Capítulo 12

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    Todos estão me olhando de forma estranha agora que estou sendo obrigada a andar ao lado de Daiene. Por onde passo posso ouvir " cachorrinho'', "Ta enfeitiçado, só pode'', "perdemos um marujo pra bruxa''. E com tantas fofocas, minha paciência já estava quase acabando, até que meu copo trasborda totalmente quando ouço Ed dizer, sentado na roda de almoço de sempre:

-Pelo jeito a traição é contagiosa, não é mesmo? Aquele ali por exemplo  -aponto em minha direção - não aguentou nem um dia desde que contamos a ele sobre a ridícula da bruxa duas caras.

  Não sou obrigada a ficar ouvindo acusações e permanecer calada. Sinto meu sangue ferver de uma forma que minha mente ja não pensa antes de falar.

-Ridículo é você, que não se enxerga. Fica ai sentado o dia todo, apontando o dedo na cara dos outros. Não tem nada pra fazer de melhor da vida não?

-Como é que é, garoto?!- Ele se levanta ferozmente, deixando cair atrás de si o barril onde estava sentado. Todos os outros cinco que o estavam acompanhando, levantam também. Quem estava ao redor se virou para observar o que estava acontecendo.

-Além de julgar os outros também é surdo?

-Seu filho da..

  Antes que seu soco me acertasse, desviei, fazendo com que todos rissem da cara que Ed fez quando socou o ar. Ele gritou de raiva e tentou vir pra cima de mim novamente, o que não funcionou. Abaixei-me, colocando meu pé na frente do dele, fazendo-o cair no momento em que tentou me atacar.

  Todos riram e, de lado, pude ver a silhueta do Capitão abrindo a porta de seu escritório.

-O que está acontecendo aqui?- perguntou, sendo acompanhado por Daiene, que vinha atrás dele.

-Alguém parece que não aguenta quando ouve verdades demais.

  Digo, olhando para os olhos de Ed, que me fuzila com seu olhar, ainda caído no chão. Ele se levanta, ignorando Reiky.

-Você que não aguentou ouvir verdades aqui!

-Talvez você devesse saber o que realmente ocorreu antes de sair fofocando igual uma matraca pelo navio.

-Agora que eu te mato!

  Antes que ele se movesse, Jake se pôs a minha frente, endurecendo seus músculos para, caso fosse necessário, impedir Ed de avançar contra mim. Sua face estava fechada e seus olhos prendiam aos de Ed.

-Ousa atacá-lo? Esqueceu-se das regras, marujo?

Ele ri de forma sarcástica.

-Qual é, Jake? Vai comprar a briga desse garotinho?

-Ele não precisa comprar minha briga. Eu mesmo acabo com você sem nem suar.

  Ele rosna, como um animal enjaulado. Todos ao redor nem respiram direito, focando a atenção em cada detalhe que estava acontecendo na frente deles.

-Chega! -A voz do Capitão reverbera pelo navio - Se insistirem, sofrerão punição. Estão avisados.

Ele se retira, voltando a seus compromissos. Daiene, porém, caminha até mim.

-Andy, está machucado?

-Estaria, se eu não tivesse me contido.

-Se liga! Você não conseguiu nem encostar em mim, muito menos faria um arranhão. Vamos, Daiene.

  Seguro seu braço e a puxo em direção ao seu quarto.

-Isso, olha lá gente, dois traidores. O covarde e a puta.

  Não, ele não disse o que eu acabei de ouvir.

-Quer saber, Ed?- soltei o braço de Daiene e me aproximei do homem de cara amarga. Segurei na gola de sua camisa branca, puxando-o para perto -Se destratá-la novamente, não vai sobrar um único dente dentro dessa usa boca fedorenta.

  Ele retira minha mão com seu braço, enquanto ouve a risada que tomava conta da tripulação.

-Tenho que admitir que o garoto sabe brigar!- Diz Matheus, um homem jovem de altura mediana.

-Vamos ver quem arranca o primeiro dente.

-Ou seria o último? - sorrio, meu corpo inteiro fervilhando por uma luta.

-Capitão! Código vermelho!- Gritou Lian, segurando a lupa, no ponto alto do navio.

-Tem bandeira, Stuart?- Gritou Jake em retorno.

  O vigia observou um pouco mais o horizonte.

-Nenhuma do T.P.P.

-O que isso quer dizer? -pergunto, enquanto Jake e os outros começam a se mexer.

-Código Vermelho é o sinal para um navio que se aproxima. Se ele não estiver com a bandeira do Tratado de Paz entre Piratas (T.P.P), quer dizer que são inimigos. Devemos nos preparar para o pior -Diz Daiene, puxando meu braço para que eu me afaste de Ed.

-Isso não acabou ainda, garoto!- Ele diz, se afastando e se juntando aos outros.

  Entramos no quarto de Daiene, que facha a porta atrás de si.

-Precisa tomar cuidado, entendeu?

Concordo com a cabeça.

-Se eles atacarem, precisamos estar preparadas para matá-los. Se não estivermos, nós morreremos -ela diz, caminhando até sua cama e retirando uma espada de baixo dela.

-Ainda bem! Pois estou louca para bater em alguém nesse momento. Como estou!

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