Capítulo 7

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   Ao total, eram 13 capitães. Todos eram muito diferentes. Um dentre eles parecia um pouco mais simpático, que era um outro velhinho. Nem parecia que sabia lutar direito. Seus movimentos eram lentos e leves.

  Capitão Lence, o mais velho entre os demais piratas, começou a reunião. 

  -Acredito que poucos saibam o por quê desta reunião repentina. 

  -Capitão, perdão interrompê-lo, mas onde estão os capitães da região 6 e 11?- um dos homens sentado na cadeira fez a pergunta. Ele era jovem, tinha um porte atlético. Seus cabelos loiros eram longos e brilhantes, o que combinava com seus olhos cor de mel. Devo imaginar os olhares que ele recebe das mulheres. Era de uma beleza de se admirar, devo admitir. 

  -Cada capitão aqui representa uma região de atuação. O mais velho, Lence, é da primeira. Nós somos a 7º região- sussurrou Jake em meu ouvido, sem chamar a atenção.

  -Capitão Ren, é sobre isso que se trata essa noite. Os navios dos nossos companheiros, Tomás e Bredd, foram afundados. 

-Como assim?- exclamou um dos capitães, que pela ordem das mesas, deduzi ser o da região 3. Ele era um negro alto, forte, com belas feições. Seus ombros eram de uma largura quase duas vezes maior que o meu e suas mãos continham marcas de batalha. Deve ser impossível derrotá-lo em uma luta corpo a corpo. 

  -Alguém os atacou e os afundou completamente.

  -Quer dizer então que quem os atacou não estava apenas querendo roubar seu ouro ou fazê-los de escravo. Estava com a intenção de matá-los.

-Mas para derrotar dois de nossos capitães, tal pessoa deveria conhecê-los muito bem. Seus métodos, seus pontos fracos, a área de atuação deles.- Disse meu capitão. 

  -O que está insinuando, Reiky?- O da 10º região se pronunciou. 

  -Que esse assassino é alguém esplendido ou que alguém aqui está vazando informações restritas a inimigos. A terceira alternativa é a que eu não quero acreditar que seja possível, porque senão teríamos um traidor entre nós, e não somente um vazador de informações. 

  -E por que olha para mim enquanto fala, Capitão sabe tudo- a grave voz do Capitão Hades tomou a sala.

  -Porque acho que foi você que os matou. 

  Um reboliço se iniciou no salão. Os dois se encaravam, como se pudessem a qualquer momento sairem lutando. Acho que agora aquela arena não me parecia tão absurda assim. 

  -Já chega! - Lence bateu três vezes o martelo. Todos se calaram.

  -Não confio nele.

  -A questão aqui não é de confiança, Reiky, e sim de justiça. Descobrir a verdade. 

  -E o que propõe que façamos?- pergunta um capitão com traços japoneses, da 13º região. 

  -Quero que vasculhem as cidades, descubram o que está havendo por ai. Percorram as regiões que esses capitães cobriam. E o mais importante: Não deixem nenhuma informação vazar. Ao primeiro sinal de vazamento de qualquer um de vocês, terei que considerá-los traidores. Não posso permitir que mais nenhum capitão seja perdido. 

  Todos concordaram com suas cabeças. Em nenhum momento meu capitão e Hades pararam de se encarar. Quem percebeu a tensão entre os dois, claramente decidiu ignorar ao invés de entrar no caminho deles.

  Lence ergueu sua mão direita, apontando seu anel para o centro da arena. Todos os outros fizeram o mesmo. 

-13 regiões, 13 capitães, união, força, harmonia, justiça. Combata, vença, lute, morra. Continue, sem olhar para trás. Vida longa ao congresso.

-Vida longa ao congresso- todos disseram, em uníssono. 

  Três batidas de martelo se seguiram.

  -Declaro encerrado esse congresso.

***

   Estávamos esperando por nossos barcos quando Capitão Hades se aproximou para subir em seu respectivo barco. Ele trombou com Reiky de propósito, o olhando com um sorriso sarcástico em sua face.

  -Então quer dizer que acha que eu fiz tudo aquilo. Perder meu precioso tempo com dois babacas como o Tomás e Bredd? 

  -Deduzo que tenha feito. Olhe para toda essa sua roupa, suas joias. Da ultima vez, pelo que eu me lembre, você não tinha toda essa riqueza. E agora, de uma hora pra outra, está no topo. 

   Ele riu.

  -Não o fiz sozinho.

   Das sombras, uma bela mulher surgiu.

   Como eu não vi ela lá dentro? Eu procurei por uma mulher antes e não havia. 

  Seus cabelos eram castanho escuro e suas roupas eram um tanto vulgares. Caminhava confiante, demonstrando possuir um poder que eu não conseguia compreender. Ela não olhava para ninguém, apenas para seu capitão. Porém, ao passar por mim, parou. 

  Seus olhos focaram no chão, como se ela estivesse focando sua atenção em algo. Foi então que ela virou sua cabeça para mim. Seus olhos me encararam e uma sensação estranha invadiu meu corpo. Que sensação era aquela? Quem era aquela mulher?

  Seus olhos eram de um azul fosforescente, gélido, sem vida. 

  Ela semi serrou os olhos virou um pouco sua cabeça, analisando-me de cima a baixo. Se aproximou de meus ouvidos e sussurrou o que eu não queria que ela dissesse em voz alta de jeito nenhum.

  -Sinto cheiro de mágica, garoto...

  Ao se afastar, pude perceber seu sorriso maquiavélico. Ela se virou então, como se nada tivesse acontecido e entrou no barco, sendo seguida por seu capitão. 

  -Até o próximo encontro, Capitão Reiky.

  Eles então se afastaram da tábua, desaparecendo pela brecha na pedra. 

  -O que era ela?- pergunto, tensa com medo de alguém ter ouvido suas palavras.

  -Uma bruxa- disse Jake.

  -Não uma simples bruxa. Ela é uma semi-elementar. 

  -O que isso quer dizer?- perguntei. Nunca havia escutado aquele termo.

  -Quer dizer que vocês não devem chegar perto dela. E que Hades está em um nível totalmente diferente agora.

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