Capítulo 1

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      Após cavalgar dias, chego finalmente à costa! Como estou com fome, decidi parar em algum lugar para comer. Enquanto espero o lanche, noto o forte cheiro de peixe no estabelecimento. Pescadores. E pelo visto o local é bem frequentado. Muitas pessoas, com o entardecer do dia, entram no bar. 

    Uso o meu capuz e capa de costume. É ainda mais perigoso eu ficar exposta para os pescadores, pois eles poderiam me ver entrando em algum barco pirata e me denunciar. Se isso ocorresse, eu seria morta. 

    O lanche chega fresquinho e o devoro em instantes. Eu ainda tenho muito o que fazer! Preciso procurar algo para me disfarçar. Se eu conseguir me passar por homem, vou poder viajar pelos mares e descobrir mundos como sempre sonhei. 

   Quando eu ia levantar, porém, uma conversa me chamou atenção. Na mesa de trás, dois homens com forte odor de álcool conversavam. Suas mentes claramente não estavam em sã consciência, pois a tentativa de sussurrar era falha.

    -Pois eu juro pra ti!- Falou um deles, gritando- eu vi com meus próprios olhos!

    -Ah! Conta outra! Ta dizendo que tem uma bruxa na cidade que realiza desejos?- Rebate o outro, em meio a soluços.

    -Mas é claro! Mas pelo que eu ouvi, não é qualquer um que ela atende não. Algo é preciso para você ter o que quer.

    O outro ri.

    -Ora, ora! E quem disse que eu preciso de permissão? Eu consigo fácil, fácil.

    -Acha mesmo?!- interessa-se o de tom de voz mais alta.

    -Mas é claro!! Olha só como eu sou gostosão e todo galã!

    -Com essa pança ai você não seduz nem um cabrito.

    Patéticos.

    -Duvida?- pergunta de forma mais seria.

    -Duvido.

***

    Após a noite recair sobre a terra, os dois bêbados cambaleiam para fora do bar. Eles irão tentar encontrar a bruxa. Talvez seja uma boa eu conversar com ela, ver se ela consegue um disfarce para mim. Não que eu tenha esperanças daquela conversar ser verdade. Eles estão mais perdidos do que uma agulha no palheiro. 

    Sigo eles pelos morros, bem distante da cidade. Penso em desistir daquela perseguição que até o momento era inútil para mim.

    -Aqui!- grita um deles.

   -Olha só isso!!

    Aproximei-me, agachada atrás dos arbustos. Eles estavam na frente de uma porta feita de madeira. Essa porta estava presa a uma enorme árvore. Como alguém conseguiria fazer aquilo? Parecia impossível de se morar dentro de um tronco. 

    Um dos homens se aproxima e bate na porta, chamando pela possível bruxa. Ele chama, chama e ninguém responde. 

   -Ta me zuando é? - pergunta pro amigo.

-Não! Eu juro que eu vi ela aqui!

   -Ela te viu?- indagou.

    -Acredito que não, se não eu não estaria aqui!

    Ele bufa de raiva.

    -Caminhei até aqui pra nada. Você está é louco de vez! 

    Entre brigas e desavenças, os dois se afastam da árvore, de volta à costa. Me aproximo da porta de madeira.

    -Perda de tempo então, neh?

    -Pra eles, talvez.

     Retiro a espada de meu cinto e corto o ar atrás de mim, que é de onde a voz surge. Uma mulher está parada elegantemente a minha frente, sem parecer se assustar com a espada. 

    Seu longo vestido verde escuro se misturava com a floresta anoitecida. Porém seus cabelos roxos brilhavam com a luz do luar. Ela era bem bonita.

    -Pra você, nem tanto.

    -O que quer dizer?

    -Você veio à minha procura, não foi?

    Receio ainda em abaixar minha espada. Aponto-a para sua face.

   -Vim ver se era verdade.

   -Claro, claro que veio! Agora me siga.

    Ela adentrou na porta de madeira. Ela entrou dentro daquela enorme árvore.
    E eu, claro, a segui.

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