seus mais novos vizinhos, ele estava estático a encarar ela, Victoria sentiu certo repudio ao ver ele dessa maneira, mas acabou não dando bola para ele, pois precisava entrar para arrumar as poucas coisas que trouxera consigo para morar naquela casa, Mauro traria o resto de suas coisas nos próximos dias, caminhou pelo restante do jardim ainda receosa por conta de sua perseguição, colocou as malas pequenas de frente a porta e a abriu logo em seguida. Sua respiração estava ofegante, ainda sentia medo, olhou para todos os lugares da sala assim que entrou, encarava tudo, o medo ainda estava em seu coração, não importava para onde ia, sempre iria sentir esse pavor forte, a sala era bem decorada, havia uma estande cheia de livros, três janelas haviam ali, porem entrava pouca luz mesmo com essa quantia, aos poucos Victoria começou a sentir a calmaria do ambiente e um pouco de paz.

     Sentou-se no sofá começando a sentir-se em paz, até que recebeu uma ligação, atendeu o celular.

   – Alo?! Quem é? - disse curiosa 

   – Acha mesmo que escapará de mim?! Ainda não sei onde esta, mas para eu saber será questão de tempo e ao saber disso eu irei caçar você! – disse a voz rouca do outro lado em tom tão maligno que fez Victoria estremecer e sentir suas pernas ficarem bambas.

   – Me deixe em paz! - gritou gaguejando um pouco, seu medo era tanto que mal conseguia controlar o seu corpo, ele todo estava tremendo 

   – Paz?! Você jamais terá paz e eu farei da sua vida um inferno. . . – desligou logo em seguida.

Ela levantou-se do sofá aveludado que houvera sentado, andou de um lado a outro em pânico, em sua mente só se passava uma coisa "impossível ele me encontrar aqui, ele não vai te achar! Ele esta blefando!" tentava inutilmente se convencer de que estaria salva nessa cidade, porem sentia que isso não era verdade, não importava a cidade que ela ia, esse homem sempre a seguia e junto com eles sempre era deixado para trás muito sangue. Escapar dele dessa vez será uma tarefa ainda mais árdua do que da ultima vez.


                                          Boa Leitura a todos os meus amigos leitores, agradeço desde já por vocês dedicarem um pouquinho do tempo de vocês a ler cada capitulo dessa história

Livro I: A Vizinha MisteriosaOnde histórias criam vida. Descubra agora