Capítulo 4

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     A Sra. e a Srta. Deize estavam paradas sem compreender nada. Elas pelo visto optaram por não dizer nada e ver o que aconteceria. 

  -Deixe eu me apresentar primeiro. Meu nome é Jake Heykin- ele pegou minha mão direita para beijá-la, mas puxei-a de volta antes que seus lábios a tocassem. Por mais simpatia que eu tinha tido pela irmã e avó dele, eu não confiava em homens. Não mais. Muito menos nele à primeira vista. 

     Seus olhos levantaram lentamente até encontrar os meus. Ele não esperava que eu tirasse minha mão. Desconcertado, se recompôs. 

   -Bom, deixe eu me explicar. Ainda quando o céu estava claro, entrei no Bar da Costa, para aproveitar meu último dia em terra firme. Fiquei lá por um bom tempo, bebendo e bebendo.  

  -Não parece bêbado.

  -E não estou. Para que eu fique igual aqueles velhotes do bar eu preciso beber não apenas copos, mas garrafas de cerveja. Sou bastante resistente ao álcool.

  -Isso eu posso confirmar- comentou sua irmã. Assenti, mostrando que vindo da palavra dela, eu acreditava.

  -Já havia escurecido, e o bar estava ficando vazio, sem muita diversão. Então decidi voltar pra casa e descansar pra amanhã. No caminho para cá, encontrei dois homens, completamente bêbados, discutindo alto...

"-Eu o achei! É meu!
-Vai se danar- berrou o outro- eu o tirei da árvore!"
 

   -O barulho do relinchar de um cavalo fez com que eu parasse. E então eu segui a voz deles e encontrei dois homens puxando o cavalo, discutindo e maltratando ele. Foi então que eu interferi. Pela conversa, eu entendi que eles haviam pego o animal de alguém. Então fingi que aquele cavalo era meu.

  -E eles te deram por acaso? Fácil assim? 

  Ele sorri. 

  -É claro que não. Eles ficaram dizendo que aquele cavalo era deles e que eu não deveria me meter em assuntos que não eram da minha conta. Mas seu cavalo estava com medo, dava para ver. 

  Relâmpago...me desculpe tê-lo abandonado nessa cidade.

  -E você fez o quê? Bateu neles?

  -Bati.

  -O quê?!- A Sra. indagou, preocupada com o neto- Você bateu neles?

  -Vovó, foi preciso. Eles vieram pra cima quando eu insisti. Eu precisava me defender. Não sairia de lá sem o cavalo. 

  -E então você bateu neles, pegou o cavalo e veio aqui? Nem tentou procurar o dono? 

  Ele ri de um jeito sínico.

  -De onde você veio hein? O que acha que aconteceria se eu perguntasse "alguém perdeu um cavalo por ai?" ? Qualquer um que seja experto o suficiente pra saber que esse cavalo vale uma boa grana iria se manifestar. 

  Ele se aproximou.

  -E além do mais, não confio nas pessoas. Ninguém presta.

  -Quero o Relâmpago de volta.

  -Eu não o tiraria de você.

  Ele não se opôs em nenhum momento a minha afirmação de que aquele cavalo era meu. Por quê?

  -E por que você confia em mim?

  -Por que elas confiam.

  Olhei para as duas que estavam atrás de mim. Elas tinham um sorriso sincero em seus rostos. Era tudo verdade.

    -Bom, queridos, está frio aqui, não acham? Estou congelando! Vamos entrar, prepararei um chá para nos esquentarmos. Conversemos lá dentro.

  Dei uma última olhada em Relâmpago. Acariciei-o. Ele parecia bem. 

  -Amanhã eu venho te levar- falo pra ele.

  Entro na casa atrás da família.

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