Prólogo

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   Entro no velho estabelecimento silenciosamente. Com a cabeça baixa e com minha capa negra cobrindo meu corpo e face, sigo ao balcão e sem ninguém perceber, pego o rum que alguém deixou de sopa. Aquele cheiro de homens fedorentos, sem tomar banho há dias, me intriga. Eles são uns bárbaros, insolentes, rudes. Pensam que por eu ser uma mulher não tenho os mesmos direitos que eles, que eu deveria continuar dentro de casa, obedecendo ao homem da casa. 

  Um ar pesado me envolve então. Fiquei perdida em meus pensamentos e não havia percebido que todos estavam calados. Me encarando. Como se continuasse presa à meus pensamentos, fico quieta. Mas um homem de meia idade, gordo e bêbado vem questionar-se sobre o seu claro rum roubado.

  -Ei, cara, qual parte do " esse Rum é meu" você não entendeu?

  -A parte do cara.

  Tomei o último gole, mostrando que não tinha medo dele. Seu rosto enfureceu-se, suas mãos imundas vieram em direção ao meu ombro, num ato de jogar-me ao chão. Todavia, foi inútil. Antes que ele pudesse encostar em mim, agarrei seu braço, torcendo-o e jogando seu pesado corpo contra o balcão. Pego a garrafa de rum e atiro em sua cabeça. Todos se levantam, furiosos.

  -Maldita! -O homem, que agora tem um corte na cabeça, contra ataca. Inútil novamente. Desvio de seu golpe de esquerda e ele cai ao chão. Em sua mão direita ele puxa uma adaga e, virando todo seu corpo, tenta pegar-me de surpresa, mas paro seu movimento com minha mão esquerda e, sem mostrar piedade, torço seu punho, removendo sua adaga e enterrando-a em sua costela direita. Seu grito de dor ecoa pelo estabelecimento. Minha mão sangra com o corte, porém não ligo pra aquilo naquele momento. De repente um homem barbudo sai do meio da multidão que se aglomerou para ver o que estava acontecendo. Ele pergunta:

  -Quem é você, rapaz?

  -Sou tudo, menos rapaz. - Tiro meu capuz para que todos me vejam. Com isso todos entram em choque, indignados por eu ser uma mulher. -Podem me chamar de AnDy - Atravesso a multidão, que abre caminho para meu passar, e desapareço no horizonte em meu cavalo negro, sem olhar pra trás.

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