Livro I: A Vizinha Misteriosa

A Casa de Victória

   Aquele vulto que vi me encheu de dúvidas, não conseguia parar de encarar a janela, precisava descobrir todos os segredos que ela tinha, senti essa vontade aumentar ainda mais dentro de mim até por que de algum modo Victória está ligada a tudo que está acontecendo de estranho nessa cidade.
     O vulto não vi mais e com o avançar da noite sentia o sono pesar sobre mim que estava a aumentar cada vez mais me fazendo cogitar a possibilidade de deixar isso para outro dia, deitei-me na cama e adormeci, a noite foi longa e árdua, acordei com sons de correntes na casa de Victória. Alguém parecia estar preparando-se para acorrentar algo ou alguma pessoa, só conseguia ouvir o sons dessas correntes sendo arrastadas.
     O som alto que aquilo fazia me causava uma sensação de pânico assustadora, sentia um impulso de curiosidade pra levantar da cama e ir ver o que estava a acontecer lá na casa de Victória, levantei da cama com o intuito de ir a cozinha tomar água, ao chegar la abri a geladeira peguei uma garrafinha de água gelada ao fechar a porta Katherine estava lá como se fosse um fantasma

   - Sentindo insônia irmãozinho
   - E você sempre a esgueirar pela casa - a encarei
   - Não esgueiro pela casa, apenas estava indo dormir
   - A essa hora? - apontei para o relógio que registrava 02h30 min. da manhã
   - Sim qual o problema? Estava assistindo filme de terror!
   - Então as correntes que ouvi estavam vindo da TV? - a encarei sério e guardando a garrafinha na geladeira de volta
   - Por que? Estava com medo maninho? - gargalhou intensamente

     Nem respondi e fui para meu quarto, só queria saber de voltar a dormir, ao chegar no meu quarto ouvi novamente aquelas correntes sendo arrastadas, se minha irmã foi dormir isso significa que só podia vir da casa de Victória e que ela estava a mexer com essas correntes. Rolei na cama inúmeras vezes até finalmente pegar no sono, acordei com o som dos pássaros assobiando alto, era manhã de sábado, uma manhã fria e chuvosa como a maioria das manhãs aqui na cidade onde moro. Estava convicto de que só descobriria qual ligação de Victória com tudo isso se entrasse na casa dela, somente assim poderia descobrir tudo que precisava saber, se ela tinha ou não alguma ligação com tudo isso.
     Passei a manhã toda esperando uma oportunidade de poder entrar lá, foi uma coisa que exigiu muita paciência de mim, esperar e esperar não era uma tarefa fácil, Victória não saia nunca lá de dentro daquela casa, só saiu por volta das 10h40 min.
     Senti que aquele seria um bom momento para eu poder entrar na casa dela, me aproximei da nossa pequena mureta e pulei para a casa dela sem que ela me visse, olhei para todos os lados para certificar-me de que ninguém estivesse a me olhar e abri uma das janelas da casa bem lentamente, temia que a janela fosse fazer algum barulho e me denunciar na tentativa de invasão, no entanto para a minha sorte a janela não esboçou som algum, entrei lá rapidamente, me escondi atrás do sofá, tinha caído dentro da sala, ela era bem rústica os móveis eram de madeira bem escura e entrava pouca luz vindo das janelas que haviam na sala, andei lentamente tentando fazer o mínimo de barulho possível, repentinamente ouvi Victória mexendo na porta da sala, ela a abriu e entrou.
     Movi-me rapidamente assustado em busca de algum lugar para me esconder, abri uma das portas que ali havia e entrei, era um cômodo escuro, mas não me importei muito com isso, fechei a porta vagarosamente, fiquei olhando pelo pequeno buraco da fechadura, Victória não passou ali, minha respiração estava ofegante, sentia uma adrenalina muito forte tomar conta de mim, apenas vi a sombra de Victória depois de ficar uns minutos ali.
     Ela passou ali perto e depois de ter passado por ali abri a porta lentamente, procurei alguma coisa que indicasse um possível porão dentro da casa, após muita procura consegui encontrar uma pequena escada que levava para o porão, desci e no último degrau havia uma porta, tentei abrir, mas ela parecia estar trancada, a todo custo empurrei a porta para frente e para a minha direção, mas ela não cedeu. Parei no exato momento que senti que havia alguém atrás de mim, pude ver a sombra da pessoa na parede e virei-me para trás pra ver quem era.

   - Invadindo a casa dos outros assim?
   - Eu posso explicar Victória - disse ao virar-me completamente
   - Não quero saber de suas explicações, vou acabar com isso agora, irei te denunciar por invasão de privacidade - disse me encarando enfurecida
   - Por favor eu só queria saber uma coisa - senti um calafrio enorme tomar conta de mim
   - Então você decidiu invadir pra saber?
   - Eu ouvi você mexendo com correntes ontem! Acredito que você seja uma assassina em série - disse e ao falar isso senti meu peito pulsar descompassado
   - Seu tolo - gargalhou alto e logo em seguida me olhou maliciosamente - Quer mesmo saber meus segredos?
   - O que? - a encarei sem entender
   - Pois então irei contar um segredinho para voce - gargalhou novamente
   - Depois que você chegou muitas coisas aconteceram aqui na vizinhança
   - O segredo que tenho naquele porão Manuel é que não te interessa nada daquilo! - disse se aproximando de mim - Não tenho outros segredos além desse
   - Está a me dizer isso pra me distrair - comecei a subir as escadas
   - Ora você não estava obstinado a me conhecer? - riu maliciosamente
  
     Victoria me encarou séria, não sabia o que estava a sentir naquele momento, um misto de medo e euforia tomava conta de mim, Victória me fez sinal para sair da casa dela, subi as escadas e a encarei nos olhos, ficamos na mesma altura, vi que em seus olhos havia uma intensidade que me causava arrepios em todo o corpo, naquele exato momento um medo tomou conta de mim, a imaginei matando aquelas pessoas que vi na mata e vi seus olhos mudarem de cor repentinamente, mudaram de cinza para um tom de castanho bem leve, me afastei dela e fui em direção a porta, a abri e fui embora.
     Queria sair dali, aquele ambiente tornou-se insuportável pra mim, Victória apenas me seguiu e tudo que pude ouvir foi o jeito que soltou o ar, parecia estar bufando por conta do que fiz, ao chegar na sala vi o homem misterioso que entrou na casa dela aquele dia, ele lançou um olhar fuzilante para cima de mim, estava cheio de ira e chegou até levantar do sofá, só não prosseguiu por que vi que ele encarou Victória e ela o lançou um olhar de desaprovação, eles eram estranhos e tinham uma relação estranha, rapidamente ao passar perto dali eu vi um pedaço de pano, reconheci rapidamente, era da minha calça, estava jogado no chão o que aquilo estava fazendo ali? Eu nunca saberei se continuar com essas atitudes. . .

Peço desculpas se as cenas quentes entre Manuel e Victória não ficarem muito legais, estou me esforçando para que saia tudo perfeitamente bem, agradeço a todos vocês meus leitores com muito carinho