Extra I

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1 ano depois...

A vida de (S/N) não poderia ser mais perfeita. Há um ano vivia no mundo dos sonhos com seu marido... o mesmo demônio sem sentimentos que ela um dia julgara odioso.Aquele que despertara as piores emoções em (S/N) .
Seu demônio.
Louis já não era aquele homem maldoso. Já não enxergava tudo negro, como antes. Agora ele sabia amar. Amar e ser amado. O demônio havia se apaixonado pelo anjo. (S/N) despertou naquela manhã sentindo os lençóis frios. Apalpou o colchão com seus finos e
pequenos dedos. Vazio. Abriu os olhos, se dando conta de que estava sozinha na enorme cama. Soltou um suspiro. Louis andava estranhamente quieto e irritadiço há cerca de dez dias. Não sabia o que se passava com o marido. Já perguntara várias vezes qual era o problema, mas ele estava distante. Não respondia coerentemente. Mas não iria deixar aquela situação daquele jeito por mais dias. Descobriria o que estava acontecendo, por bem ou mal. Após tomar banho e escolher um vestido lilás que arrastava no chão, (S/N) desceu. Viu a mesa do
café posta na mesa, mas Louis não estava lá. Decidida, entrou no escritório. Ele estava ali, para seu alívio. Debruçado sobre a mesa, escrevendo e lendo alguns papéis. As íris dos olhos se movendo à cada palavra que lia, de modo sensualmente desconcertante.
- Amor. - (S/N) murmurou, se aproximando por trás da cadeira dele e abraçando- o pelos ombros.
- (S/N) , estou trabalhando. - Louis grunhiu, se afastando de leve dela com puro mau- humor.
- Eu sei, mas você mal dorme há dias, e está preso nesta sala sem sair...
- Não estou preso, apenas cumprindo minhas obrigações.
- Mas você está cansado... - (S/N) rebateu de cenho franzido, apertando os músculos tensos das costas do marido.
- Se estou cansado, é problema meu. - Ele rosnou, virando- se para ela. O rosto bonito ficou sombrio, com um vestígio obscuro, como quando era no passado. As sombras escuras debaixo dos olhos dele fizeram os olhos faiscarem perigosamente, e (S/N) deu um passo para trás.
- Ok, você que sabe. - A morena ergueu o queixo e saiu do escritório.
- Deseja alguma coisa, madame? - Adelaide passou por ela com uma bandeja na mão.
- Não, obrigada Adelaide. - (S/N) se dirigiu aos jardins da mansão. O gramado verde fez ela se sentir mais viva, enquanto caminhava numa pequena trilha de pedras. Snow se esgueirou entre suas pernas de repente, brincalhão e enorme.
- (S/N) . - Alguém a chamou. E ela sentiu- se arrepiar pela voz tão familiar. Louis veio correndo até ela, abraçando- a por trás e colando o corpo robusto no corpinho da morena . (S/N) olhou para ele, com uma pequena ruga na testa.
- Não... não faz essa carinha. - Ele mandou. A barba por fazer e as olheiras o deixavam selvagemente mais atraente e sensual, fazendo (S/N) ofegar brevemente, até hoje desconcertada com a beleza daquele homem.
- Que cara quer que eu faça?
- Me desculpa, pequena. - Louis esfregou a testa na bochecha dela, fazendo- a fraquejar. - Eu estou sendo um grosso nesses últimos dias, eu sei... Você é tão incrivelmente doce que eu sinto que a menor coisa pode te magoar... às vezes não consigo lidar com tanta fragilidade.
- Não sou frágil assim. - (S/N) rebateu, mas era só olhá- la para ver o contrário. Louis sorriu, beijando a pequena ruga que ela fazia na testa, até esta desaparecer.
- Não, você é só a coisinha mais encantadora da minha vida. E eu sou um besta. -Ele virou (S/N) de frente e a levantou com os dois braços, deixando- a na mesma altura que ele.
- O que anda acontecendo? - Ela perguntou angustiada. - Você está estranho, Lou . E não adianta falar que é trabalho. Você é o manda- chuva desta cidade. Tem poder sobre tudo. Nunca precisou se preocupar com nada em relação ao trabalho, tendo tantos empregados. Então eu sei que é outra coisa.
- Vêm comigo ao Borboletário? - Ele perguntou suavemente. Agora tinha uma expressão mais relaxada, como se estivesse mesmo arrependido pelo mau- jeito dos últimos dias. Colocou (S/N) no chão, pegou a mão dela e foram juntos. Entraram cuidadosamente no belo
Borboletário, e Louis sentou em um tronco. (S/N) sentou no colo dele. Como se precisasse da presença dela bem perto, Lou a apertou contra ele, colocando- a em seu peito e aspirando o perfume dos cabelos negros demoradamente.
- Sabe que pode confiar em mim. - (S/N) murmurou, levantando a cabeça um pouco para olhá- lo. Louis assentiu e a beijou nos olhos, nas pálpebras fechadas.
- Claro que sei.
- Então?
- Não é nada demais. É só... - Ele deu uma pausa, e (S/N) o incentivou. - Eu ando tendo sonhos com Ilana. Estão piores do que na época em que... bem, a perdi.
- Lou . - (S/N) disse, sem saber o que falar, passando a mão pelo rosto cansado daquele homem que às vezes parecia um demônio, outras um anjo. Era uma eterna contradição, a qual (S/N) sabia que não poderia mais viver longe.
- Que tipo de sonhos? - Ela perguntou pouco depois. Louis soltou o ar pesadamente, com os olhos meio apertados, como se lhe fizesse mal lembrar.
- São sonhos ruins. É como se eu voltasse ao passado, e ...
- São só sonhos. - Ela o interrompeu delicadamente, encostando o queixo no ombro largo dele e olhando- o de lado. - O que eu faço pra te ajudar, meu amor?
- Basta continuar me olhando com esses olhos. - Louis respondeu, com um leve sorriso. Mas ele ainda estava tenso. - Basta ficar do meu lado.
[...]

Amour DemoniàqueOnde histórias criam vida. Descubra agora